O Projeto Agroindustrial
Por: LEONARDO COSTA GARCIA • 8/10/2019 • Trabalho acadêmico • 7.681 Palavras (31 Páginas) • 261 Visualizações
1. INTRODUÇÃO:
Este projeto trata de uma criação de camarões (carcinicultura), que visa abastecer as indústrias de pescado de Rio Grande.
A indústria pesqueira já exauriu 70% das espécies comerciais de pescado dos mares. Nos últimos três anos, apenas no Brasil foi tirada do mar uma média de um milhão de toneladas de peixes por ano.
O camarão marinho cultivado torna-se a cada dia mais importante para as indústrias de pescado, visto que a demanda por este produto aumenta a cada dia, com a escassez de pescado nos oceanos. Diariamente a pesca descontrolada e cada vez mais prematura de peixes, vem diminuindo consideravelmente a quantidade de pescado disponível nos oceanos, lagos e rios no planeta.
No Brasil, já existem alguns criatórios de camarão, situados principalmente na região Nordeste do país. A região Nordeste foi pioneira na produção de camarões marinhos no Brasil.
Hoje a região sul do Brasil apresenta alguns criatórios, situados em Santa Catarina (mais precisamente em Laguna) e na região do estuário da Lagoa dos Patos, mais precisamente nos municípios de Rio Grande e São José do Norte.
Pelo fato do Brasil ser de característica continental, há em sua costa clima favorável a criação de camarões. Outro fator importante nos empreendimentos, é que o país está dentre os dominadores das novas tecnologias de produção de pescado em cativeiro, o que auxilia ainda mais para o sucesso do empreendimento.
A região sul, onde se situam as futuras instalações do projeto, devido ao clima, que apresenta períodos de temperaturas baixas, é mais propícia à criação de espécies nativas (Farfantepenaeus paulensis), pois estas são as que melhores se adaptam, apesar de na maioria dos criatórios as espécies exóticas predominarem (Litopenaeus vannamei – Camarão Branco do Pacífico).
Hoje a região sul do Rio Grande do Sul, tem algo em torno de 125 hectares de viveiros com camarões marinhos já instalados.
A Fundação Universidade de Rio Grande (FURG), através da Estação Marinha de Aqüicultura (EMA), busca o desenvolvimento de novas tecnologias de produção com baixo custo em águas rasas para servirem como fonte de renda alternativa pescadores artesanais do estuário da Lagoa dos Patos.
A Fundação Universidade de Rio Grande, através da Estação Marinha de Aqüicultura, também desenvolve tecnologias voltadas ao cultivo semi-intensivo de camarões, tendo em sua sede, viveiro onde se realiza a produção de pescado.
2. OBJETIVOS:
Este projeto visa aumentar o número de investimentos na região e gerar novos empregos, além de aumentar a percepção de empresários, fazendo com que eles invistam em novos projetos como alternativa.
Visa também atender a demanda crescente por pescado pelas indústrias especializadas no ramo presentes na região.
Um grande objetivo do projeto é mostrar que, produtividade e responsabilidade: social e ambiental devem estar em perfeita harmonia para que a sobrevivência das espécies do planeta esteja segura por gerações.
Deve-ser destacar também, que este projeto não agride e não interfere no ciclo do camarão na natureza, já que toda linhagem será produzida na cadeia industrial, evitando a retirada de exemplares da natureza.
3. JUSTIFICATIVA:
A região Sul do Rio Grande do Sul apresenta alguns fatores que contribuem positivamente para uma possível implantação de novos empreendimentos. Dentre estes fatores há a presença de um dos portos mais importantes da América do Sul e a presença de indústrias nos setores de pescado, que distribuem sua produção para outras partes do Brasil e para outros países do globo também. Também merece destaque, a oferta de mão-de-obra qualificada proveniente de escolas técnicas e agrotécnicas, além das universidades presentes na região.
O setor de pesca da região é o mais desenvolvido do estado, apresentando desde a pesca artesanal até a pesca industrial.
Apresenta grande importância ecológica também, sendo o estuário da Lagoa dos Patos uma área onde naturalmente há grande presença de camarões marinhos que adentram no estuário para se reproduzir e se desenvolver.
O estuário da Lagoa dos Patos, devido a sua ligação com o mar e a ação dos ventos, apresenta variação da temperatura da água, de sua salinidade e de sua composição química. Por isso a porção sul do estuário (Rio Grande e São José do Norte) é a mais atraente para investimentos na área, onde o regime de águas salobas pouco variável é determinante para o cultivo.
A pouca variação da maré, que possibilita um bombeamento constante de água para os viveiros ao longo do dia; apresentando também uma hidro-dinâmica moderada que facilita o posicionamento do sistema de bombeamento e também pesa no momento da escolha da porção sul do estuário da Lagoa dos Patos.
A fertilidade natural das águas favorece o desenvolvimento da produção primária em viveiros.
A presença de indústrias de ração para camarão, bombas hidráulicas e equipamentos auxiliares (comedores, comportas, caiaques, remos, entre outros) dentro do estado do Rio Grande do Sul, também favorece a atividade na região, diminuindo consideravelmente gastos com transporte.
Há ainda como fator determinante para instalação do projeto, o baixo preço da área situada nas proximidades do estuário, visto que, estas não têm interesse para as demais atividades exercidas na região (pecuária extensiva e orizicultura, já que há presença de sais nos solos da propriedade, o que impossibilita a atividade orizícola).
Também pesa para escolha do projeto a oferta de energia, o que em muitos outros lugares já não há.
Têm-se ainda a presença de rodovias em bom estado de conservação, facilitando a chegada de insumos, bem como o escoamento da produção.
4. PRODUÇÃO DE CAMARÃO MARINHOS:
No início da década de 70, a produção mundial de camarões oriunda da pesca extrativista era 120 vezes maior que a produção de camarões proveniente de cultivos. Enquanto a produção pesqueira passava de um milhão de toneladas/ano, a produção da carcinicultura mal chegava às 9000 toneladas/ano.
Mas o que se observou a partir da década de 80 foi que, apesar da produção pesqueira ter aumentado continuamente, desde então, a carcinicultura proporcionou taxas de crescimento ainda maiores. Tanto que, em 1989, a produção de camarões cultivados já respondia por 24,1% da produção mundial de camarões. Em 2001 foram produzidas 1200000 toneladas de camarões cultivados e a tendência é que esse número continue aumentando.
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