INSUFICIÊNCIA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL – REVISÃO DE LITERATURA
Por: Elaine Cristina Garcia • 26/9/2019 • Trabalho acadêmico • 2.279 Palavras (10 Páginas) • 383 Visualizações
INSUFICIÊNCIA DO LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL – REVISÃO DE LITERATURA
Elaine Cristina Garcia1, Mariana Micheleto²
1Graduando, Centro Universitário Filadelfia – UNIFIL, Londrina – PR, nannygarcia78@hotmail.com
2 Professor MSc, Centro Universitário Filadelfia – UNIFIL.
mariana.micheleto@unifil.br
Palavras-chave: articulação femorotibial; artroscopia; osteotomia:
Anatomicamente o ligamento cruzado cranial tem origem na área intercondilar do côndilo femoral lateral e se prolonga craniodistal se inserindo na aérea intercondilar central da tíbia, situa-se na fossa intercondilar do fêmur entre as bolsas sinoviais das articulações femorotibiais (THRALL; ROBERTSON, 2011). Agindo na limitação da translação cranial da tíbia em relação ao fêmur e limita a rotação interna da tíbia, quando o joelho é flexionado os ligamentos cranial e caudal se trançam para limitar a rotação interna da tíbia em relação ao fêmur e proporciona um grau limitado de suporte varo-valgo à articulação flexionada do joelho. O ligamento cruzado cranial se divide em banda craniomedial e banda caudolateral possuindo pontos diferentes de inserção no platô tibial. A banda craniomedial fica tensa durante a fase de flexão e extensão e a caudolateral fica tensa durante a extensão e se relaxa durante a flexão. Lesões nesse ligamento podem ocorrer parcialmente, completas ou avulsões na sua origem ou em sua inserção. Como resultado de uma ruptura do ligamento o sinal de gaveta é o que melhor descreve a excessiva movimentação craniocaudal da tíbia em relação ao fêmur. (KONIG; LIEBICH, 2016). Entre as lesões do ligamento cruzado cranial estão a compressão cranial da tíbia que ocorre na contração do músculo gastrocnêmio na flexão do jarrete onde a ocorre a movimentação cranial da tuberosidade da tíbia no joelho com deficiência no ligamento, a translação onde o osso se movimenta paralelo ao eixo plano, o desvio axial em que ocorre a movimentação cranial da tíbia com sua rotação interna, o anglo platô tibial que ocorre entre a linha perpendicular ao eixo longo da tíbia e uma linha paralela ao platô, o reforço medial que ocorre um espessamento tangível do aspecto medial do joelho, a imbricação onde ocorre o fortalecimento de uma estrutura e a isometria em que a ocorre a manutenção de uma distância e a tensão durante a amplitude de um movimento (FOSSUM, 2015).
As principais causas de insuficiência do ligamento cruzado cranial são por causas degenerativas ou traumáticas, geralmente estão correlacionadas pois devido ao enfraquecimento dos ligamentos podem ocorrer traumas. Cães de raças grandes, jovens e ativos como Rottweilers, Newfoundlands, Staffordshire Bull Terriers e Labradores são os mais acometidos, entretanto, ambos os sexos e qualquer idade possam apresentar lesão no ligamento. Em em casos de degeneração prematura as causas podem ser implícitas e em outros possam estar associadas ao envelhecimento, anormalidades de conformação e artropatias imunomediadas. Alguns estudos apontam para um aumento no ângulo do platô tibial onde esse aumento exerce cargas excessivas crônicas no ligamento levando a uma falha mecânica, levando a uma força cranial maior na tíbia durante a sustentação do peso. Apesar de incomum em gatos o risco de ruptura aumenta em casos de peso excessivo (NELSON; COUTO, 2015).
As lesões do ligamento cruzado cranial podem ser apresentadas como rupturas parciais aguda e crônica ou lesões totais aguda ou crônica. Nas rupturas parciais aguda o paciente tem uma claudicação repentina, instabilidade do joelho, perde totalmente ou parcialmente a capacidade de sustentação do peso, sinais radiográficos de osteoartrite estão presentes, esse tipo de lesão está associada à uma hiperextensão e rotação interna do membro, um exemplo simples é quando uma das patas é presa em um buraco ou cerca ou mesmo em saltos. A instabilidade do joelho leva a um quadro de sinovite, degeneração da cartilagem articular, desenvolvimento de osteófitos periarticulares e fibrose capsular. Em cães com menos de 10 kg a claudicação tende a diminuir em três a seis semanas com repouso e utilização de anti-inflamatórios, porém cães com lesão de menisco associada devem passar por intervenção cirúrgica para correção pois tem a função de sustentação do peso prejudicada e pode ao longo do tempo progredir para uma ruptura completa do ligamento. Em casos de lesão aguda os pacientes apresentam uma grande ansiedade, causando uma contração muscular durante o exame físico da articulação do joelho o que dificulta provocar uma instabilidade, sendo mais fácil realizar um teste de compressão tibial do que um teste de gaveta com resultados positivos (FOSSUM, 2015). Cães que apresentam sinovite apresentam sinais de claudicação aguda ou crônica que pode envolver um ou ambos os joelhos, a ruptura do ligamento nesses casos pode ser parcial ou total e geralmente não há histórico de traumas envolvidos, para a confirmação do diagnóstico deve ser necessário realizar uma artroscopia ou uma ressonância magnética (NELSON; COUTO, 2015).
Em casos de rupturas crônicas os pacientes apresentam claudicação prolongada sustentando o peso que pode piorar após exercícios ou período de descanso, dificuldade ao sentar e levantar, sentam-se com o membro acometido para fora do eixo do corpo, essa fase pode durar meses e com isso o joelho torna-se instável. A claudicação crônica está acompanhada de doença articular degenerativa (DAD) que é caracterizada por processo inflamatório que se nota uma efusão articular inicialmente, dor, redução da amplitude de movimento e mais tarde limitação biomecânica articular e perda progressiva da função (JERICÓ; NETO; KOGIKA, 2015).
Cães com ruptura do ligamento cruzado cranial por serem incapazes de suportar o peso nos membros traseiros podem ser suspeitos de doença neurológica, nestes casos deve ser realizado exame superficial na medula espinhal e avaliação do estado neurológico do membro afetado antes dos exames ortopédicos dos membros (FORD; MAZZAFERRO, 2013).
Rupturas parciais são difíceis de diagnosticar em estágios iniciais. Os principais sinais em pacientes com rupturas crônicas são atrofia muscular da coxa, crepitação durante extensão e flexão do joelho, som ruidoso ou estalo que também pode estar associado a ruptura de menisco, a palpação pode ser notado um alargamento da superfície articular medial que é causado pela formação de osteófitos nas cristas trocleares e presença de tecido fibroso no côndilo medial e na tíbia proximal. Pode ser difícil constatar a instabilidade de rupturas parciais devido a um pedaço do ligamento estar integro o que inibi o movimento craniocaudal. Quando ocorre somente a ruptura da banda caudolateral não haverá instabilidade pois a banda craniomedial fica tensa tanto na extensão quanto na flexão e em casos de lesão na banda craniomedial a articulação estará estável durante a extensão porque a banda caudolateral permanece tensa, porém no movimento de flexão a instabilidade aparece pois a banda caudolateral estará relaxada (FOSSUM, 2015).
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