Controle Estatístico da Qualidade
Por: Breno Pantoja • 12/8/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 3.828 Palavras (16 Páginas) • 184 Visualizações
Departamento de Engenharia de Produção - DEP
Disciplina Controle Estatístico da Qualidade
Relatório de Controle Estatístico da Qualidade:
Monitoramento e Controle do Índice de Mortalidade nas Rodovias Federais do Brasil
Rio de Janeiro
Novembro de 2020
- Introdução
Em 2017, no Brasil, assim como na América Latina, os acidentes de trânsito foram a segunda causa de morte não natural evitável, atrás apenas de homicídio. No mundo, ela assume a liderança do ranking.
Figura 1 - Ranking das Principais Causas de Morte no Brasil[pic 1]
Fonte: BBC1.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, o Brasil teve o quarto trânsito mais letal do mundo, após China, Índia e Nigéria. No ano anterior, 23 a cada 100 mil brasileiros foram vítimas do tráfego nacional. Segundo o diretor-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, José Aurélio Ramalho, uma pessoa morre a cada quinze minutos e, a cada dois minutos, sofre sequelas por causa dos ferimentos.
Os mais variados fatores implicam nos dados acima, até mesmo as novas relações de trabalho, como o processo de uberização. A suposta flexibilização do horário de trabalho, autonomia de empreendedor e alternativa de geração de receita em um país que sofre com alto desemprego, são atrativos para que pessoas sem experiência e sem capacitação se aventurem em carros e motos, sejam próprios ou alugados. Isso aumenta o fluxo no trânsito, a tensão dos motoristas e, consequentemente, o número de acidentes.
Outros fatores, como a ingestão de bebidas alcoólicas, uso de celular enquanto dirige e uso do cinto de segurança tem uma relação mais direta e clara com os acidentes. No entanto, engana-se quem acredita que a imprudência dos motoristas é a única causa do caótico tráfego brasileiro. Esse raciocínio limita as ações que devem ser tomadas em busca de um trânsito mais seguro por meio de políticas públicas.
Diante disso, então, analisar a letalidade dos acidentes de trânsito nas rodovias federais e suas causas é de suma importância para minimizar a taxa de mortalidade no país.
- Objetivo
A variável escolhida para ser monitorada e, assim, encontrar possíveis soluções para minimizá-la foi a de número de mortos por ocorrência. A variável é quantitativa e não segue a distribuição normal, segundo o teste normal de Anderson-Darling que resultou em um valor de “p” menor que 2,2 x 10-16. Com isso, rejeitamos a hipótese nula do teste de normalidade, o que indica que a distribuição não segue a normal.
Figura 2 - Plot da Distribuição Discreta de Frequência da Variável Numérica de Mortos.
[pic 2]
Fonte: Software R - Próprios Autores.
A partir do gráfico acima, depreende-se que a grande maioria das ocorrências fatais fazem uma vítima por vez. Ele ainda confirma o caráter não normal da variável estudada.
É importante salientar que a análise foi feita apenas para os casos em que a variável é maior do que zero, ou seja, em que a ocorrência foi letal.
Como dito anteriormente, em 2017, 23 brasileiros a cada 100 mil foram vítimas do trânsito. Reduzir isso ao padrão Six Sigma, de 3,4 por milhão, é complexo, porém qualquer ganho no âmbito de diminuir mortes ou ocorrências com o auxílio de ferramentas específicas de controle da qualidade é um avanço no estudo da área.
- Metodologia
O presente estudo foi desenvolvido a partir da base de dados de acidentes nas rodovias federais, a qual é publicada anualmente pela Polícia Rodoviária Federal. A instituição fornece informações desde o ano de 2007 até 2020, divididos tanto por agrupamentos de ocorrências quanto por pessoas. Nesta pesquisa exploratória foram examinados os anos de 2014 até 2017 e optou-se pelo arranjo de ocorrências.
A base, inicialmente, estava limpa, com poucos valores perdidos. Ao unificar os arquivos dos anos escolhidos, no entanto, foi necessário realizar alguns ajustes, como: reordenar colunas, renomear categorias com mesmo significado prático a fim de homogeneizar os dados; e excluir variáveis que surgiram apenas na coleta de 2017 e de baixa significância para o estudo, por exemplo, latitude, longitude e delegacia onde foi feita a ocorrência.
A base conta com variáveis do tipo data, em que informa o dia, o mês e o ano da ocorrência; dia da semana; horário; unidade federal; número da rodovia federal, também conhecida como BR; quilômetro da BR em que ocorreu o acidente; município; causa do acidente, isto é, velocidade incompatível, ingestão de bebida alcoólica, defeito na pista, ultrapassagem indevida; tipo de acidente, o que aconteceu, por exemplo, atropelamento de pessoa, colisão frontal; classificação do acidente, se houve vítima fatal; sentido da via em que ocorreu o acidente; condição meteorológica do momento; tipo de pista, como, simples, múltipla ou dupla; traçado do ponto, por exemplo, reta, curva e viaduto; uso do solo, que significa rural, chão de terra, ou urbano, asfalto; e, por fim, a fase do dia, que é dividida em pleno dia, plena noite, amanhecer e anoitecer. Essas são as variáveis qualitativas disponíveis originalmente na base.
Há 8 variáveis quantitativas também, são elas: número de pessoas, mortos, ilesos, feridos, feridos leves, feridos graves e veículos envolvidos na ocorrência, além da variável ignorados, que identifica o total de pessoas em que não se soube o estado físico.
Figura 3 - Histograma do Número de Ocorrências Gerais e Fatais em relação a cada ano analisado.
[pic 3]
Fonte: Microsoft Excel - Próprios Autores.
Conforme foi dito anteriormente, só foram analisados os casos em que a ocorrência teve vítimas fatais. Entretanto, é interessante para o escopo do trabalho dimensionar a ocorrência de acidentes fatais dentro do total e dividi-las pelos anos estudados. A partir disso, notou-se que a letalidade das ocorrências aumentaram anualmente desde 2014 até 2017, pois representam, respectivamente, 4%, 5%, 6% e 8%. Em contrapartida, o número de ocorrências foi diminuindo ano a ano, como é possível enxergar no gráfico.
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