Aproveitamento de Resíduos da Construção Civil

1. INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil está entre as que mais utilizam recursos naturais em suas atividades, contribuindo de maneira relevante para a degradação do meio ambiente. Além disso, ocorre também uma grande geração de resíduos, uma vez que a tecnologia adotada no Brasil favorece o desperdício de materiais. Trabalhos desenvolvidos no Instituto de Pesquisas e Tecnologia de São Paulo – IPT, quantificaram que o desperdício na indústria da construção civil varia entre 30% e 40% do custo total da obra.

Os resíduos de construção e demolição são considerados um problema, uma vez que ocupam um grande volume no processo de disposição final e somente uma parcela mínima das cidades brasileiras possuem aterros especiais e usinas de reciclagem. Assim, pode-se inferir que grande parte desses resíduos é disposta indevidamente. A disposição inadequada dos resíduos da construção civil provoca impactos ambientais, no entanto, a redução e a reutilização destes resíduos podem minimizar o consumo de recursos naturais e energéticos e gerar economia com materiais.

Como exemplo de materiais consumidos pela construção civil e que causam impactos ambientais, podemos citar a exploração de pedreiras, nas quais a britagem de rochas gera alguns produtos que não possuem aplicações nobres nas atividades construtivas e, por não ter uma disposição definida, são deixados empilhados ao ar livre no pátio das pedreiras. Outro exemplo é a extração da areia em leitos de rios, que pode contribuir com a destruição das matas ciliares e com o processo de assoreamento.

Dentro da perspectiva de desenvolvimento sustentável é preciso buscar alternativas para diminuir os impactos ambientais da exploração de minerais para atender a demanda da construção civil, o que pode ser conseguido, pela utilização de fontes alternativas de energias renováveis e da reciclagem ou aproveitamento dos resíduos. Neste último caso, a implantação de usinas de reciclagem para aproveitamento dos entulhos gerados pela construção civil tem sido uma alternativa viável para minimizar o volume e diminuir os impactos causados. Atualmente existem usinas de reciclagem do entulho de construção e de demolição em pleno funcionamento nas principais capitais do país, como São Paulo e Belo Horizonte.

Os principais tipos de resíduos gerados na construção são fragmentos ou restos de tijolos, concreto, argamassa, aço, madeira, entre outros, provenientes do desperdício na construção, além dos materiais elaborados em obra, como concreto e argamassas, nos quais estão contidos cimento, cal, areia e brita.

Neste contexto, este trabalho foi desenvolvido com o intuito de gerar informações que possam contribuir para a melhoria da gestão dos resíduos gerados na construção civil. Este estudo aborda a questão dos resíduos sólidos urbanos, especificamente do entulho de obras, visando a sua reciclagem ou aproveitamento, considerando os critérios técnicos e os procedimentos de boas práticas no canteiro de obra.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

Apresentar propostas de aproveitamento para os resíduos da construção civil para que as perdas nos canteiros de obras sejam minimizadas, os impactos ambientais sejam reduzidos e a agregação de valor a estes resíduos possam gerar lucros às construtoras e usinas de reciclagem, tendo como base de estudo, o canteiro de obras do Conjunto de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), do município de Pindamonhangaba (SP).

2.2. Objetivos Específicos

- Realizar revisão bibliográfica para obter dados da literatura sobre o potencial de aproveitamento dos principais resíduos gerados na demolição e construção civil para comparar, posteriormente, com os dados obtidos nos canteiros de obras avaliadas neste estudo;

- Identificar os principais componentes dos resíduos gerados no canteiro de obras do Conjunto de Desenvolvimento Habitacional Urbano (CDHU), em Moreira César, distrito do município de Pindamonhangaba (SP).

- Com base nas informações obtidas na literatura e nos dados coletados no canteiro de obras, propor alternativas de aproveitamento ou reciclagem para os resíduos gerados do CDHU de Pindamonhangaba (SP).

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Resíduos Sólidos

Resíduos sólidos são caracterizados como os materiais resultantes do processo de produção, transformação, utilização ou consumo, oriundos de atividades humanas, de animais ou resultantes de fenômenos naturais, cuja destinação deverá ser ambientalmente e sanitariamente adequada (SINDUSCON-MG).

De acordo com Norma Brasileira NBR 10004/2004, resíduos sólidos são aqueles que nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição, os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face à menor tecnologia disponível (ABNT, 2004).

3.2 Resíduos da Construção Civil

A Resolução nº 307, promulgada pelo CONAMA em 05 de julho de 2002, estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

Segundo o CONAMA nº 307 (2002), os resíduos da construção civil são os provenientes de construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulhos de obras, caliça ou metralha.

Resíduo da Construção Civil (RCC) é todo resíduo gerado no processo construtivo, de reforma, escavação ou demolição (ABRECON, 2014). Normalmente toda obra, seja pequena ou de grande porte, gera resíduos que acabam sendo despejados em locais impróprios.

Durante muito