INVESTIMENTO PARA INSTALAÇÃO DE UMA UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE CASCAS DE COCO VERDE NO DISTRITO DE BAIXO QUARTEL, MUNICÍPIO DE LINHARES - ES.
Por: Laís B. Gomes • 19/5/2018 • Relatório de pesquisa • 3.079 Palavras (13 Páginas) • 724 Visualizações
INVESTIMENTO PARA INSTALAÇÃO DE UMA UNIDADE DE BENEFICIAMENTO DE CASCAS DE COCO VERDE NO DISTRITO DE BAIXO QUARTEL, MUNICÍPIO DE LINHARES - ES.
Daniella Soares Teixeira, Franklin Trevisani Dos Santos, Laís Guimarães Batista Gomes, Raphael Leite Marassati, Valeria Lopes, Wesley Batista Corrêa.
ORIENTADOR:
Prof.º Tiago Agrizzi
RESUMO:
Na presente pesquisa realizou-se um estudo para obtenção da estimativa de investimentos para instalação de uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde no município de Linhares, Espírito Santo, sendo este estado o quinto maior produtor de coco do Brasil. A exploração da fibra e do pó gerados a partir dos resíduos de cascas de coco verde possui um grande potencial, podendo ser uma grande alternativa para diminuir a poluição causada por esses resíduos, gerando renda e mitigando os impactos ambientais.
A indústria Água de Coco Macena LTDA ME (nome fantasia Água de Coco 4 Estações) foi utilizada como base dessa pesquisa, onde semanalmente são gerados em torno de 12.000kg de resíduos de cascas durante seu processo de envaze da água dos frutos. Com uma pesquisa orçamentária, foi possível determinar o investimento total para a instalação de uma unidade de beneficiamento dos resíduos, cerca de R$ 196.000,00, contemplando todos os equipamentos e obras.
1 INTRODUÇÃO
O Cocus nucifera é uma planta de origem asiática. O seu fruto é formado por uma camada externa grossa e fibrosa (casca), que envolve uma cavidade central constituída pelo endosperma sólido (copra ou polpa) e líquido (água de coco). Em seu estado natural, a água é estéril e é utilizada como isotônico natural (SEBRAE, 2016).
O Brasil é o quarto maior produtor mundial de água de coco (MARTINS et al., 2014) e de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o estado do Espirito Santo ocupa a quinta posição entre os estados produtores no país, com uma produção 134.162 mil frutos por ano em uma área plantada de 11.087ha.
O consumo da água de coco verde no Brasil é crescente e significativo. A demanda é suprida pelo comércio do fruto e, principalmente, pela extração e envase da água, o que envolve pequenas, médias e grandes empresas (SEBRAE, 2016).
O agronegócio do coco verde tem grande importância em grande parte do território nacional. A procura por alimentos naturais, a aplicação de tecnologias de processamento, as novas alternativas de apresentação do produto e a perspectiva de sua exportação contribuem para aumentar o consumo e incrementar sua rentabilidade. O aumento da exploração dessa cultura passou a ser uma tendência natural, causando a elevação na geração de resíduos sólidos, vindos principalmente da casca do coco (EMBRAPA, 2007).
De acordo com dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Sindicato Nacional dos Produtores de Coco (Sindcoco), em 2014 cerca de 2,2 milhões de toneladas de resíduos de coco foram gerados e dispostos em lixões ou aterros sanitários em todo Brasil.
O aumento na geração dos resíduos de coco, provoca consequente aumento nas despesas com limpezas públicas e manutenção dos aterros sanitários, que tem sua vida útil diminuída com o aumento desses resíduos. A decomposição desse material pode causar emissões de gases causadores do efeito estufa, proliferação de vetores transmissores de doenças, contaminação do solo e corpos hídricos por compostos orgânicos, além de mau odor (ROSA et al., 2001; CARRIJO et al., 2002).
Esses resíduos quando adequadamente processados resultam em fibra e pó das cascas de coco, que no presente já são utilizados em diversas áreas como na produção de adubos orgânicos, compósitos, estofamentos, materiais para jardinagem, floricultura, dentre outros.
Diante do potencial de exploração da fibra e do pó das cascas de coco e a mitigação dos impactos ambientais a partir da utilização desses resíduos, esse trabalho tem como objetivo estimar o investimento necessário para instalação de uma unidade de beneficiamento de cascas de coco verde adjacente a indústria Água de Coco Macena LTDA ME, para produção de pó e fibra, e posterior comercialização.
2 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
2.1 O Coqueiro e o Fruto
O coqueiro é uma planta pertencente à família das palmáceas que atinge até 30 metros de altura. Caracterizam-se morfologicamente por um estipe solitário, curvo ou ereto, folhas grandes, podendo atingir até 3 metros de comprimento e pêndulas com folíolos de coloração verde-amarelada (EOL, 2017).
É uma cultura amplamente cultivada no Brasil, sendo a espécie mais utilizada o Cocos nucifera. Essa espécie possui diversas variedades, destacando-se a gigante (Typicar) e o anão (Nana) que são mais utilizados no setor agronômico, socioeconômico e agroindustrial (FERREIRA; WARWICK; SIQUEIRA,1998; MARTINS et.al., 2010).
O fruto do coqueiro, que é a parte mais explorada da planta, possui as estruturas representadas na figura 1 a seguir:
[pic 1]
Figura 1 – Camadas do fruto do coqueiro
Fonte: BACELOS, 2016.
O Epicarmo possui uma camada lisa e fina do fruto que apresenta uma variação na coloração, que varia de acordo com o estágio de maturação do fruto. O Mesocarpo é a camada grossa intermediária entre o epicarpo e o endocarpo, constituída por fibras e pó, que corresponde a parte mais volumosa do fruto. O endocarpo é a camada mais interna do fruto que forma uma casca fina, lenhosa e dura entre o mesocarpo e o albúmen. O Endosperma é o tecido que contém as substâncias nutritivas, formado pelo albúmen sólido, polpa branca e oleosa com espessura variável, que forma uma cavidade onde deposita-se o albúmen líquido (água de coco). (FERRI, 1981; LAVOYER, 2012; LEÃO, 2012).
O cultivo do coqueiro aumentou consideravelmente nos últimos anos no que diz respeito à área de plantio e de produção, conforme tabela 1 abaixo.
Tabela 1 - Produção de coco, área plantada e produtividade dos principais estados brasileiros produtores em 2015. | |||
ESTADO | PRODUÇÃO (Mil Frutos) | ÁREA PLANTADA (ha) | PRODUTIVIDADE (frutos/há) |
Bahia | 586.881 | 76.442 | 9.434 |
Sergipe | 240.943 | 38.744 | 6.355 |
Continua | |||
Tabela 1 - Produção de coco, área plantada e produtividade dos principais estados brasileiros produtores em 2015. Continuação | |||
ESTADO | PRODUÇÃO (Mil Frutos) | ÁREA PLANTADA (ha) | PRODUTIVIDADE (frutos/há) |
Ceará | 189.576 | 40.102 | 4.976 |
Espiríto Santo | 134.162 | 11.087 | 13.208 |
Alagoas | 67.844 | 16.699 | 4.078 |
Rio Grande do Norte | 56.261 | 16.661 | 3.381 |
Rio de Janeiro | 44.964 | 3.379 | 13.331 |
BRASIL | 1.790.736 | 250.494 | 7.823 |
Fonte: IBGE
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