Telescópio, A Expansão das Fronteiras do Universo.
Por: Danilo de Morais • 20/5/2016 • Artigo • 1.704 Palavras (7 Páginas) • 432 Visualizações
Telescópio, a expansão das fronteiras do universo.
Danilo de Morais
Introdução
A curiosidade humana tem seus limites tão longe quanto as próprias fronteiras do universo. Todo o tempo ocorrem novas descobertas e cada descoberta é o nascimento de uma nova área de pesquisa num ciclo aparentemente interminável.
Dentre as diversas áreas de conhecimento podemos destacar a astronomia como uma das mais antigas, derivada diretamente da curiosidade mais simples de tentar entender o que há “sobre” nós, o que é o céu.
“A astronomia compele a alma a olhar para o alto e nos transportar deste mundo para outro”, essa ilustre frase de Platão, expressa muito bem o sentido da astronomia em seus primórdios, como uma necessidade quase religiosa do homem a entender tamanho mistério explícito sobre nossas cabeças.
Neste artigo será tratado o desenvolvimento dos telescópios no decorrer da astronomia de um ponto de vista histórico destacando as principais inovações que permitiram ao homem ver cada vez mais longe.
Os primeiros telescópios
Os primeiros telescópios eram formados por tubos cilíndricos com duas lentes convergentes, a ocular, que fica mais próxima ao olho do observador, e a objetiva, a lente maior que se encontra à frente do telescópio. O telescópio de lentes é chamado de telescópio refrator. Este telescópio simples é extremamente limitado pois a qualidade das imagens, a resolução, é proporcional ao tamanho da objetiva e estes primeiros telescópios não podiam ter objetivas grandes: Quando a objetiva aumenta, o ângulo que a luz faz para chegar na ocular é maior, e a objetiva acaba se comportando como um prisma, dividindo a luz em uma espécie de arco-íris que prejudicava totalmente a observação. A essa falha de construção, deu-se o nome de aberração cromática.
O grande pioneiro na astronomia telescópica foi Galileu Galilei, mesmo estando limitado em usar lunetas com objetivas pequenas, para assim evitar a aberração cromática, fez observações importantíssimas. Pelo seu telescópio, ele observou os planetas como pequenos discos, diferenciando-os das estrelas que sempre são puntuais, o cientista pôde observar a lua com suas imperfeições e ainda pôde observar dois fatos que mudariam totalmente o pensamento da época: observou corpos orbitando Júpiter, suas luas, e ainda contemplou as fases de Vênus. Assim, Galileu teve a primeira evidência de que corpos poderiam orbitar um outro planeta, e também mostrou que Vênus orbitava o Sol e não a Terra como se pensava. Assim o astrônomo derrubou a teoria geocêntrica predominante na época por causas religiosas, mostrando que os corpos não necessariamente orbitavam a Terra.
O próximo passo no desenvolvimento das lunetas, ou telescópios refratores, foi a criação de uma nova objetiva que permitisse vencer o problema da aberração cromática. Para o astrônomo amador Ednilson Oliveira:
“A Luneta utilizada por Galileu era um instrumento de pequenas dimensões e era constituído por uma objetiva cromática (objetiva formada por uma única lente convergente). Os telescópios refratores só começaram a atingir as dimensões atuais com a invenção da objetiva acromática. Esse tipo de objetiva foi proposta em 1733 por Chester More Hall, e a primeira objetiva desse tipo foi feita por John Dollond em 1759“
O astrônomo diz que tivemos o desenvolvimento dos grandes telescópios refratores graças a invenção dessa nova objetiva, a objetiva acromática. Esta objetiva é composta por duas lentes, uma convergente e outra divergente de materiais que refratem com resistência diferente, assim, elas são construídas de forma a manterem todas as cores juntas, formando a imagem corretamente.
Mas a evolução dos telescópios não se deu assim de forma totalmente linear, enquanto os telescópios refratores evoluíam gradativamente, um novo tipo revolucionário de telescópios surgiu: os telescópios refletores.
Telescópios Refletores
Antes mesmo da invenção das objetivas acromáticas, o cientista inglês Isaac Newton, em 1672, conseguiu desenvolver um telescópio que contornava o problema da aberração cromática de uma maneira muito elegante: se o grande problema era a luz atravessar a objetiva e nessa travessia se dividir, Newton então criou um telescópio em que a luz não atravessava a objetiva.
Newton construiu um telescópio que é constituído por um espelho côncavo na parte posterior do telescópio, ou seja, a luz entra por um tubo oco e é refletida no espelho ao fundo, assim, não há refração. A luz refletida pelo espelho objetivo, é redirecionada por um espelho plano até a lente ocular onde a imagem é formada.
Este telescópio não teria uma limitação de tamanho, podendo ser tão grande quando se puder criar um espelho côncavo. Ainda que as lentes acromáticas viessem a corrigir a aberração cromática em telescópios refratores, o telescópio newtoniano ainda possuía outras vantagens: é muito mais fácil criar um espelho côncavo, do que uma lente dupla, e assim, por questões financeiras e de praticidade o telescópio newtoniano se destacou sobre os telescópios refratores. O famoso telescópio Hubble, por exemplo, é um telescópio refletor.
De fato o telescópio newtoniano ainda é um dos mais usados pelos astrônomos amadores podendo até mesmo ser fabricado artesanalmente sem muitas dificuldades. Os fabricantes artesanais de telescópios muitas vezes conseguem até mesmo superar os telescópios industrialmente fabricados, estes fabricantes são chamados de ATM (Amateur Telescope Maker).
Em artigo, Ulisses Capozzoli, editor da Scientific American Brasil, explica a importância destes telescópios na formação da astronomia brasileira:
“Uma das muitas crises econômicas vividas pelo Brasil, como a de meados dos anos 80, fez com que telescópios se tornassem objetos de sonho. A alternativa foi recorrer a instrumentos artesanais produzidos por pequenas indústrias. Quase sempre ligadas a astrônomos amadores, foram e ainda são uma forma de resistência à ameaça de quase banimento dessa atividade”..
...