Laboratório de Ações Humanas
Por: ianerocha • 13/8/2018 • Trabalho acadêmico • 6.814 Palavras (28 Páginas) • 381 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CSS
DEPARTAMENTO DE TERAPIA OCUPACIONAL
LABORATÓRIO DE AÇÕES HUMANAS
IANE ROCHA DE SOUZA
TRABALHO FINAL DE LABORATÓRIO DE AÇÕES HUMANAS
VITÓRIA
2018
IANE ROCHA DE SOUZA
TRABALHO FINAL DE LABORATÓRIO DE AÇÕES HUMANAS
Apresentação da discussão da disciplina e roteiros relacionados ao Clube dos saberes, apresentada ao curso de graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Espirito Santo, como requisito parcial para avaliação.
Orientador: Profa. Dr. Bruna Lidia Taño
VITÓRIA
2018
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO3
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 ROTEIRO 110
2.2 ROTEIRO 2 14
2.3 ROTEIRO 320
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 22
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 24
1. INTRODUÇÃO
É notória a importância das atividades na vida do ser humano, a vida é uma contínua realização de atividades, o terapeuta ocupacional tem um especial papel no quesito de uso dessas atividades humanas no seu trabalho com diferentes populações.
O uso terapêutico das ocupações está diretamente ligado a Phillipe Pinel e suas propostas relacionadas ao tratamento moral, que tem como base o isolamento, e a partir desse isolamento os indivíduos receberiam um tratamento voltado à recuperação da razão e cura. O uso de atividades nesses locais é de grande importância. Essa lógica de Pinel foi adotada pelos hospitais psiquiátricos brasileiros surgidos no século XX, onde pacientes iriam realizar atividades impostas pelos dirigentes da instituição, porém depois de certo tempo essa intervenção proposta por Pinel entra em declínio. Mas o uso das atividades não cessa, permaneceram atividades repetitivas, muitas delas voltadas a manutenção da instituição, e serviam para manter o internado ocupado e tirar seu foco da solidão causada pela internação. Uma outra concepção de atividade para a terapia ocupacional, associada a um resquício do tratamento moral, surge, pois nessa época, décadas de 1940 a 1960, a cientificidade estava em alta e pressionava as profissões para que se afirmassem pela produção científica, fazendo com que a Terapia Ocupacional tentasse provar o caráter cientifico de seu conhecimento. Isso acarretou uma expansão de técnicas voltadas à reabilitação física, principalmente, onde o foco era a readaptação de indivíduos às atividades de vida diária. (CASTRO, E.D.; LIMA, E.M.F.A.; BRUNELLO, M.I.B., 2001)
Para direcionar a Terapia Ocupacional nessa busca pela cientificidade, as teorias começaram a buscar definições para a ocupação, é valido destacar que essa definição varia entre correntes da Terapia Ocupacional, esses produtos teóricos se baseavam no fato de várias discussões sobre como a atividade é intrínseca ao ser humano, de seu caráter organizador da vida e também relacionado ao fato de que doenças acarretariam perda de determinadas atividades que teriam grande impacto na vida em sociedade, principalmente sobre a perspectiva capitalista.
Acho importante então relatar algumas abordagens sobre atividades do campo da Terapia Ocupacional antes de continuarmos com a mudança no trabalho do terapeuta ocupacional.
Iniciemos tratando de um referencial importante que aborda a atividade como exercício, a terapia ocupacional deveria compreender o comportamento humano se atendo a fisiologia, anatomia, bioquímica, biologia etc., para que se aproximasse da racionalidade. O tratamento então se torna algo mecânico e linear, onde o indivíduo em tratamento devia fazer exercícios repetitivos e progressivos. Com o entendimento de atividade como exercício, o trabalho do terapeuta se volta para as patologias, em destaques as físicas. Para o tratamento uma série de procedimentos bases deveria ser seguida, a partir disso há diversos modelos de roteiros para orientar o trabalho, deveriam pesquisar os componentes das ações, ou seja, previamente analisá-las metodicamente para que soubessem qual atividade se adequava a cada patologia, eram usadas atividades estruturadas que são aquelas realizadas a partir de uma série de componentes ordenados, as atividades usadas na intervenção deveriam possuir um caráter gradual, as atividades deveriam ser feitas de apenas um jeito, o considerado correto, ou seja, eram desconsideradas as várias formas de se realizar uma atividade pelos diferentes indivíduos.
Há outro referencial que traz a atividade sendo igual a produção, vendo o ser humano como peça de um sistema e que se seu papel fosse de alguma forma comprometido acarretaria a prejudicar o funcionamento do sistema. Então para que não houvesse comprometimento do sistema, o terapeuta ocupacional deveria analisar a atividade previamente para ver suas potencialidades, o que ela acarreta, se é benéfica ou não, enfim, suas propriedades, para que então pudesse moldar os sujeitos de acordo com o esperado pela sociedade. Portanto o trabalho era voltado ao desempenho do indivíduo, a atividade se mostra como instrumento de investigação das habilidades individuais e como forma de intervenção. O objetivo era guiado por uma lógica taylorista de alta produção, com certa perfeição e em pouco tempo. Conferindo ao indivíduo um papel mecanizado e voltado a produtividade.
Outro referencial aborda atividade como expressão, que agora entende o fazer humano como algo que contém um simbolismo e que há possibilidade de indivíduos se expressarem de maneiras não verbais, na ação. É destacada a importância da psicodinâmica da atividade e não apenas a dinâmica desta. A relação que o indivíduo estabelece com a atividade e com o terapeuta se torna o principal, e por meio destas relações o indivíduo pode agir e reagir. O trabalho do terapeuta será segundo o princípio da livre produção, onde o sujeito tem total liberdade de escolher o que vai fazer ou se a atividade for indicada pelo terapeuta o sujeito terá a liberdade de fazê-la de sua forma. As escolhas e as formas como cada sujeito faz diz muito sobre si, e é por aí que o terapeuta faz sua análise. Geralmente se utilizam de atividades estruturadas por seguirem uma sequência, porém há utilização das desestruturadas, aquelas que permitem amplas maneiras de execução e onde cada sujeito faz do seu jeito. Essa abordagem me lembra muito as atividades ofertadas pela disciplina, como por exemplo, a jardinagem, atividade mais estruturada, ou a argila, atividade mais desestruturada, e muitas outras onde nós tínhamos diferentes formas de nos expressar e imprimir naquilo que estávamos fazendo características nossas, sentimentos etc.
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