OTIMIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: MAPEAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE MELHORIAS

OTIMIZAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA EM UMA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA: MAPEAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E PROPOSTA DE MELHORIAS

SÃO PAULO 2017

Ailton Renato Stefanelli Bruna Pereira Campos Carlos Henrique M. Ambrósio Renan Henrique Pin Vanessa Sturnich Capel

RESUMO O termo “água” refere-se somente à substancia química, sem definir uso ou utilização. Porém, o termo “recurso hídrico” considera a água como bem econômico, a fim de ser utilizado. Mas toda a água da Terra não é, necessariamente, um recurso hídrico. Verifica-se que boa parte da água disponível no planeta não pode ser utilizada para consumo, como quando em oceanos ou em formato de gelo e neve. Tendo em vista o crescente aumento de demanda por esse recurso, dado a necessidade de suprir as necessidades para a vida humana, tanto em indústrias quanto para uso doméstico faz-se necessário o desenvolvimento de técnicas para reutilização, reciclagem e upcycling desse recurso. O trabalho aponta como estão distribuídos os recursos, suas diversas peculiaridades relacionadas a consumo e oportunidades de otimização dos mesmos, exemplificado através de bases científicas e uma metodologia prática aplicada em uma indústria de bebidas localizada no interior de São Paulo, apontando a dimensão da oportunidade e a sustentabilidade a ela relacionada.

Palavras-chave: Consumo de água, otimização, indústrias alimentícias, reutilização, reciclagem e upcycling.

ABSTRACT The word water refers only to the chemical element, without defining its use. This term when considered as a resource consider water also as an economical factor to be used. But not all Earth’s water can be consider as an resource. It is possible to verify that most water cannot be used to consumption as when it’s is on oceans, ice or snow. With that on site and the constant increase for this resource, considering the need to suppress the needs to human life, as much as in industries it becomes

necessary to develop technics to reuse, recycle and upcycling it. This paper points how resources are distributed, its peculiarities related to the consumption and opportunities of optimization of those, exemplifying it thought a practical methodology applied to a beverage industry located at the country side of São Paulo, pointing the dimension of the opportunity and the sustainability related to it.

Keywords: Water consumption, optimization, food and beverage industries, re-use, water treatment and upcycling.

INTRODUÇÃO

A água é essencial à vida, ao desenvolvimento da espécie humana. Atender às necessidades de abastecimento das atividades domésticas, da agricultura e da indústria exige cada vez mais água em quantidade suficiente e qualidade adequada. A água doce disponível para a população do planeta representa cerca de 3% do volume total existente. Os outros 97% são os oceanos. Apenas 1% da água doce está acessível na superfície.

A escassez de água configura um obstáculo relevante no sentido de ser enunciado de discussão, das possibilidades para esgotar e/ou minorar esse conjunto de problemas. A escassez de água afeta extensões de todo o planeta, por isso, é fundamental que qualquer experiência referente ao uso eficiente e consciente desse recurso seja levada a outras regiões como forma de transmitir e conscientizar outras nações da importância de se conservar a qualidade desse bem, que no passado se pensou tratar-se de um recurso permanente.

Atendendo a essa apreensão, o texto em apreciação tem objetivo de tratar noções teóricas e práticas do uso eficiente da água ligado ao setor de bebidas. Assim, primeiramente serão feitas ilustrações sobre alguns aspectos conceituais e técnicos do uso eficiente da água em indústrias, posteriormente será apresentado o estudo da experiência numa indústria brasileira a fim de implantar sistemas de uso eficiente de água em seus processos produtivos com resultados sustentáveis.

CONSUMO DE ÁGUA PELA INDÚSTRIA ALIMENTÍCIA

A água pura é um líquido incolor, inodoro insípido e transparente. É uma substância muito complexa e por ser um excelente solvente, até hoje ninguém pôde

vê-la em estado de absoluta pureza. Quimicamente sabe-se que, mesmo sem impurezas, a água é a mistura de substâncias distintas (RICHTER; AZEVEDO NETO, 1991). Andrade e Macêdo (2006) levantam que a análise da água natural sugere a presença de mais de cinquenta constituintes como gases, sólidos ionizados, compostos orgânicos dissolvidos, matéria em suspensão (p. ex., microorganismos, entre outros.). Mesmo de origem pluviométrica, sendo considerada pura, a água possui sólidos dissolvidos, absorve gases e diversas substâncias suspensas na atmosfera. Como tal suas condições são muito críticas, particularmente para o uso industrial nos grandes complexos.

A indústria nacional brasileira está submetida às pressões exercidas pela disputa do mercado nacional e internacional, e por outro lado pelas imposições ambientais. No que diz respeito à questão dos recursos hídricos, estão condicionados à legislação particularmente associada à cobrança pelo seu uso.

É amplamente utilizada nas seguintes situações: consumo humano, como fluído de transferência de calor (p. ex., processos aquecimento ou resfriamento; para o aquecimento, é comumente empregada na geração de vapor através de caldeiras que aplicam a combustão de gás ou produtos de resíduo; para resfriamento, circulação de água através de torres ou tanques de resfriamento para remover o calor de misturas reativas, já que a elevação da temperatura é indesejável em alguns processos e pode comprometer o desempenho do sistema e danificar os equipamentos.), na geração de energia (p. ex., plantas termoelétricas que fazem uso do vapor d’água com finalidade de mover turbinas adaptadas a geradores; a água é utilizada em estado natural, com atenção para que detritos e substâncias agressivas não danifiquem os dispositivos do sistema.), na higienização e sanitização de equipamentos, no transporte e suspensão de contaminantes (p. ex., uso da água em instalações sanitárias, na lavagem de equipamentos e instalações ou para incorporação de subprodutos sólidos, líquidos ou gasosos gerados por processos industriais.), além do seu uso como matéria prima (p. ex., a água é incorporada ao produto final, principalmente em bebidas; nestas aplicações o grau de qualidade da água pode variar bastante, podendo-se admitir características equivalentes ou superiores às da água para o consumo humano.) ou como fluído auxiliar (p. ex., para incorporar ingredientes à fórmulas sem integrar-se ao produto fabricado, para