Doenças Reprodutivas em Rebanhos de corte
Por: ulisses.landi • 26/5/2022 • Artigo • 3.082 Palavras (13 Páginas) • 131 Visualizações
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EFEITOS DA VACINAÇÃO CONTRA DOENÇAS REPRODUTIVAS NA PRENHEZ DE FÊMEAS BOVINAS SUBMETIDAS A IATF
1. INTRODUÇÃO
O desempenho reprodutivo (DR) eficiente é de vital importância para alta produtividade, produção e reprodução, e eficiência econômica na pecuária. O DR ideal é importante na produção de animais de reposição para o rebanho, produção de leite para bezerros e consumo humano. Assim, a avaliação do desempenho reprodutivo é um bom ponto de partida em qualquer programa que vise melhorar a produtividade na pecuária. Vários estudos têm mostrado que o gado zebu, embora bem adaptado aos trópicos e subtrópicos, apresenta caracteristicamente baixo DR quando submetido apenas a monta natural (DUGUMA et al., 2012; POHLER et al., 2020).
Sendo assim, a fertilidade e a sanidade das crias são as mais importantes características a serem aprimoradas em qualquer rebanho. Maiores taxas de fertilidade e proles saudáveis são essenciais para determinar a viabilidade econômica do sistema de produção, permitindo um grande retorno dos investimentos realizados na utilização de alta genética. Em rebanhos puros, estas características permitem selecionar com maior rigor a melhor genética, já que existe uma maior oferta na produção de animais, o que resulta em maior ganho genético a cada estação (BELLOWS et al., 2002; ROSA et al., 2017; PHOLER et al., 2020).
Programas de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) colaboram para o aumento da eficiência reprodutiva, diminuindo o intervalo entre partos e condensando os nascimentos dos bezerros em épocas do ano com melhores condições de alimentação e manejo. A IATF propicia a inseminação dos animais no início da estação de monta, independente da sua ciclagem natural, reduzindo o desperdício de sêmen, material e mão de obra. O protocolo hormonal utilizado na sincronização suprime a necessidade de detectar o estro e assim aumenta o número de vacas prenhas no final da estação de monta, elevando o número de bezerros nascidos. E com este aumento na eficiência do manejo da prenhez e consequentemente de nascimentos, aumenta o retorno dos investimentos efetuados na pecuária (NOGUEIRA, 2017).
Entretanto a ocorrência de doenças reprodutivas que afetam os bovinos, são consideradas como verdadeiros obstáculos no ciclo produtivo. Algumas doenças que fazem parte deste entrave na prenhez e consequentemente nascimentos na pecuária. Entre estas doenças estão a leptospirose, brucelose, rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR), diarreia viral bovina (BVD), tricomonose, campilobacteriose e neosporose (ALFIERI et al. 2017). O uso de vacinação contra doenças que afetam a reprodução é uma prática já adotada em alguns rebanhos bovinos. Para adesão a esta prática, é importante que os produtores estejam cientes da gravidade de todos os problemas relacionados à eficiência reprodutiva e produtiva do rebanho não só no aspecto clínico e sanitário, mas principalmente no que se refere aos prejuízos financeiros que acarretam, visto que se trata do primeiro passo para um controle sanitário eficaz (SARTORI et al., 2020).
O objetivo deste estudo foi de descrever a importância da vacinação contra doenças reprodutivas na eficiência da reprodução em fêmeas bovinas de corte submetidas a IATF.
REVISÃO DE LITERATURA
Anatomia
A anatomia do sistema reprodutivo da fêmea bovina é funcionalmente composto por orgãos associados à produção e transporte de oocistos e também os envolvidos na gestação e cópula. O sistema reprodutivo da vaca evoluiu para transportar espermatozoides em direção ao ovário e para transportar um óvulo em direção aos espermatozoides. As partes desse sistema reprodutor incluem o vestíbulo, a vagina, o colo do útero, as trompas uterinas e as tubas uterinas (oviduto). O suprimento sanguíneo para o sistema reprodutivo da vaca é realizado pelas artérias ovariana, umbilical, vaginal e pudenda interna com seus ramos associados. A placenta cotiledonaria bovina é composta pelos cotilédones fetais e pelas carúnculas maternas que se fundem e formam os placentomos. Os placentomos são os locais de transferência dos nutrientes maternos para a circulação fetal (NABORS; LINFORD, 2021).
Figura 1 - Vista dorsal do trato reprodutivo da vaca. A vagina e o corno direito do útero foram abertos.
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Fonte: Adaptado de Khadhim (2004).
Legenda: (1) Trompas de Falópio - (2) Ovário - (3) Ligamento largo do útero - (4) Carúnculos - (5) Bifurcação dos cornos uterinos - (6) Colo do útero - (7) Vagina - (8) Abertura uretral - (9) Vulva.
Com exceção da vulva, todas as partes do trato reprodutivo estão localizadas dentro do corpo da vaca. As partes encontradas (Figura 1) à medida que avançamos no trato reprodutivo incluem o vestíbulo, a vagina, o colo do útero, o útero, os ovidutos e os ovários. As partes internas estão localizadas abaixo do reto, o que permite que as palpações retais do trato sejam feitas facilmente. O útero, os ovidutos e os ovários são presos a um ligamento e suspensos na região pélvica da vaca. Essa suspensão permite que esses órgãos se movam livremente no canal pélvico e na cavidade corporal, proporcionando espaço para acomodar um bezerro fetal em crescimento (LEFEBVRE; GNEMMI, 2016; NABORS; LINFORD, 2021).
Reprodução em rebanhos comerciais
A lucratividade da operação de criação de bovinos está diretamente relacionada à eficiência reprodutiva do rebanho. A vaca eficiente é aquela que cria todos os anos aproximadamente na mesma época. Como é mostrado no gráfico abaixo, para parir a cada 12 meses, uma vaca deve ser criada e ficar prenhe dentro de 85 dias após o parto (gestação de 280 dias + 85 dias = 365 dias). No entanto, após o parto, a vaca requer 30 a 45 dias para a involução uterina e recuperação pós-parto. Isso significa que, se tudo estiver certo (sem doenças, boa condição corporal, sem problemas de parto), a vaca só tem 55 dias para engravidar e parir anualmente, que deve ser o seu objetivo (GUTIERREZ et al., 2002).
Figure 2 - O período de intervalo entre partos de uma vaca de corte em um programa de criação anual. No dia 0, a vaca emprenhou e, após aproximadamente 280 dias de prenhez, deu à luz um bezerro. Após o parto, a vaca leva de 30 a 45 dias para se recuperar (involução uterina) e se preparar para a reprodução. Após a recuperação, ela deve emprenhar em menos de 55 dias para atingir um intervalo de parto de 12 meses.
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Entretanto, para se conseguir a eficiência reprodutiva descrita acima, não basta só contar com uma genética de alta efetividade. O ambiente desempenha um papel muito importante na contabilização da eficiência, há relativamente muita informação sobre o efeito específico dos vários fatores, que juntos constituem esse ambiente. Entre os fatores ambientais que afetam e influenciam o desempenho reprodutivo estão, a nutrição, a localização, a estação de parto, o sistema de manejo do rebanho e principalmente a sanidade do rebanho (AONO et al., 2013).
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