Temperatura influencia no sono

Estudo experimental no conforto térmico das pessoas durante o sono sob diferentes temperaturas do ar

Li Lan, Li Pan, Zhiwei Lian, Hongyuan Huang, Yanbing Lin

Dormir é essencial para a reposição da energia física e mental gasta durante o dia. A qualidade do sono está intimamente ligada a esta capacidade de recuperação. O sono humano é dividido em duas fases REM, onde acontece os sonhos e tem-se maior atividade cerebral, e o NREM que é dividido em estágios N1, N2 e N3. O estágio N3 do sono é caracterizado por ondas cerebrais menores (baixa atividade cerebral), também chamado de SWS ( slow wave sleep) e é onde acontece a recuperação da energia. A baixa qualidade do sono pode comprometer as atividades quando acordado e também prejudicar a saúde, como por exemplo levar a doenças cardiovasculares.

O ambiente térmico pode ser um dos mais importantes fatores que afetam a qualidade do sono humano. Temperaturas do ar muito baixas podem diminuir a SWS, e aumentar o período de vigília (pessoa acordada ao deitar). Por isso, um ambiente termicamente confortável para o sono é importante para a manutenção do sono e contribui positivamente para a saúde humana.

A maioria das normas de conforto térmico é voltada para pessoas acordadas, embora mais de um terço da vida seja gasto dormindo. Em áreas muito quentes o uso de ar condicionado nos quartos é a saída mais usada para melhorar o conforto térmico, mas pesquisas levaram a conclusão de que estas normas e o uso de ar condicionado não é suficientemente aplicável a pessoas dormindo.

No presente estudo foram feitos experimentos com voluntários para avaliar a interferência da temperatura do ar na qualidade do sono. Os voluntários foram convidados a dormir em câmaras equipadas com sistema de ventilação deslocável, expostos a três temperaturas do ar diferentes 23°, 26° e 30°C , e também utilizaram questionários subjetivos para avaliar o conforto desses voluntários durante o sono aplicados antes e após a noite. As ondas cerebrais foram medidas por meio de eletroencefalograma (EEG).

Comparando o indivíduo acordado com o indivíduo dormindo percebeu-se que a sensação térmica diminuía durante o sono. A uma temperatura de 23°C o indivíduo acordado se sentia termicamente confortável, mas informou que quando adormecia na mesma temperatura sentia desconfortável. Analisando o resultado dos EEG, os indivíduos demoraram mais para adormecer a 23°C ou 30°C do que a 26°C. As curvas de SWS diminuíram mais a 30°C do que a 26°C, e entre 23°C e 26°C diminuiu mais à 23°C. Verificou-se também que a temperatura média da pele aumentou significativamente com a temperatura do ar e varia no padrão semelhante ao período do sono.

Os resultados da pesquisa mostraram que a qualidade do sono é sensível a variação de temperatura do ar, que a temperatura neutra do sono é maior do que no estado de vigília e que um ambiente termicamente desconfortável ativa os mecanismos de defesa e interrompe o sono.