A importancia do ato de ler

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO

CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

LICENCIATURA EM COMPUTAÇÃO E INFORMÁTICA

BACHARELADO EM SISTEMA DE INFORMAÇÃO

CAMPUS ANGICOS

Profa. Dra. Maria das Neves Pereira

E-mails: [e-mail];[e-mail]

PROPOSTA DE ATIVIDADE (LEITURA, COMPREENSÃO E ANÁLISE DOS MECANISMOS DE COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS)

ORIENTAÇÕES

(i) Responder às questões propostas, modelo para a avaliação IV.

(ii) As respostas deverão obedecer aos pressupostos dos enunciados, correspondentes a cada questão e aos critérios seguintes:

(a) as respostas discursivas deverão ser elaboradas em sequências discursivas, seguindo os critérios de articulação textual (não serão aceitas as respostas esquemáticas);

(b) uso da linguagem formal e ortografia (acentuação gráfica), seguindo o novo Acordo Ortográfico da LP.

I PARTE: QUESTÕES PROPOSTAS APÓS A LEITURA E DISCUSSÃO DO TEXTO (FREIRE, 1986. p. 9-10)

A IMPORTÂNCIA DO ATO DE LER

            Rara (1) tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso política,(2)  em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros ou congressos.

           Aceitei fazê-lo(3) agora, da maneira, porém(4), menos formal possível. Aceitei vir aqui (5) para falar um pouco da importância do ato de ler.

           Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do momento mesmo em que(6) me preparava para aqui(7) estar hoje; dizer algo do processo em que me inseri enquanto(8) ia escrevendo este texto que(9) agora(10) leio, processo que envolvia uma compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota(11) na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas(12) que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele (13). Linguagem e realidade se prendem (14) dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua (15) leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado - e até gostosamente - a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória, desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim constituindo.

             Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” dos diferentes momentos em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do mundo, do pequeno mundo em que se movia; depois (16), a leitura da palavra que nem sempre, ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.

             A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o mundo particular em que me movia - e até onde não sou traído pela memória -, me é absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, e re-vivo, e no texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra. Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores, algumas delas(17) como se fossem gente, tal a intimidade entre nós - à sua(18) sombra brincava e em seus(19) galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me preparavam para riscos e aventuras maiores.

              A velha casa, seus(20) quartos, seu(21) corredor, seu(22)sótão, seu terraço - o sítio das avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas primeiras leituras. Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto - em cuja percepção me experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber - se encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia apreendendo no meu trato com eles nas minhas relações com meus(23) irmãos mais velhos e com meus(24) pais.

(FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. 12. Ed. São Paulo, Cortez, 1986. P.11-3).

1  Responder às questões seguintes com base na compreensão e na interpretação do texto de Freire (86:9), elaborando respostas completas de acordo com as orientações dadas em aulas anteriores.

1.1 O texto, apesar de se apresentar na forma escrita, mantém alguns traços da língua falada. Aponte os que você perceber e comente-os.

1.2 Por que, segundo o texto, a leitura não se esgota na decodificação pura da palavra escrita?

II PARTE: TRABALHANDO OS MECANISMOS DE COESÃO REFERENCIAL E SEQUENCIAL

2.1 Pode-se notar, lendo o texto acima, que um texto não é apenas uma sequência de frases isoladas. Observe que todos os elementos sublinhados fazem de alguma forma, remissão a outro elemento do texto. Todos os elementos, acima destacados, constituem mecanismos de coesão referencial ou sequencial. Partindo do princípio da coesão referencial, procure identificar as relações que existem entre as palavras ou itens lexicais do texto, ou seja, os referentes que correspondem a cada item lexical assinalado no texto.