Cultura do Repolho
Por: Adriano Alves de Abreu • 25/2/2016 • Seminário • 2.267 Palavras (10 Páginas) • 2.460 Visualizações
1. INTRODUÇÃO
O repolho tem sua origem em regiões da Costa Norte Mediterrânea, Costa Ocidental da Europa e Ásia menor. Existem indícios que o repolho foi introduzido na região europeia pelos celtas em meados do século IX. Os conquistadores europeus que colonizaram a américa foram os responsáveis por trazer o repolho, por volta do século XV (FILGUEIRA, 2008; TIVELLI & PURQUERIO, 2005).
O repolho é uma hortaliça folhosa de alto teor nutritivo, apresenta alta taxa de desenvolvimento, e é rico em teores de cálcio e vitamina C, além disso, possui grande caráter social, pois seu trato exige grande disponibilidade de mão-de-obra, sendo cultivada em sua maioria por pequenos agricultores (SILVA JÚNIOR & YOKOYAMA, 1988).
São duas as espécies mais comercializadas no Brasil, o repolho liso (B. oleracea L. var. capitata L.), e o repolho crespo (B. oleracea L var. sabauda Martens). São diferenciados pela forma, que pode ser achatada ou pontuda, ou pela cor, variando entre branca e roxa (TIVELLI & PURQUERIO, 2005).
O cultivo do repolho é favorável em condições climáticas amenas, mas mesmo quando essas condições são encontradas, o uso de irrigação não é dispensado (SILVA JÚNIOR, 1989).
O sistema utilizado na produção de repolho no Brasil é tradicionalmente baseado no preparo do solo através de aragens e gradagens sucessivas, mesmo em terrenos com alta declividade. Este uso intensivo do solo pode ocasionar grandes problemas, como pulverização da estrutura do solo, aceleração no processo de mineralização da matéria orgânica e proliferação de espécies invasoras (PRADO et al., 2002; DENARDIN & KOCHHANN, 2007; SILVA et al., 2009).
Em comparação ao sistema convencional de plantio, o sistema de plantio direta apresenta muitas vantagens, tais como: diminuição da amplitude térmica do solo, redução do uso de maquinário, melhora a estrutura e infiltração do solo, aumenta a retenção de água, reduzindo as perdas por evaporação e por enxurrada, além de contribuir para o desenvolvimento das raízes e controle das plantas invasoras (GILLEY et al., 1990; DERPSCH et al., 1991)
O uso de cobertura morta no solo é altamente positivo, pois protege o mesmo das adversidades causadas pelo clima. Entre os materiais utilizados, estão as palhas, folhas, serragens e alguns materiais sintéticos (CREAGUR & KATCHUR,1975). O uso desta técnica reduz o escoamento superficial, consequentemente a velocidade de enxurrada, o que gera uma menor perda de água e camadas de solo (ALVES et al., 1995).
O uso de cobertura plástica na produção de repolho reduz consideravelmente danos e doenças, uma vez que o contato da planta com o solo diminiu, gerando uma maior qualidade e apresentação do produto. Além desses fatores, a perda de água no solo por evaporação diminui, contribuindo para uma redução da evapotranspiração das culturas, além de aumentar a produtividade (SILVA, 2000; JIMÉNEZ et al., 2001; CÂMARA et al., 2007; MORENO et al., 2005).
2. SISTEMA DE PRODUÇÃO DO REPOLHO
2.1. Clima e Época de Plantio
O repolho é uma planta bienal em que a temperatura afeta sobremaneira a cultura. Sob temperatura adequadamente baixa, há emissão do pendão floral. Entretanto, comporta-se como uma planta indiferente ao fotoperíodo.
Esta cultura foi desenvolvida, originalmente, para as condições européias, exigindo temperaturas amenas ou frias, na faixa de 15 a 20 graus. Apresenta notável resistência à geada. Temperaturas mais elevadas ocasionam a formação de cabeças pouco compactas, ou a total ausência de cabeças, nas cultivares de outono-inverno.
O melhoramento genético ao longo do tempo, adaptou cultivares a temperaturas mais elevadas, ampliando os períodos de plantio e colheita. Assim, pela escolha criteriosa da cultivar, a época de plantio estende-se ao longo do ano, em diversas regiões produtoras.
A cultivar de repolho utilizada será um hibrido da Seminis, denominado Astrus Plus, que possui ciclo de 95-100 dias, apresenta boa sanidade, suas folhas são de coloração verde escura com boa cerosidade, possui cabeças médias a grandes com formato levemente achatado, coração pequeno e excelente compacidade. Suas cabeças variam de 1,8 a 2,5 kg podendo chegar até 6 kg em espaçamentos maiores. Apresenta tolerância a rachadura, portanto apresenta maior período em ponto de colheita.
2.2. Solo e Adubações
O repolho se adapta bem numa série variada de solos, podendo produzir tanto em solos de textura média como naqueles argilosos, sendo boa opção para o olericultor que apenas dispõe de solos pesados. Quando feita a calagem, esta deve elevar a saturação por bases para 70% e o pH para 6,5.
Os macronutrientes P e N são aqueles que resultam em maiores repostas em produtividade na cultura do repolho, embora as plantas também sejam exigentes em Ca e S. O nutriente que mais favorece a formação de cabeça é o P, bem como a precocidade na colheita, a produtividade e a obtenção do tipo comercial desejável. Os macronutrientes K e N, são aqueles retirados em maior quantidade do solo. A deficiência de Bo no repolho faz reduzir a produção e conduz à formação de cabeças menores e frouxas, propícias ao apodrecimento. Dentre as Brássicas, mesmo sendo exigente em nutrição, o repolho é considerado a espécie mais rústica.
Para solos de fertilidade mediana ou baixa, na falta de dados regionais, sugere-se a aplicação de fertilizantes no sulco do transplante, contendo os seguintes teores (kg/ha) de macronutrientes: N (150), P2O5 (400) e K2O (240).
As adubações complementares e de cobertura devem ser feitas antes do período de formação de cabeça. No caso do N, o fornecimento parcelado promove crescimento vegetativo vigoroso, favorecendo a produtividade.
2.2.1. Correção e Adubação na Área de Manejo
De acordo com a análise de solo feita a 0-20 cm, o solo apresenta elevada saturação por bases (aproximadamente 70%) estando as bases equilibradas de maneira satisfatória e sem a presença de Al no solo. O teor de P esta elevado de acordo com o teor de argila, portanto não será necessário calagem e fosfatagem.
A adubação para a cultura de acordo com a recomendação é de 150-400-240 kg/ha de N, P2O5 e K2O respectivamente, corrigindo os valores de acordo com a análise de solo ela fica 150-308-185 kg/ha para os mesmos nutrientes (alguns corrigidos a 77% da demanda).
Visando satisfazer as demandas da cultura, elevação da MO, S, Zn e Bo, além de uma adubação mais diversificada será aplicado 20 kg de composto orgânico, 22 kg do adubo 4-14-8 e 2,8 kg de sulfato de amônio, na área dos canteiros que é de 126 m2.
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