PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA - MESTRADO
Por: Filipe Istvandic • 4/7/2018 • Trabalho acadêmico • 3.652 Palavras (15 Páginas) • 310 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA - MESTRADO
Disciplina: Construção de edifícios II
Notas de aula
Perdas na construção civil
1. OBJETIVOS DA AULA
⦁ Introduzir os conceitos de desperdícios e excesso de consumo de materiais e recursos naturais não renováveis na Indústria da Construção brasileira
⦁ Perdas de materiais na construção civil, conceito, classificação, diagnóstico e consumo
⦁ Mecanismos para redução de perdas
2. INTRODUÇÃO
Estima-se que a construção civil utilize entre 50 e 75% do total de recursos naturais consumidos pela sociedade, caracterizados desde grandes construtoras até por pequenas obras de construção, reformas e demolição, geralmente realizadas pelo próprio usuário dos imóveis. (ULSEN, 2013).
A indústria da construção civil ocupa uma posição de grande destaque na economia nacional, haja vista a significante parcela do Produto Interno Bruno do país pela qual é responsável, correspondendo por valores superiores a 15%, e o contingente de pessoas que, direta ou indiretamente, emprega (fala-se em ocupar diretamente por volta de 4 milhões de pessoas, e em gerar aproximadamente 3 empregos indiretos para cada direto). Portanto, se, por um lado, a Construção influencia a vida do país, por outro, é também bastante influenciada pelas decisões relativas à gestão do mesmo (SOUZA, 2005).
As perdas na construção civil são elevadas quando comparadas a outros setores, mas conseguir dimensionar estas perdas não é algo tão simples, devido a características particulares desde a cadeia produtiva até a utilização da matéria prima desenvolvida. O fato é que não houve por parte das empresas nacionais, até bem pouco tempo atrás, uma preocupação em desenvolver novos processos produtivos ou novas tecnologias. Isso devido, ao fato de existir no Brasil um grande déficit habitacional, com uma demanda reprimida e com isso, uma facilidade de escoamento das vendas, independente da qualidade do produto e de seu custo (SIMONI, 2016).
Os índices de perdas na construção civil são, de maneira geral, identificados por pesquisadores como sendo bastante elevado. Um dos estudos mais relevantes é a Pesquisa “Alternativas para a Redução do Desperdício de Materiais nos Canteiros de Obra” (1998), no qual participaram dezesseis universidades do país, sendo analisado vinte e dois tipos de materiais em vinte e sete serviços em canteiros de obra em diversos estados do Brasil.
3. CONCEITO DE PERDAS
Encontram-se várias conceituações de perdas na literatura científica. Segundo Oliveira (1996): pode-se conceituar perdas como sendo tudo (atividade ou não atividade) que gera custos, porém não adiciona valor ao produto/serviço. O conceito de perdas na construção civil é, com frequência, associado unicamente aos desperdícios de materiais. No entanto, as perdas estendem-se além deste conceito e devem ser entendidas como qualquer ineficiência que se reflita no uso de equipamentos, materiais, mão de obra e capital em quantidades superiores àquelas necessárias à produção da edificação. Neste caso, as perdas englobam tanto a ocorrência de desperdícios de materiais quanto a execução de tarefas desnecessárias que geram custos adicionais e não agregam valor. (FORMOSO et al., 1998).
No entanto, não foi sempre assim, para entendermos o conceito de perdas da construção civil devemos buscar o conceito de perdas desde seu surgimento, na ótica das filosofias da produção, do Sistema Toyota de Produção ao Lean Construction. Desde o século XIX, a ideia de produção era vista apenas como a simples transformação de matéria prima em um produto final, sem levar em consideração as diversas atividades necessárias para a mesma. Este processo de transformação de uma entrada em uma saída é chamado de conversão.
Sistema Toyota de Produção (STP)
Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão e parte do mundo passaram por um período de grandes dificuldades. A situação das empresas japonesas era de redução dos recursos e crédito, gerando uma fase de depressão econômica. Então, diante de tais dificuldades, foi necessário achar um meio para que as empresas se mantivessem na concorrência do mercado. Nesse período foi criado na Toyota, indústria automobilística japonesa, o Sistema Toyota de Produção – STP, que foi colocado à prova durante a crise do petróleo na década de 70, obtendo com isso o reconhecimento de sua eficiência e vindo a servir de base para as mais diversas indústrias e setores.
O sistema criado por Taiichi Ohno e Eiji Toyoda teve como referencial o Sistema Ford de Produção. O Fordismo, como também é conhecido, utilizava o método de produção em massa. Grandes máquinas, grandes estoques, inúmeros setores e departamentos, porém, qualidade em segundo plano e altas taxas de produtos defeituosos. Entretanto, o sistema contribuiu com algumas inovações para a indústria como a alteração na organização do trabalho na manufatura. Dentre elas podem ser citadas a padronização do produto final, a intercambiabilidade de peças e as linhas de montagem.
Ohno e Toyoda estudaram os sistemas de produção nas fábricas da Toyota, e verificaram que esse sistema seria inviável diante da limitação de recursos e da crise financeira no Japão. Portanto, foi necessária a criação de um novo sistema de produção que competisse com o mercado mundial e fosse adaptado à realidade japonesa. Dessa forma, com mão de obra reduzida e poucos recursos à disposição para investimentos, os profissionais japoneses buscaram desenvolver um sistema que vinculava os benefícios da produção artesanal com operários altamente qualificados e ferramentas flexíveis para produzir precisamente o que o consumidor desejava, ou seja, as vantagens da produção em massa, com elevada produtividade e baixo custo (LORENZON, 2008).
Uma das principais características do STP é a redução de perdas em todo o processo de produção. Essas perdas podem ser tanto desperdício de materiais quanto execução de tarefas desnecessárias que levam a custos adicionais e a atividades que não agregam valor. O STP também conhecido como Lean Production (produção enxuta), representa fazer mais com menos – menos
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