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Interação Genótipo Ambiente do Meloeiro

Por:   •  5/11/2020  •  Trabalho acadêmico  •  2.189 Palavras (9 Páginas)  •  198 Visualizações

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Cucumis melo

2.1.1 Origem botânica, fisiologia e biologia reprodutiva

O meloeiro é uma espécie cujo centro de origem não é definido precisamente. Estudos apontam que pode ser desde a África até o oeste da Ásia, sendo levado da Índia para todas as regiões do mundo (BRANDÃO FILHO; VASCONCELOS, 1998; ROBINSON; DECKERWALTER, 1997;). De acordo com Mallick e Massui (1986), considerando a origem dos melões sob o contexto da Pangeia e subsequente divisão nos atuais continentes, o que hoje é o sudoeste da África e a Índia peninsular podem ter sido o centro dessa diversidade antes do início da separação. A presença de tipos idênticos nessas regiões e em áreas adjacentes confirma essa teoria.

        No Brasil, a introdução do fruto iniciou no Rio Grande do Sul, logo depois em São Paulo, no Pará e, posteriormente, no Vale do São Francisco, que continua com destaque no cenário nacional. (PEDROSA, 1997; CRISÓSTOMO et al., 2009). Devido os fatores climáticos da região Norte, o pólo surgido no Pará foi desativado e transferido para a região Nordeste do Brasil. No Rio Grande do Norte, a produção de melão teve início em 1980, surgindo um novo pólo de produção, denominado de Agropólo Mossoró-Açu (NUNES et al.,2004).

O melão é um membro do gênero Cucumis, subtribo cucumerinae, tribo Melotricae, família Cucurbitaceae e espécie Cucumis melo. É altamente polimórfico, existindo sete variedades botânicas de interesse para a agricultura (MCCREIGHT et al., 1993). No Brasil são cultivados tipos comerciais de apenas duas variedades botânicas: Cucumis melo var. inodorus (tipo Amarelo) e Cucumis melo var. cantalupensis (tipo Cantaloupe). (SEBRAE, 2016).

A espécie é uma dicotiledônea, explorada como planta anual. O sistema radicular é superficial e praticamente sem raízes adventícias. O caule é herbáceo, de crescimento prostrado, provido de nós com gemas. A partir dessas gemas, desenvolvem-se gavinha, folha e novo caule ou ramificação. As folhas são de tamanho variável, alternadas, simples, ásperas, providas de pelos, limbo orbicular, reniforme, pentalobadas, com as margens denteadas. Das axilas das gemas saem caules secundários que se espalham horizontalmente pelo chão ou verticalmente quando suportados por tutores. (KIRKBRIDE, 1993; MCCREIGHT et al., 1993).

O melão pode apresentar quatro tipos de expressão sexual: andromonoica, ginomonoica, monoica e hermafrodita. Em geral, as variedades americanas são andromonoicas, enquanto as europeias são monoicas. As flores masculinas são axilares e agrupadas numa inflorescência tipo cacho, e as hermafroditas são solitárias. A flor masculina consiste de uma corola, um simples verticilo de cinco estames, dos quais dois pares estão unidos com as anteras quase obstruindo o pequeno tubo da corola. Na base da corola, um estilete rudimentar é cercado pelos nectários. A flor hermafrodita tem anteras e um grande estigma com três lobos, em cuja base existe o nectário. A corola da flor hermafrodita é terminada com um ovário alongado. (CRISÓSTOMO et al., 2009).

2.1.2. Aspectos econômicos da cultura

        No Brasil, o meloeiro ocupa uma área plantada de 23.342 hectares e uma produção de 581.478 toneladas. Todas as regiões do país produzem melão, concentrando-se no Nordeste em torno 95% da produção nacional. Os estados do Ceará e do Rio Grande do Norte destacam-se como os principais produtores nacionais com quantidade produzida de 85.219 e 338.615 toneladas, respectivamente. (IBGE, 2018).

A combinação de altas temperaturas, alta luminosidade e a baixa umidade no Nordeste fazem com que o melão, atualmente, seja uma das culturas de maior expressão social e econômica para a região, além de favorecer definitivamente seu cultivo e manter a qualidade de produção. De acordo com Costa (2008) as temperaturas entre 25°C e 32°C são tidas como ideais para a produção, e é com esse clima que a qualidade é mantida, visto que a alta umidade do solo acarreta em perda do teor de açúcar do fruto.

A produção do setor meloeiro do Brasil possui forte direcionamento para o mercado externo, e o seu aumento encontra demanda relativa no mercado internacional, em razão disso a atividade fomenta o desenvolvimento de novas tecnologias e equipamentos de irrigação, a formação e a capacitação de mão de obra, a instalação de empresas aduaneiras, brokers, entre outros (ARAÚJO; CAMPOS, 2011; ALVES, et al., 2017).

O melhoramento genético do melão é um fator decisivo para a inserção dessa fruta no mercado externo. Dadas as exigências dos consumidores internacionais, tais como, variedades com polpas mais espessa, aspecto mais uniforme e sabor mais agradável, só pode ser alcançado por meio do melhoramento genético (BUAINAIN et al., 2007; ALVES, et al., 2017).

2.1.3. Condições edafoclimáticas para a cultura do meloeiro

        A cultura do melão é favorecida por fatores climáticos como temperatura, umidade relativa e luminosidade. A combinação de alta temperatura com alta luminosidade e baixa umidade relativa favorece ao estabelecimento do meloeiro e o aumento de produtividade com maior número de frutos de qualidade comercial. Os fatores climáticos são, ainda, importantes indicadores para a escolha da melhor época de plantio do meloeiro que, em geral, podem acontecer em diferentes períodos do ano, de acordo com localização e altitude da região (COSTA, 2003).

        A temperatura é o principal fator climático a afetar a cultura do melão em todas as fases de desenvolvimento. No clima semiárido, que é quente e seco, os frutos apresentam teor de açúcar (°Brix) elevado, além de sabor agradável, mais aroma e maior consistência, características ideais para a comercialização, principalmente para a exportação e a conservação pós-colheita. As faixas de temperatura adequadas, nos diferentes estádios fenológicos da cultura, estão bem determinadas, sendo, para a germinação, de 18 °C a 45 °C, situando-se a ideal entre 25 °C e 35 °C. Para o desenvolvimento da cultura, a faixa ótima é de 25 °C a 30 °C (abaixo de 12 °C, seu crescimento é paralisado); e, para a floração, situa-se entre 20 °C e 23 °C. Temperaturas acima de 35 °C estimulam a formação de flores masculinas (SALVIANO et al., 2017).

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