LEITURA E ESCRITA NO ENSINO MÉDIO DA EJA: PROPOSTA DE OFICINA DE LINGUAGEM

LEITURA E ESCRITA NO ENSINO MÉDIO DA EJA: PROPOSTA DE OFICINA DE LINGUAGEM

Eliane Gomes Oliveira de Carvalho^[1]

Maiany Souza da Silva^[2]

1. INTRODUÇÃO/ JUSTIFICATIVA

 A Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem fundamental importância na vida daqueles que por inúmeros motivos não puderam dar continuidade aos estudos, e veem por meio dessa modalidade de ensino a oportunidade de melhorar as condições de vida, de conquistar um emprego melhor, ingressar em uma universidade,  concretizando sonhos que muitas vezes foram deixados de lado. ^[a]

Embora a retomada dos estudos na modalidade EJA tenha despertado essa esperança de um futuro melhor, esses alunos ainda enfrentam muitas dificuldades, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento da leitura e da escrita, fazendo necessário que os profissionais que atuam nessa modalidade especialmente, os professores de língua portuguesa, se atentem as necessidades reais de aprendizagem desses alunos. ^[b]

Tendo em vista essa preocupação em relação aos impasses da educação dos estudantes da EJA. O presente trabalho tem o intuito de propor oficina de linguagem como meio de contribuir no incentivo ^[c]à leitura e na produção textual dos alunos do ensino médio da EJA.

Assim, acreditamos que a oficina de linguagem é uma sugestão dinâmica e atrativa que pode ser utilizada por professores para consolidação de uma nova maneira de trabalhar o ensino das produções textuais e leitura na EJA, em que os alunos poderão aprender mais sobre produção textual, por meio do ensino com foco nas normas gramaticais e leitura dos diversos gêneros textuais, somando um conhecimento complementar significativo para apropriação da escrita.^[d]

 

1. Educação de Jovens e Adultos

Reconhecida como um direito público a EJA, passou a fazer parte da Leis de Diretrizes e Bases- LDB (1996), como uma nova modalidade de ensino no ano de 2008, garantindo escolarização para aqueles que não tiveram acesso ou por algum motivo não puderam dar continuidade aos estudos na idade prevista, onde poderão cursar o ensino fundamental e médio, e assim concluir os estudos que foram interrompidos. Cabendo ao governo oferecer o acesso e condições dignas para efetivação de uma educação que tem como objetivo, a inclusão social e melhoria da qualidade de vida pessoal e profissional.^[e]

Jovens e adultos na sua maioria trabalhadores ou desempregados em busca de emprego, ver nessa retomada a escola uma nova perspectiva de vida, de adquirir um conhecimento formal, que é valorizado em nossa sociedade, de se preparar ao mercado de trabalho, elevar a auto estima e se sentirem aceitos socialmente.

Dessa forma, a educação destinada a eles, não deve está apenas voltada a aquisição ou memorização dos conteúdos, é preciso valorizar os conhecimentos prévios, despertar o senso crítico, para que possam refletir sobre suas realidades^[f]. Sendo importante que o professor que atue nessa modalidade de ensino, seja um incentivador, estimulando a busca de conhecimentos, inovando em suas metodologias, já que muitos alunos chegam na escola cansados e desmotivados.  Como afirma Pedro Demo (2002, p.17):

Supõe que o professor se interesse por cada aluno, busque conhecer suas motivações e seus contextos culturais, estabeleça com ele um relacionamento de confiança mútua, tranquila, sem decair em abusos e democratismos. Trata-se sempre de aprender junto, instituindo o ambiente de uma obra comum, participativa. A experiência do aluno será sempre valorizada, inclusive a relação natural hermenêutica de conhecer a partir do conhecido. O que se aprende na escola deve aparecer na vida.^[g]

1. Leitura e escrita na EJA

Escrever é uma das manifestações criativas que mais requer esforço do ser humano, já que envolve sua leitura de mundo, suas experiências cotidianas, suas competências representativas que envolve todo o conhecimento formal, ou não, empregados por meio da leitura e observação adquiridas ao longo dos anos.^[h]

Partindo desse apontamento, o que se acredita é que, os tópicos que compõem um texto, que é composto de conteúdo e forma, o aluno já traga consigo esse conteúdo, cabendo à escola o papel de conduzi-lo a tal descoberta, fazendo com que aprenda de forma sistemática a colocar em palavras e a desenvolver a forma, exercitando o uso da gramática e levando-o a conhecer os diferentes gêneros textuais que circulam na sociedade, que são necessários para se ter uma expressão contundente e crítica que lhe possibilite a realização de uma escrita coerente e clara para quem ler.

Vale ressaltar que essa modalidade de ensino já avançou bastante em termo de escrita, mas ainda faz-se necessário que os educadores lance mão de métodos inovadores e de meios atrativos e lúdicos para oferecer um ensino de qualidade, mostrando os diversos tipos de escritas existentes e ensino da gramática de forma leve e lúdica, bem como o incentivo a leitura para o desenvolvimento significativo do processo educativo dos seus educandos, de modo que os atraiam a essa forma de trabalhar com o ensino da língua portuguesa, onde os alunos se sintam motivados e esperançosos em aprender mais, tendo essa proposta de ensino como o rompimento de práticas tradicionais e monótonas que só reforça o desinteresse dos alunos pela tão temida disciplina de português.

Já que escrever é concretizar as ideias de forma organizada, as quais são fruto dos processos de comunicação dos quais participamos dos meios de informações e temos acesso vivenciando experiências, conversando e lendo. É possível observar atualmente o grande crescimento e poder dos meios de comunicação de massa, entretanto, não existem evidências de que o número de publicações impressas tenha diminuído, pelo contrário, a cada dia tem se aumentado a publicação de livros, jornais, e revistas, isso porque, a leitura da palavra escrita ainda é uma das mais ricas de informações, já que grande parte do conhecimento nos é apresentado em linguagem escrita.^[i]