A Origem Do Petróleo
Pesquisas Acadêmicas: A Origem Do Petróleo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: 01874481911 • 9/10/2014 • 5.064 Palavras (21 Páginas) • 196 Visualizações
A origem do petróleo: orgânica ou inorgânica?
A origem do petróleo é um dos mistérios mais bem guardados pela natureza. Séculos de especulações e experimentações propiciaram numerosas hipóteses e teorias, muitas delas antagônicas e passíveis de discussões tão acaloradas quanto estéreis. Estas teorias podem ser classificadas em inorgânicas e orgânicas. Neste trabalho são apresentadas e discutidas as teorias mais representativas de cada grupo, com ênfase naquelas de maior significado prático ou histórico. São também mostrados os resultados de investigações realizadas no CENPES/Petrobras sobre o assunto.
As teorias inorgânicas atribuem ao petróleo uma origem a partir de processos exclusivamente inorgânicos, isto é, sem a intervenção dos organismos vivos de qualquer espécie. Já as teorias orgânicas atribuem aos organismos vivos um papel fundamental no processo de geração do petróleo.
Atualmente os geólogos e geoquímicos, em sua maioria, advogam uma origem orgânica para o petróleo, mas não contestam a existência de hidrocarbonetos formados inorganicamente na Terra e no espaço. Entretanto, existe um grupo relativamente pequeno de geólogos e geoquímicos na Rússia e Europa Oriental para os quais a origem orgânica do petróleo não está provada e é destituída de fundamentos.
1. Introdução
O petróleo é conhecido desde a mais remota antiguidade. Isto porque, sendo um fluido em equilíbrio precário na subsuperfície, tem a tendência de escapar para a superfície sob a forma de exsudações, expondo-se à curiosidade dos homens.
A utilização do petróleo, para os mais diversos fins, pelas civilizações as mais antigas, está bem documentada na literatura. A Bíblia, por exemplo, apresenta diversas citações, como a calafetagem da arca lendária por Noé, em preparação para o advento do dilúvio.
Os fenícios utilizaram largamente o “betume” para calafetamento de suas magníficas embarcações. Na Mesopotâmia e no Egito, o petróleo era bastante utilizado como argamassa nas construções, na pavimentação das estradas e outras finalidades, como no processo de embalsamento, muito difundido no Egito.
No Novo Mundo, o petróleo também era conhecido desde tempos remotos. Índios pré-colombianos, como os Karnkawa dos Texas (E.U.A), utilizavam este produto para decorar e impermeabilizar seus potes de carâmicas. Os incas, os mais e outras civilizações índias antigas também estavam bem familiarizadas com o petróleo, dele se aproveitando para diversos fins (remédios, combustível, artefatos bélicos etc.).
Com tantas ocorrências em todo o mundo não é de se estranhar a utilização do petróleo desde épocas imemoriais. O homem, certamente, passou a especular sobre a origem deste fluido desde a primeira vez que veio a utilizá-lo, por curiosidade ou intuição. Entretanto, somente a partir dos três últimos séculos, é que o assunto mereceu tratamento aprofundado e de caráter científico.
Por se tratar de um estudo dos mais fascinantes e absorventes, a origem do petróleo tem inspirado um grande número de artigos. Illing (1935) já alertava sobre a enorme safra de artigos novos adicionados anualmente à literatura especializada. “O estudante sério, - queixava-se aquele autor – ansiosamente procurando esclarecimento, se perde no labirinto de opiniões conflitantes”.
De acordo com Knebel (1946), “os geólogos de petróleo têm escrito mais sobre a origem do petróleo do que sobre qualquer outro assunto”. Essa prodigiosa quantidade de pesquisa e discussão, entretanto, de acordo com a opinião abalizada de Landes (1959), não foi inteiramente em vão. Numerosas teorias foram testadas e abandonadas, umas por fantasiosas e destruídas de caráter verdadeiramente científico, outras por falta de argumentos mais convincentes.
É evidente que o leitor não especialista carece de tempo para recorrer a essa vasta bibliografia e se situar adequadamente dentro do problema. Não pode, consequentemente, avaliar em maior profundidade o estado atual dos conhecimentos e se decidir sobre a teoria ou teorias mais adequadas para explicar a gênese do petróleo e suas implicações exploratórias. O presente trabalho tem por finalidade fornecer-lhe uma visão geral do problema através da discussão dos trabalhos mais significativos, com ênfase na Teoria Orgânica Moderna e suas evidências.
Para fins de discussão, as teorias sobre a origem do petróleo foram agrupadas em duas grandes categorias: (1) Teorias Inorgânicas e (2) Teorias Orgânicas.
As Teorias inorgânicas atribuem ao petróleo uma origem exclusivamente abiogênica, a partir de sínteses inorgânicas. Essas teorias foram estabelecidas e definidas principalmente pelos químicos, alguns deles de celebridade reconhecida. Isto porque, em seus laboratórios, eram capazes de produzir hidrocarbonetos a partir de fontes exclusivamente inorgânicas e não viam razão para que fenômeno semelhante não ocorresse em condições naturais.
As teorias orgânicas postulam que o petróleo é formado a partir de restos de animais e plantas, isto é, dos produtos bioquímicos incorporados às rochas sedimentares durante a sedimentação.
2. Teorias Inorgânicas
2.1 - Emanações Vulcânicas
A referência mais antiga sobre a origem inorgânica do petróleo parece ser de Virlet. Esse autor, em artigo publicado em 1834, considerou os hidrocarbonetos do petróleo como originários de emanações vulcânicas. Segundo ele: “as ocorrências de petróleo estão em relação mais ou menos direta com fenômenos vulcânicos”. Informa ainda que numerosas fontes termais produzem hidrocarbonetos em quantidades significativas. “Somos levados a encará-los como produtos de vulcanismo produzidos em circunstâncias muito particulares”, diz o autor.
Brunet (1838) endossa a opinião de Virlet. “As fontes de petróleo e de betumes são encontradas, quase sempre, nas vizinhanças de vulcões de lama, de fontes ardentes e de depósitos vulcânicos, logo a origem do petróleo e dos betumes é um efeito da mesma causa que produz os fenômenos vulcânicos”.
Nos séculos XVII e XVIII, teorias vulcânicas como as de Virlet e Brunet gozaram de uma certa popularidade entre os cientistas. O fato se deve à observação de numerosas ocorrências de óleo e gás em associação íntima com vulcões de lama, tidos na época como manifestações de verdadeiro vulcanismo.
Vulcões de lama são exsudações de gás sob alta pressão, que escapam das acumulações petrolíferas através de falhas ou fraturas, trazendo consigo água, lama, areia, fragmentos de rocha e, ocasionalmente, óleo. A expressão superficial
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