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A OFICINA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO

Por:   •  9/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  686 Palavras (3 Páginas)  •  206 Visualizações

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OFICINA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO.

ALUNO: Handerson Rodrigues da Costa.

Platão, o texto e o leitor

“A partir de muita convivência com o mesmo tema e de uma vida dedicada a isso, subitamente, como a luz nascida do fogo, brota na alma a verdade, para então crescer sozinha.”

Carta Sétima, 341c

“E as pessoas que estão apenas começando a aprender uma ciência podem recitar suas frases, mas não conhecem o seu significado, já que o conhecimento tem de entranhar-se nestas pessoas, e isto requer tempo; devemos portanto supor que as pessoas incontinentes usam a linguagem da mesma forma que os atores dizendo as suas falas.”

Ética a Nicômacos, VIII 1147a 21-22

O que diria Platão, hoje, após suas críticas e preocupações em relação a escrita e aos textos lidos pela sociedade? Teria ele razão em afirmar que a escrita, ao invés de fortalecer, poderia enfraquecer o indivíduo? Suas críticas não foram tão simplórias quanto as dúvidas que apresento, mas profundas em relação ao indivíduo e a sociedade, sob seu ponto de vista e filosofia de vida.

Obviamente, texto e leitor andam juntos. Um não existe sem o outro. Mas a preocupação de Platão existiu exatamente por saber da importância, não só da leitura em si, mas dos efeitos mais íntimos que ela pode exercer na formação do leitor e consequentemente, na construção da sociedade por esse indivíduo. Assim, um grande ciclo vicioso e transformador faz com que culturas e sociedades surjam, cresçam e se estabeleçam, mas também fazem com que as mesmas sociedades mudem através das mudanças interpretativas do indivíduo. E as diferenças dos grupos fazem com que sociedades sejam tão distintas ao redor do mundo. O meio influencia o indivíduo tanto quanto ele o transforma e a leitura é a grande ferramenta para tal.

Não só través da leitura somos quem somos, mas nela está a possibilidade do desenvolvimento do espírito filosófico ao qual Platão lutava e defendia. Nela nós exercitamos nossa capacidade crítica e percepção de que apenas ler não basta. Precisamos ir mais a fundo e como críticos, discordando ou concordando, precisamos fazer da experiência de influenciado, uma experiência de influenciador, entendedor e debatedor. Não podemos deixar o medo de Platão transformar-se em realidade.

É assim, lendo, criticando, entendendo, debatendo e pensando profundamente sobre o que é lido, que tão sutilmente, mas tão enraizada, uma sociedade se forma. E assim também, a leitura faz com que nos tornemos engajados no que aprendemos, construindo uma sociedade pautada no que fomos, no que somos e no que poderemos ser.

Platão agradece.

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