O ACIDENTE DE TRABALHO NO BRASIL - PROBLEMAS DE CONCEITO E DO REGISTROS
Por: NaluSoares • 18/5/2018 • Trabalho acadêmico • 45.422 Palavras (182 Páginas) • 364 Visualizações
INTRODUÇÃO ENGENHARIA DE SEGURANÇA NO TRABALHO
IVONE CORGOSINHO BAUMECKER
BELO HORIZONTE, 30 DE ABRIL DE 2008
PARTE 1 - FUNDAMENTOS
1 - UM POUCO DE TRABALHO
2 - QUE É TRABALHO?
3- CONCEITOS DE TRABALHO
4 - HISTÓRIAS DO TRABALHO
5 - PONTOS DE VISTA SOBRE O TRABALHO (DO LIVRO SOCIOLOGIA DO TRABALHO DE PIERRE NAVILLE)
6 - PROCESSOS DE TRABALHO E ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
7 - TRABALHO E EMPREGO
8- UM POUCO DE DIREITO DO TRABALHO
9 - INTERAÇÃO TRABALHO- SAÚDE
10 - ACIDENTES DE TRABALHO
11 - O ACIDENTE DE TRABALHO NO BRASIL - PROBLEMAS DE CONCEITO E DO SUBREGISTRO.
12 - A ENGENHARIA DE SEGURANÇA
13 - OS MÉTODOS DA ENGENHARIA DE SEGURANÇA:
14 - ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O MÉTODO DE ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO
15 - A ENGENHARIA DE SEGURANÇA E OS ÓRGÃOS PÚBLICOS
PARTE 2 – POLÍTICA E LEGISLAÇÃO
1 - O DESENVOLVIMENTO DA INTERVENÇÃO PRIVADA E ESTATAL EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
2 - A LEGISLAÇÃO BÁSICA EM SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
PARTE 3 – RELAÇÃO SAUDE E TRABALHO
1- ACIDENTE DE TRABALHO E DOENÇA PROFISSIONAL
2 - A SAÚDE DOS TRABALHADORES NO BRASIL
3 - DIRETRIZES PARA OS SISTEMAS DE GESTAO DA SST - OIT, 2001
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- EPIDEMIOLOGIA
PARTE 4 - LEITURAS COMPLEMENTARES
1 - QUEBRA DE PARADIGMA
2- THREE MILE ISLAND: UM ACIDENTE ORGANIZACIONALNT
PARTE 1 - FUNDAMENTOS
1 - UM POUCO DE TRABALHO
O trabalho sempre existiu. O homem pode ser qualificado diferentemente dos demais seres vivos por inúmeras características, mas uma delas é a capacidade teleológica (de buscar um fim) de seu trabalho.
A abelha faz a colméia, o homem “vê” a possibilidade, através da imaginação, de fazer sua casa, ele define os métodos o porquê de fazê-la, desenvolve-a e, seqüencialmente, nas próximas casas que constrói, imagina as possibilidades de alteração e modifica o projeto, a forma de fazer, os recursos, os métodos e tudo mais. A colméia é sempre a mesma colméia, a casa e a produção do homem são transformadas continuamente, através de seu trabalho.
Os povos antigos tinham uma relação direta entre seu corpo e a natureza, considerada como sua extensão inorgânica. Nessa relação simbiótica o trabalho se dava como fruto das necessidades de alimentação, de moradia e de manutenção das tribos, grupo, gentios ou como os povos se organizassem socialmente. Não havia moedas para trocas e os produtos do trabalho tinham unicamente a característica de uso, não se constituindo ainda como mercadoria.
Com seu trabalho o homem imprime seu rosto na natureza e modificando-a, modifica-se continuamente.
As guerras e as conquistas trazem para o seio das comunidades a servidão, que vem modificar a relação do homem com o trabalho. Para muitos povos o trabalho torna-se indigno, obrigação exclusiva dos não cidadãos. Assim foi na sábia Grécia.
A constituição das cidades, fundamentada, segundo alguns autores, na crescente necessidade de objetos, que não podiam ser fabricados pelo mesmo grupo ou família, traz em seu bojo o comércio, através da troca de mercadoria ou da representação dessas por símbolos, as moedas. Junto com o comércio o trabalho perde a característica de produzir unicamente valores de uso e começa a produzir valores de troca - mercadorias. A transformação, introduzida na sociedade pelas cidades e pela moeda, é tão fundamental que nos impedem de compreender o trabalho fora delas.
Mas as necessidades ainda são bastante reduzidas e a organização da produção se dá através de meios pouco complexos tais como as corporações de ofício. As características básicas das corporações de ofício são o domínio concluso das características de produção, a organização hierarquizada em mestres e aprendizes com ritos de iniciação e de passagem e o controle da produtividade e mesmo do comércio. Segundo Hobsbawm, em Mundos do Trabalho, um sapateiro da idade média podia produzir (com controle da própria corporação) no máximo sete pares de sapato por ano.
As grandes descobertas, o crescimento das cidades, o acúmulo de capital através dos primeiros comércios e, sobretudo, a diferenciação entre a filosofia e a ciência, que possibilitou o desenvolvimento da técnica, tornaram a organização da produção, através das corporações de ofício, inadequadas, dando início ao sistema de fábricas, desencadeando a Revolução Industrial.
A produção ampliou-se de forma considerável, as condições de trabalho decaíram a níveis inimagináveis e teve início algumas das instituições fortemente presentes no nosso mundo do trabalho, como a intervenção estatal; o pagamento por tempo de trabalho e não por produto; as normas de higiene do trabalho e também o trabalho infantil.
As necessidades crescentes de produtos e o desenvolvimento das técnicas tornaram, em pouco mais de 150 anos, as concepções da Revolução Industrial completamente ultrapassadas.
Foram então desenvolvidas técnicas de controle das pessoas no processo de trabalho, através de princípios de administração e de gerência possibilitando incremento de produtividade mas com conseqüências em relação à saúde dos trabalhadores . Destaca-se a Administração Científica de Frederick Taylor, a introdução da linha de produção por Ford e a Teoria Clássica da Administração de Fayol.
Nosso século é o século da homogeneização, da falta de identidade e o trabalho passou pelas mesmas conformações da sociedade. O trabalho foi ampliado, tornado idêntico nos mais diversos cantões do mundo e potencializado através da combinação das técnicas de gerenciamento com a maquinaria.
2 - QUE É TRABALHO?
Se tudo o que se refere ao trabalho exige um estudo tão atento é porque ele merece ser considerado como o traço específico da espécie humana. O homem é um ser social e mesmo hoje, através da variedade dos complexos ecológicos, através do ritmo da marcha do progresso técnico e da evolução do nível econômico das sociedades, ainda se ocupa essencialmente de trabalho.
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