A Indústria Da Carne No Brasil: O Aumento Da Produção E Os Impactos Ambientais Gerados Na Região Centro-Oeste Do País

A INDÚSTRIA DA CARNE NO BRASIL: O AUMENTO DA PRODUÇÃO E OS IMPACTOS AMBIENTAIS GERADOS NA REGIÃO CENTRO-OESTE DO PAÍS

Camille Gomes dos Santos

RESUMO

O presente Trabalho de Pesquisa Individual (TPI) cujo tema central é a Cadeia Produtiva da Carne na região Centro-Oeste do Brasil e os impactos ambientais gerados por esta, tem como objetivo expor a estruturação da cadeia produtiva da carne no Brasil, estabelecendo relações entre a agricultura, pecuária, indústria e consumidores, afim de identificar os impactos gerados por essa indústria no meio ambiente, além de pontuar a influência que o mercado externo gera acerca do aumento da produção nacional. O artigo terá como base o Método Analítico-Dedutivo, partindo do pressuposto que se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão também deve ser verdadeira e a leitura e análise de pesquisa bibliográfica.  Por fim, são indicados possíveis caminhos para amenizar a insustentabilidade previamente problematizada.

Palavras-chave: Indústria da Carne; sustentabilidade; agropecuária; região Centro-Oeste; meio ambiente

ABSTRACT

        This Individual Research Project whose central theme is the Meat Production Chain in the Midwest region of Brazil and the environmental impacts generated by it, aims to expose the structure of the meat production chain in Brazil, establishing relationships between agriculture, livestock, industry and consumers, in order to identify the impacts generated by this industry on the environment, in addition to pointing out the influence that the foreign market generates on the increase in national production. The article will be based on the Analytical-Deductive Method, assuming that if all the premises are true, the conclusion must also be true and the reading and analysis of bibliographic research. Finally, possible ways to alleviate the previously problematized unsustainability are indicated.

Keywords: Meat Industry; sustainability; agriculture and livestock; Midwest region; environment

RESUMEN

Este Trabajo de Investigación Individual (TPI) cuyo tema central es la Cadena de Producción de Carne en la región del Medio Oeste de Brasil y los impactos ambientales que genera, tiene como objetivo exponer la estructura de la cadena de producción de carne en Brasil, estableciendo relaciones entre agricultura, ganadería, industria. y consumidores, con el fin de identificar los impactos que genera esta industria en el medio ambiente, además de señalar la influencia que genera el mercado externo en el aumento de la producción nacional. El artículo se basará en el Método Analítico-Deductivo, asumiendo que si todas las premisas son verdaderas, la conclusión también debe ser verdadera y la lectura y análisis de investigaciones bibliográficas. Finalmente, se indican posibles formas de paliar la insostenibilidad previamente problematizada.
Palabras clabe: Industria cárnica; sustentabilidad; agricultura y ganadería; región Centro oeste; medio ambiente

1. INTRODUÇÃO

A Indústria da Carne é formada a partir de uma série de processos, desde a produção de insumos até a venda, transitando por todos os setores da economia e tendo como eixo principal o gado bovino. A exportação de carne no Brasil teve crescimento de 9% no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período de 2019, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), evidenciando que a carne trata-se de um produto de destaque na economia brasileira. Contudo, a má gestão desta indústria acaba impulsionando uma produção danosa nos mais diversos âmbitos, em destaque, o ambiental, a partir da elevação da emissão de gases responsáveis pelo efeito estufa, o desperdício de energia, a redução da água disponível para toda a população, contaminação de rios e do lençol freático, e a degradação dos solos, prejudicando ou inviabilizando  a agricultura familiar e conhecer a realidade do campo é o primeiro passo para compreender os impactos gerados.

Hoje, com a expulsão das pessoas do campo e o crescimento urbano, as pessoas não só não sabem mais a origem dos alimentos ou como eles são processados, como, muitas vezes, escolhem nem saber, porque, se souberem, vão preferir parar de comer. 

A sociedade brasileira não está mobilizada para tratar da produção da carne e de seus impactos. A JBS, por exemplo, produz e apresenta a comida como deseja aqui no Brasil, sem maiores preocupações; enquanto no exterior ela está sendo obrigada a tratar melhor os animais. A sociedade civil europeia e a estadunidense têm mais capacidade de mobilização em torno deste tema que temos aqui no Brasil. (SCHLESINGER, 2016 p.21)

1. A INDÚSTRIA DA CARNE

Atualmente, é inviável analisar a produção de carne no Brasil somente a partir do gado e sua ida para o frigorífico, existe toda uma cadeia produtiva a qual comporta diversos segmentos. É necessário que se tenha conhecimento de todos os processos, desde a o grão que é transformado em ração para o gado até a chegada ao consumidor final.

Por conta do agronegócio e da anuência que tem a soja e o milho, a cadeia da carne acaba sendo mascarada. É mais complexo do que “um tema”, mas não temos conseguido tratar desta complexidade e cruzar esta cadeia com as perspectivas de resistência nos territórios. (WOHLFAHRT, 2016 p.36)

II.I COORPORAÇÕES E MONOPÓLIO

        De acordo com Shefali Sharma, diretora do escritório europeu do Institute for Agriculture and Trade Policy (IATP), no início dos anos 2000, os EUA e as transnacionais europeias dominavam a indústria brasileira de carne e ração animal. Nos últimos dez anos, no entanto, o apoio do governo federal a determinadas empresas resultou, com sucesso, no surgimento de gigantes não só nacionais, mas também mundiais no complexo industrial global de carne. À medida que essas corporações consolidaram seu poder global, a produção e as exportações brasileiras de carne e de ração animal cresceram proporcionalmente.

No ano 2004, o então presidente Luís Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não deveria ser só um exportador de commodities agrícolas ou minerais, e que deveria avançar na cadeia de valor, o que contribuiu para que as três principais empresas do agronegócio brasileiro (JBS, Marfrig e BRF) se internacionalizassem, no ano de 2020 as empresas ocupavam, respectivamente, a primeira, a quinta e a nona posição entra as 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro, conforme dados da agência Standard & Poor’s, da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da empresa de informações financeiras Economatica