A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Rodrigo Santos da Conceição ^[1]

Kelly Anselmo de Souza^[2]

RESUMO

A responsabilidade social não é meramente um modismo, mas uma necessidade ao qual as empresas têm que fundamentar o seu processo construtivo. Na contrapartida da vertente sustentável estão as construtoras provendo moradias e infraestrutura para uma população em constante crescimento, porém, gerando um volume de resíduos que acarreta em danos irreparáveis. Para tanto, o presente estudo tem como objetivo abordar a importância de implantar a gestão dos resíduos oriundos da construção civil, tal como demonstrar a relevância que há no reuso dos materiais e a eficiência de programas de redução do desperdício no canteiro de obras. Fez-se necessário destacar a importância que há no planejamento para que a gestão dos resíduos ocorra bem. A fim de realizar a pesquisa foi necessário conhecer quais as diretrizes que norteiam a gestão de resíduos e compreender quais as razões pelo qual muitas construtoras não têm dado a destinação correta aos resíduos gerados nos canteiros de obras. Graças a falta de fiscalização e aplicação de multas das empresas que agridem o meio ambiente a um descumprimento das leis e resoluções existentes. Assim sendo o presente artigo além sinalizar que faltam medidas mais enérgicas para que a adoção da gestão de resíduos, tem também o intuito de alerta que o planejamento, reuso e a reciclagem devidamente adotados podem diminuir os gastos na aquisição de materiais.

Palavras-chave: responsabilidade social; reuso de materiais, sustentabilidade, construtoras

1. INTRODUÇÃO

A necessidade por construir pontes, castelos ou mesmo pavimentar estradas que serviriam de rota comercial, evoluiu ao longo dos anos. Foram inventados utensílios e métodos que vieram otimizar o cotidiano da construção civil. O segmento cresceu muito e esta demanda se deu pela necessidade por construções, uma vez que a população mundial está aumentando gradativamente e são necessárias cada vez mais moradias. Para tanto, cada vez que a construção civil está crescendo, concomitantemente está gerando mais detritos para o meio ambiente. Porém, junto com o crescimento tecnológico gerado em torno dos métodos e ferramentas para engenharia civil, anteriormente citado, está o aperfeiçoamento da gestão de resíduos.

Houve um tempo em que as pessoas e as empresas meramente se preocupavam em pegar os resíduos provenientes das construções e encaminhar para os aterros sanitários. Porém, essa medida é bastante nociva para o meio ambiente. Com o passar dos anos e o aperfeiçoamento da mesma tecnologia que possibilita a otimização do processo construtivo, foram desenvolvidos meios para que, no próprio canteiro de obras, os resíduos gerados sejam tratados e, até mesmo, reutilizados na própria construção, porém, é difícil encontrar empresas que não respeitam a simples ideia de se responsabilizar pelo seu próprio entulho, achando mais prático desprezá-lo de forma ilegal e imensamente nociva ao meio ambiente.

A geração de resíduos é uma consequência de qualquer processo construtivo, não apenas da Construção Civil. Porém, a cada nova construção percebe-se que são focados fatores como baixo custo, tempo hábil e qualidade. Contudo, para algumas construtoras, não importa a que condição estas conseguirão obter mais lucro. Falta a responsabilidade social diante do planejamento, incluindo desde a concepção do projeto medidas que tornariam o impacto ambiental menor e a economia na aquisição de materiais. Para tanto, muitas construtoras acreditam que o planejamento e efetivação de um sistema que reduza o desperdício custará um aumento no orçamento, além do trabalho que dará cuidar dos resíduos criados pela obra.

Segundo Palen (1975) apud Cardoso (2003), desde o princípio da história do homem primitivo na Terra é possível perceber que este era nômade porque migrava à medida que os recursos naturais de um lugar se esgotavam. Com o crescimento e evolução das sociedades houve a consolidação do trabalho, ou seja, era dado início à poluição devido aos resíduos provenientes de algumas atividades. Segundo Bueno (2011), o garimpo foi uma das atividades que mais contribui para a poluição dos rios e, consequentemente, dos seres humanos. Na Roma Antiga, segundo Timbó & Eufrásio (2009), também foi intensa a utilização do chumbo e a consequente poluição por este. Para tanto, de acordo com Drucker (2013), foi durante a Revolução Industrial, movida pela máquina à vapor e combustíveis fósseis, que o capitalismo ganhou força, tal como a poluição acometia o planeta.

A poluição tornou-se constante, mas demorou muito tempo para que o diálogo da sustentabilidade compusesse os discursos mundo a fora. A primeira de muitas vezes que a palavra foi dita aconteceu em 1972, na Conferência de Estocolmo. Este encontro reuniu diversos países no empenho de discutir meios para reduzir o impacto ambiental na Terra, tal como garantir que as gerações futuras possam usufruir do planeta e seus recursos naturais. Foram muitos tratados e discursos em prol da sustentabilidade, tentando chegar a um acordo acerca da emissão de gases poluentes, sobre metas a serem alcançadas de forma global. Para tanto, faz-se necessário que governantes se reúnam e determinem metas. É preciso que a responsabilidade social recaia sobre todos os seres humanos, notadamente, àqueles que são grandes geradores de resíduos. Neste rol está a construção civil precisando despertar a consciência necessária para ceder a uma nova forma de gerir o trabalho, pensando em diminuir o impacto de cada construção realizada.

O presente artigo tem o intuito de abordar o momento construtivo e destacar quão significativo é o volume de resíduos gerados. Assim sendo destacando importância por planejamento e inclusão de medidas na construção civil para que haja a gestão de resíduos desde o início das obras, destacando-se o fato que é essencial a reutilização de resíduos, em vez de focar, apenas no encaminhamento para empresas recicladoras. Para compreender a importância da gestão de resíduos, será necessário analisar algumas obras e acompanhar quais as medidas tomadas na minimização do impacto que estas causam no meio ambiente.

Com este estudo espera-se despertar a consciência de engenheiros para que a construção civil atue de forma mais responsável nos canteiros de obras e ainda que este possa influenciar na criação de outros trabalhos que sejam representativos sobre a questão da correta utilização dos resíduos sólidos provenientes do trabalho na construção civil.

1. REFERENCIAL TEÓRICO

O crescimento populacional demanda cada vez mais a atuação da construção civil. Concomitante à geração de novas moradias está a grande quantidade de resíduos que são gerados nos canteiros de obras. Para tanto, tais detritos geram problemas não apenas para a população, como para o meio ambiente de forma geral.