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A Brucelose Bovina

Por:   •  24/9/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  3.056 Palavras (13 Páginas)  •  674 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

As bactérias do gênero Brucella spp são pequenos bastonetes Gram-negativos, não móveis, não formadores de esporos. Eles são aeróbios e carboxifílicos, catalase e uréase positivos e não produzem ácidos de carboidratos em meio convencional com peptona (CARTER, 1988).

Eles não são encontrados longe de animais e todos são patogênicos, parasitas intra-celulares facultativos com uma predileção pelo sistema retículo endotelial além do trato reprodutivo e órgãos (COSTA, 2003).

Suas espécies reconhecidas são B. abortus, B. melitensis, B. suis, B. ovis, B. canis e B. neotomae, B. neotomae, e mais recentemente, Brucella ceti em golfinhos e baleias e B. pinnipedialis em focas e leões marinhos, sendo B. abortus a principal (CARTER, 1988).

A brucelose bovina é uma enfermidade infecto contagiosa crônica causada pela Brucella abortus, de distribuição mundial que leva a prejuízos de ordem econômica com perdas de até 20% da produção bovina de corte de um país. É uma zoonose de grande importância na saúde pública em razão do risco ocupacional para as pessoas que trabalham na indústria de processamento de carnes e leite assim como veterinários, empregados rurais e técnicos que lidam diretamente com bovinos ou ainda pessoas que lidam com o microorganismo em laboratório (PALHANO; FERREIRA; MOREIRA, 2003).

Suas perdas econômicas vão desde a geração de barreiras internacionais ao comércio de produtos de origem animal (queda de preço da carne, leite e derivados) e perdas na indústria (condenação do leite e da carne) até os altos custos dos programas de controle e erradicação; além dos prejuízos com abortos e a baixa fertilidade nas fazendas (JARDIM; PIRES, 2006).

O primeiro gênero a ser identificado foi a Brucella melitensis, isolado em 1887, do baço de pacientes mortos por “febre do Mediterrâneo” ou “febre gástrica” (mais tarde denominada de “febre de Malta”), por (David Bruce), cujo nome identifica o microorganismo e a moléstia. Em 1897, foi identificada a Brucella abortus  de fetos bovinos abortados e de membranas fetais, por Frederick Bang, um veterinário dinamarquês. Desde então a doença em bovinos ficou conhecida como “Doença de Bang” (JONES; HUNT; KING, 2000).

Embora o hospedeiro preferencial seja o bovino, a Brucella abortus pode infectar também outras espécies, como búfalos, camelos, cervídeos, cães, eqüinos, ovinos e o homem (COSTA, 2003).

As infecções bovinas são causadas por pelo menos oito biotipos de Brucella abortus além de um número de cepas variantes. Aproximadamente 5% das infecções são oriundas do biotipo 1. O biotipo 2 foi isolado em um surto de brucelose nos bovinos no Canadá em 1986. Nos EUA, são encontrados os biotipos 1 a 4. No Brasil já foram isolados os biotipos 1, 2, 3 e 7 (COSTA, 2003).

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Etiologia

 A brucelose humana pode ser causada por uma das quatro espécies: B. melitensis, a mais patogênica e invasiva - seus reservatórios são as cabras, ovelhas e camelos; B. abortus, em bovinos; B. suis e B. canis, que parasitam suínos e cães, respectivamente (ACHA; SZYFRES, 2001).

São cocos, cocobacilos ou bastonetes curtos, com 0,5-0,7 x 0,6-1,5 mm. Arranjam-se em forma individual, em cadeias curtas ou em pequenos grupos. Não possuem cápsula, produzem nitrato redutase, possuem um sistema de transporte de elétrons baseado no sistema citocromo, tendo o oxigênio ou nitrato como aceptor final de elétrons. Muitas amostras requerem CO suplementar para seu crescimento, especialmente no cultivo primário. As colônias no ágar dextrose ou outro meio claro são transparentes, elevadas, convexas com bordos inteiros, lisas e com superfície brilhante. Possuem cor de mel quando iluminadas com luz transmitida. A temperatura ótima para crescimento é de 37º C, ocorrendo numa faixa 4 entre 20º C e 40º C, em pH ótimo de 6,6 a 7,4 (CARTER, 1988).

2.1.1 sensibilidade

Todas as espécies são igualmente susceptíveis a desinfetantes químicos, como álcool, produtos corados, formol e compostos fenólicos, além de raios solares, fervura e a pasteurização (WALKER, 2003).

2.1.2 resistência

Os microrganismos são pouco resistentes a algumas condições ambientais. Podem sobreviver por 4,5 horas quando exposto à luz solar direta, até 4 dias na urina de bovinos, 75 dias no feto abortado em período frio e 120 dias em locais úmidos, escuros e PH neutro (WALKER, 2003).

2.2 Distribuição regional

        A doença tem distribuição mundial, especialmente nos países da Europa e África, no Oriente Médio, na América Central e na América do Sul, na Ásia Central, na Índia e no México, sendo endêmica no Brasil. É uma doença que é subdiagnosticada e subnotificada (SOUZA, 2012).

2.3 Classificação e importância em saúde pública e animal

A infecção natural de cães por B. abortus é de ocorrência esporádica e resulta do contato estreito de cães, geralmente de zona rural, com bovinos infectados. Os cães infectam-se por ingestão de produtos de origem animal in natura, contato ou ingestão de tecidos animais, restos placentários ou de fetos abortados contaminados. Esta espécie parece ser mais resistente à infecção por brucelas lisas, sendo raras as manifestações clínicas decorrentes da infecção. Em associação, entretanto, à bacteremia transitória, alguns animais podem apresentar linfadenopatia, abortamentos, orquites, epididimite e lesões articulares (ACHA; SZYFRES, 2001).

A identificação dos cães doentes é importante, pois esses animais constituem fontes de infecção, uma vez que podem eliminar o agente no ambiente pela urina, por ejaculados, por secreções vaginais, por fetos abortados ou pelas fezes. Há a presença persistente da B. abortus em descargas vaginais de cães por tempo superior a 42 dias depois do parto ou abortamento. Essa descarga, juntamente com restos de abortos dos cães doentes, é o material de maior risco na transmissão do agente para os próprios cães e para animais de produção (PALHANO; FERREIRA; MOREIRA, 2003).

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