O RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL CLASSE B - GESSO
Por: Armless • 21/11/2017 • Trabalho acadêmico • 12.288 Palavras (50 Páginas) • 372 Visualizações
RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL
CLASSE B - GESSO
LONDRINA – PARANÁ
2013
RESUMO:
Com base nos princípios que orientam a produção mais limpa, que incidem na utilização de uma estratégia econômica, ambiental e tecnológica associadas aos processos e produtos com o intuito de aumentar a eficácia no uso de matérias-primas, energia e água, através da não geração, minimização e também da reciclagem de resíduos gerados em um processo produtivo, bem como os resíduos da Construção Civil, existe a necessidade do desenvolvimento de produtos “ecologicamente corretos”, dando prioridade aos materiais que não agridem o ambiente. Desta maneira, haverá uma melhoria na qualidade dos resíduos oferecidos, facilitando o processo de sua utilização, bem como sua reciclagem, favorecendo a diminuição da deposição indiscriminada dos mesmos no meio ambiente.
O gesso é um material que condiz a este contexto e forma em um material construtivo alternativo. A escolha do tema deste trabalho de pesquisa surgiu da necessidade de se avaliar propostas e metodologias para a reciclagem do gesso, baseadas na proibição pelas promotorias públicas estaduais da destinação dos resíduos em cavas de erosão e aterros comuns. A proibição encontra respaldo em publicações científicas que indicam que a deposição de resíduos de gesso, com presença de umidade, em condições anaeróbicas, em ambientes de baixo pH, e ainda, com a presença de bactérias que atuam como redutoras de sulfatos, pode produzir gás sulfídrico, que em concentrações elevadas é um produto tóxico, que libera íons Ca²+ e SO4²- que alteram a alcalinidade do solo e contaminam os lençóis freáticos.
Este trabalho, além de mostrar como é o processo de produção de gesso no Brasil e seu uso em relação à sua reserva natural, dá ênfase a importância do desenvolvimento de uma política de gestão tanto da utilização quanto da reciclagem do gesso no Brasil, a partir de estudos e exemplos já desenvolvidos.
1- INTRODUÇÃO:
1.1. Gesso como Resíduo da Construção Civil
O crescimento populacional e o processo acelerado de urbanização dos municípios têm sido o maior contribuinte para a geração de grandes volumes de Resíduos da Construção Civil (RCC) e, como consequência, para o aumento da geração dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). Desta maneira, pode-se perceber que a construção civil se enquadra como o maior gerador de resíduos de toda a sociedade.
A existência dos Resíduos da Construção Civil no meio urbano, os definem como Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), e sua constituição pode ser variável em função de sua origem. Os Resíduos Sólidos Urbanos podem ter origem basicamente de três (03) maneiras específicas: de reformas, de novas construções, e de demolições.
O gerenciamento dos Resíduos da Construção Civil (RCC) é de vital importância, uma vez que se trata de expressivo volume, além de representar uma fonte de degradação ambiental, desde a sua aquisição na natureza, quanto à sua destinação final, que é a razão da enorme demanda por grandes espaços para sua deposição.
Com o passar dos anos, com as novas tecnologias, e a modernidade arquitetônica, o gesso vem sendo cada vez mais utilizado devido a sua praticidade, seu uso como revestimento interno vem crescendo por proporcionar um acabamento fino quando bem aplicado e por poder ser aplicado diretamente sobre o substrato, quando utiliza-se de blocos de concreto ou cerâmico, dispensando o revestimento de argamassa, influenciando diretamente no custo da obra e reduzindo também o tempo de aplicação, visto que o gesso é aplicado em uma única camada (em forma de pasta de gesso).
Atualmente, o grande volume de resíduos dispensados pela construção civil gera impactos ambientais significativos por sua disposição de forma incontrolada e sem critérios científicos. (MARQUES NETO, 2005) cita os mais comuns:
a. Formação de áreas irregulares de descarte e o esgotamento dos “bota-foras” com a disposição de grandes volumes de resíduos que afetam diretamente as condições de tráfego de pedestres e veículos, a drenagem superficial e a obstrução de córregos que propiciam a multiplicação de vetores e doenças.
b. Áreas, que pela maneira irregular da deposição, servem de atrativo para a disposição de outros materiais de origem industrial e domésticos, nem sempre inertes que incrementam o impacto ambiental.
c. Construtores clandestinos de pequenas obras lançam os resíduos ao longo das estradas, das vias públicas, terrenos baldios e nas margens de rios e córregos agravando os problemas urbanos como enchentes e tráfego congestionado.
d. Locais irregulares de disposição de RCC e outros materiais propiciam a degradação de áreas que deveriam ser preservadas, bem como, degradam os espaços urbanos.
A deposição irregular de RCC demonstra a falta de compromisso com a qualidade ambiental, afetando a sustentabilidade de forma intensa e negativa.
O gesso, quando hidratado é utilizado na fabricação de placas, molduras e estátuas, retornando desta maneira às características da rocha que o originou, a gipsita.
Assim, a reciclagem do resíduo de gesso deve ser feita observando as mesmas etapas utilizadas na produção do gesso natural, que consiste na moagem, calcinação e pulverização.
A reciclagem do gesso, além de diminuir consideravelmente o passivo ambiental e promover a sustentabilidade, pode colaborar para o desenvolvimento de uma nova atividade econômica e produzir ganhos sociais ao processo de reciclagem.
Na pesquisa bibliográfica, verificou-se que é tecnicamente viável a produção de placas de forro de gesso com a utilização do gesso reciclado.
O gesso reciclado, no que se observou neste trabalho, apresenta características compatíveis com as do gesso comercial. Para as empresas de menor porte, no entanto, a melhor utilização do gesso reciclado é em pastas mistas, pois, a utilização do material no estado puro exige ajustes e adaptações nos equipamentos e na técnica na hora de fabricação.
Diante do grande consumo de recursos naturais, um número cada vez maior de empresas vem incorporando em suas estratégias os conceitos de desenvolvimento sustentável, como uma forma de enfrentar a crise ecológica e de dar respostas à necessidade de harmonizar o processo ambiental com o processo sócio econômico.
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