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Os Símbolos às Relações Sociais nos Jogos Universitários dos Cursos de Ciências Humanas do Rio de Janeiro

Por:   •  23/6/2022  •  Trabalho acadêmico  •  3.939 Palavras (16 Páginas)  •  178 Visualizações

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Instituto de Filosofia e Ciências Sociais

Departamento de Antropologia

Ritual e Simbolismo

Professor: Wagner Chaves

Aluno: Giovani Fiorin (117098829)

Humaníadas como Ritual – Dos símbolos às relações sociais nos jogos universitários dos cursos de Ciências Humanas do Rio de Janeiro.

SUMÁRIO

  1. Introdução
  2. Dos Objetivos da Pesquisa
  3. Da Metodologia
  4. Dos Órgãos Representativos Estudantis
  5. Liga Humaníadas
  6. Treinos e Amistosos
  7. Choppadas e Isoporzinhos
  8. O Ritual: Humaníadas
  9. Da experiência da Observação Participativa
  10. Considerações Finais
  11. Referências Bibliográficas
  1. Introdução

O Humaníadas é considerado hoje o maior campeonato desportivo universitário de cursos de Ciências Humanas. Fundado em 2015 por 6 Associações Atléticas, contou com a participação de 16 cursos em 2019, oriundas das maiores universidades do Rio de Janeiro (UFF, UFRJ, UNIRIO, PUC, UVA, entre outras), disputando Basquete, Cabo de Guerra, Futsal, Handebol, Tênis de mesa e Vôlei, tanto em categoria masculina quanto feminina, e a disputa de Cheerleading em categoria mista.

Essas Atléticas contam com símbolos, cores, cantos, baterias e eventos próprios que nos fazem considerar a relação afetiva de seus participantes e seus rituais de pertencimento e perpetuação dos ideais.

  1. Dos Objetivos da Pesquisa

Tendo em vista alguns autores como Mariza Peirano, Marcel Mauss e Victor Turner, irei considerar o campeonato como o ritual entre as Associações Atléticas Acadêmicas, observando a importância da identidade desde os preparativos para o evento, as atividades das Atléticas, seus símbolos e significados, bem como as relações afetivas do público com suas AAA’s e seus valores. Também abordaremos eventos conjuntos, como jogos amistosos e festas e a importância dessa corrente para a perpetuação dos jogos-ritual.

  1. Da metodologia

Utilizarei a observação participante como método principal da pesquisa, tendo em vista que, por fazer parte da diretoria executiva da Atlética de Estudantes de Ciências Sociais da UFRJ e da diretoria financeiro da Liga no ano de 2019, estive presente ativamente do projeto, compreendendo melhor as dinâmicas que ocorreram no decorrer do ano para o campeonato, podendo-me embasar no conteúdo teórico do curso.

  1. Dos Órgãos Representativos Estudantis

Muito antes do campeonato em si, cada Atlética nasce por um motivo ou sonho diferente, mas com o mesmo desejo de integração entre os alunos do próprio curso e de demais cursos e universidades.

Pensando em trazer para o seu público atividades que se afastem um pouco do academicismo intenso, as Atléticas se fazem presentes para os alunos desde o seu acesso à graduação. Recepcionamos os calouros na matrícula e nos responsabilizamos pela integração dos mesmos nos campus e com os alunos mais antigos.

Arnold van Gennep define Ritos de passagem aqueles momentos relativos à mudança e à transição para novas etapas de vida e de status. Considerando o acesso à graduação um rito de passagem - a transição entre o Ensino médio e a vida acadêmica, os alunos mais antigos fazem dessa transição um ambiente mais acolhedor. Diferente de São Paulo, conhecida por Trotes mais humilhantes, no Rio de Janeiro nos dias de matrícula, os Centros Acadêmicos e as Atléticas da UFRJ se reúnem em frente ao CT e CCMN para receber os calouros com suas bandeiras e baterias, pintam o rosto e fazem atividades conjuntas ali mesmo, a fim de criar a sensação de pertencimento.

Essa sensação deve ser reforçada no decorrer dos semestres, mas nem sempre ocorre. Um meio de se fazer isso é através das associações atléticas que estão reforçando com diferentes atividades e canais de comunicação a identidade dos alunos do curso e buscam, através da prática desportiva, relembrar os alunos que somos seres humanos e precisamos descansar do meio acadêmico, fazer atividades esportivas e socializar, conhecer pessoas diferentes das vistas no dia-a-dia.

Para isso, a identidade dos Órgãos Representativos Estudantis [doravante ORES] é um ponto chave. Cores dos uniformes e bandeiras, os símbolos utilizados, os mascotes, os cantos e baterias são difundidos desde o início para aqueles que simpatizam com a ideia do coletivo. Hora fazendo alusão ao curso de origem, hora brincando com suas mascotes, torcida e times.

Aqui podemos trabalhar com os conceitos de Victor Turner no que diz respeito aos símbolos e suas propriedades. Com função de manter a estabilidade das estruturas sociais, Turner alega que

Os símbolos possuem as propriedades de condensação, unificação de referentes díspares, e polarização de significado. Um único símbolo de fato, representa muitas coisas ao mesmo tempo, é multívoco, não unívoco. Seus referentes não são todos da mesma ordem lógica, e sim tirados de muitos campos da experiência social e da avaliação ética (1974, p. 71).

Sendo assim, podemos considerar as bandeiras e uniformes como símbolos, mas as suas formas, cores e objetos podem ser diferentes, tendo o mesmo significado. O símbolo só torna um símbolo enquanto este existe sobre duas ou mais realidades.

A Atlética de Psicologia da UFRJ, por exemplo, tem como mascote o personagem “Macaco Louco”, vilão do desenho “As Meninas Superpoderosas”. A Atlética de Ciência Política da UNIRIO tem como mascote um Galo, fazendo alusão à Revolução Francesa e a utilização do Galo como símbolo de vigilância e valentia. Já a Atlética de Ciências Sociais da UFRJ, saindo do padrão de mascotes com referência ao curso, carrega no peito um palhaço como mascote. O Joker, como é conhecido, faz alusão ao coringa dos baralhos de cartas e ao Arlequim carnavalesco da “Commedia dellArte”. Festivo e malandro, vem crescendo cada vez mais no meio dos jogos universitários. Relações Internacionais da UFF tem como mascote o Barão, fazendo alusão ao Barão de Rio Branco, representando o curso de Relações Internacionais.

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