A INTOXICAÇÃO POR CHUMBO
Por: tamara_ames • 5/3/2018 • Trabalho acadêmico • 1.292 Palavras (6 Páginas) • 416 Visualizações
INTOXICAÇÃO POR CHUMBO - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
AMES, Tamara[1]; MORAIS, Raquel¹; PEROBELI, Bianca¹; RIBAS, Beatriz¹;
BASSUINO, Daniele[2];
Palavras-Chave: Animais. Sinais clínicos. Tratamento. Metal.
Introdução
A intoxicação por chumbo é uma das toxicoses mais comuns que afetam os animais domésticos. Dentre os poluentes ambientais, o chumbo vem sendo considerado por muitos estudiosos como sendo o químico inorgânico de maior risco à saúde dos animais de criação (MARÇAL, 2005). Em 1984 a intoxicação foi descrita no Vale do Paraíba, em São Paulo, em uma propriedade situada próxima a uma indústria. A doença provavelmente aconteceu devido à inalação prolongada de vapores de chumbo e pela ingestão prolongada de pastagens contaminadas (RIET-CORREA et al., 1998). O chumbo é conhecido como o mais antigo metal tóxico, sendo um dos primeiros metais que o homem aprendeu a usar, seu uso intensivo e por tão longo período auxilia na descrição de diversos casos, em um primeiro momento, Hipócrates foi o primeiro a reconhecer seus efeitos tóxicos (BULLING et al., 2010). Este trabalho tem por objetivo descrever, através de embasamento bibliográfico, a intoxicação por chumbo, nas mais diversas espécies domésticas.
Revisão bibliográfica
Casos isolados e surtos de intoxicação por chumbo têm sido descritos envolvendo varias espécies (bovinos, ovinos, caninos, equinos), e diferentes tipos de fontes de intoxicação, como, tintas, óleo de motor, baterias, pilhas, fumos e poeiras provenientes de indústrias de chumbo, pesos de pesca de chumbo, balas de chumbo. A tinta é identificada como a fonte mais comum de chumbo que leva ao envenenamento (TRAVERSO et al., 2004). Outra fonte de contaminação é a ingestão de pastagens em áreas próximas a indústrias que poluem por chumbo ou, a estradas com muito trânsito de veículos nos países onde continua sendo utilizada gasolina com Pb. Os animais mais afetados são os bovinos, principalmente jovens; isto por que o comportamento curioso e a tendência a lamber ou ingerir objetos estranhos os leva a ingerir esses produtos contendo chumbo.
Além de ocorrer pela via oral, a intoxicação pode ocorrer, pela via respiratória devido à inalação, pois o chumbo é altamente absorvido quando aquecido, provocando a liberação de vapores nocivos. Há relatos de um surto de intoxicação por chumbo causado pela presença, no campo, de isolantes para cerca elétrica, que estavam quebrados e continham chumbo (BARBOSA et al., 2005).
Ainda, interfere com as vias metabólicas na síntese da hemoglobina e na maturação dos eritrócitos. Estes se tornam mais frágeis (tempo de vida diminuído) e possuem capacidade reduzida de carrear oxigênio levando a isquemia, causando assim sinais neurológicos, além disso, altas concentrações de chumbo são conhecidas por causarem edema cerebral e lesões neuronais no SNC. O chumbo causa desmielinização dos nervos e diminuição das velocidades de condução nervosa (MONTEIRO et al., 2013).
O chumbo quando veiculado aos animais por ingestão de alimentos contaminados pode causar alterações orgânicas importantes, modificando a performance dos animais, podendo acarretar significativas alterações no sistema reprodutivo dos bovinos, inclusive abortamento. A possibilidade de contaminação por metais pesados atingir os bovinos e, por conseguinte o homem conduz a um potencial risco à saúde pública, pelo consumo de produtos e/ou subprodutos de origem animal, contaminados (MARÇAL, 2005).
Os sinais clínicos em ruminantes podem ser agudos ou subagudos. Na forma aguda alguns animais podem ser encontrados mortos e outros morrem em 12-24 horas. Na forma subaguda há uma sobrevivência de quatro a cinco dias. A sintomatologia normalmente atinge o sistema nervoso, onde se observa fasciculações musculares, inclusive dos músculos da face pescoço e orelha, cegueira, incoordenação, agressividade ou depressão, pressão da cabeça contra obstáculos, sonolência, bruxismo, nistagmo espontâneo, opistótono, torneio, convulsões com movimentos tônico-clônicos. Observam-se ainda, anorexia, atonia ruminal, diarreia fétida, podendo ocorrer salivação, andar em círculo e mugidos (PAGANINI et al., 2012). Em equinos são observados anorexia, dispneia, bradicardia, emagrecimento, perda da acuidade visual, dificuldade motora com marcha trôpega até a prostração em decúbito lateral permanente com movimentos incoordenados e contrações do tipo epilepformes, os animais apresentam avidez pela água, apesar de manifestarem dificuldade para deglutição (RIET-CORREA et al., 1998).
Em casos onde se observam sinais neurológicos, incluindo a cegueira, deve - se suspeitar de intoxicação por chumbo, nesses casos é necessário procurar a fonte da intoxicação por chumbo. Para diagnóstico conclusivo utiliza-se Hemograma, sendo observadas hemácias nucleadas e anemia em casos crônicos (de 40 a 10 mil eritrócitos é patognomônico para intoxicação por chumbo). Outro exame importante é a urinálise que normalmente detecta lesão renal com evidenciação de pequenas quantidades de proteínas e glicose associadas. As radiografias também podem ajudar a identificar corpos estranhos metálicos auxiliando na manutenção de diagnostico por envenenamento (MONTEIRO et al., 2013). Como diagnóstico diferencial em bovinos inclui-se: a polioencefalomalacia, causada pelas intoxicações por enxofre ou cloreto de sódio ou pela carência de tiamina, da encefalite por herpesvírus bovino-5 e da forma nervosa da intoxicação por Phalaris spp.
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