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O Lixo Eletrônico

Por:   •  11/11/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.703 Palavras (7 Páginas)  •  273 Visualizações

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1 LIXO ELETRÔNICO

1.1 Um problema global pouco comentado

O lixo eletrônico possui uma grande quantidade de substâncias prejudiciais ao ambiente e ao homem, por isso seu descarte deve ser feito adequadamente, porém não é o que acontece na maioria dos casos. Com o avanço da tecnologia, alguns equipamentos vão ficando para trás até que tenham que ser descartados, mas a pergunta é “para onde vão esses materiais?”.

Em nosso dia a dia não pensamos nisto, não pensamos o quanto uma bateria de notebook ou de celular vão poluir o solo ou os mares, ou mesmo os demais componentes como plástico e metais pesados. Nossa preocupação está geralmente em nos manter “atualizados” dentro da tecnologia. Essa intensa troca causa um grave problema para o meio ambiente, pois a fabricação desses produtos consome uma enorme quantidade de recursos naturais. Para a produção de um único notebook, por exemplo, exige 50 mil litros d'água em seu processo de fabricação. Além disso, se considerarmos que a vida útil desses equipamentos é muito curta.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), o lixo eletrônico atualmente aumenta três vezes mais rápido do que o lixo comum e em 2017, Destaque para economias emergentes, como as dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), onde a ampliação das populações de classe média tem gerado um grande crescimento na procura por esses bens de consumo. Foi constatado que o volume desse lixo no planeta é de quase 48 milhões de toneladas, ou seja, o mundo está ficando cada vez menor para a quantidade de resíduos eletrônicos despejada na natureza.

1.2 Países ricos estão tornando países pobres em “lixão” de resíduos eletrônicos

Infelizmente, países em desenvolvimento estão se tornando “depósito” de lixo para nações ricas. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OTI), cerca de 80% são mandados para esses países, porém os mesmos carecem de regulamentação, tecnologias apropriadas e infraestruturas para realizar a reciclagem da grande maioria desses resíduos, pois a quantidade e variedade de material encontrada nesse tipo de lixo é enorme.

Segundo o estudo grande maioria do material é exportado ilegalmente, e esses resíduos acabam indo parar em países como China, Gana e Nigéria que possuem plantas de reciclagens informais, e também acabam sendo reexportados para países como Vietnã, que não possuem condições de dar um fim aos resíduos, causando um enorme problema ambiental. Desses países citados, Gana é o que mais sofre. Sua capital, Acra, possui um verdadeiro “cemitério de lixo eletrônico”, um dos lugares mais poluídos do planeta, com uma área que tem o tamanho de 11 campos de futebol, se encontram inúmeros catadores recolhendo placas-mãe, fios de cobre e metais valiosos, queimando as capas de plástico e enchendo o ar de substâncias toxicas. A cada ano são despejados toneladas de lixo eletrônico vindos da América do Norte e Europa, o que faz muitos moradores vierem disso, “reciclando” de maneira rudimentar e correndo sérios riscos à saúde.

Visando proteger os países subdesenvolvidos dos resíduos alheios, desde 1989 a Convenção da Basileia proíbe a exportação deste tipo de lixo, porém mesmo assim as nações ricas usam as doações e as desculpas de redução da disparidade digital para mandar esse material obsoleto.

Imagem 1 – Um dos maiores “cemitérios de eletrônicos” do mundo se encontra em Gana

[pic 1]

Fonte:http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2016/01/160109_lixao_eletronicos_ab

1.3 O lixo eletrônico no Brasil e suas políticas

O Brasil aparece entre os países que mais geram lixo eletrônico no mundo, com mais de 1,4 milhão de tonelada produzido anualmente o que equivale a 7kg de lixo eletrônico produzido por pessoa. Como as indústrias de eletrônicos do Brasil vêm crescendo a cada ano, elas tendem a lançar produtos em períodos cada vez mais curtos, desenvolvendo atualizações para seus produtos em um período que chega a ser tão curto quanto 6 meses. Desse lixo apenas 13% produzido no país é tratado corretamente, o que demonstra a gravidade da situação. Na América perdemos apenas para os Estados Unidos, e mesmo assim, segundo dados do Sistema Nacional e Informações Sobre Saneamento (SNIS) somente 724 municípios no país possuem algum tipo de coleta de lixo eletrônico. De acordo com dados no Ministério do Meio Ambiente, 500 milhões de equipamentos permanecem sem uso nas residências.

Em Manaus por exemplo, temos um grande polo da indústria eletrônica do país, porem há apenas um aterro legalizado. Existem muitos outros clandestinos, alguns próximos a Floresta Amazônica e de algumas moradias, causando grandes problemas para a localidade.

        A política em relação ao lixo eletrônico ainda e muito precária, existem poucas leis que abrangem esse assunto. A lei que mais se enquadra nesse termo é Política Nacional de Resíduos Sólidos n°12.305/2010, ela cria responsabilidade e a obrigação de que todas as empresas, importadores, consumidores, prefeituras e todo órgão público tenham a responsabilidade de recolher ou mandar para aterros sanitários os lixos por eles criados ou utilizados. Apesar de não especificar uma norma para o lixo eletrônico, ela pode ser aplicada em sua maioria para esse tipo de material. São poucos os países na América Latina que possuem regulamentações que, de alguma forma, podem ser aplicadas ao tratamento de lixo eletrônico.

A PNRS estabelece que toda instituição e organização é responsável por separar e descartar corretamente os resíduos que produzem, incluindo o comércio, municípios, indústrias e consumidores.

Imagem 2 – O consumo de eletrônicos no Brasil

[pic 2]Fonte: http://istoe.com.br/422443_O+NEGOCIO+BILIONARIO+DO+LIXO+ELETRONICO/

1.4 A importância e as dificuldades da reciclagem no país

A sucata eletrônica tem se tornado um meio de vida para muitas pessoas, porém o manuseio incorreto tem seus riscos. Um estudo da Faculdade de Medicina da USP identificou taxas anormais de metais como cádmio e chumbo no sangue de catadores no Brasil.

Um dos principais problemas desse descarte incorreto está no fato de que eles contêm substâncias tóxicas como chumbo, mercúrio, cádmio, berílio entre outros. Eles contem também em sua composição materiais como plástico, metal, vidros, que demoram muito tempo para se decomporem no solo.

Quando esse lixo é descartado de forma incorreta, juntamente com o lixo comum que vão para aterros sanitários, essas substâncias tóxicas são liberadas tendo a chance de contaminar o solo e atingir os lençóis freáticos, ou seja, se essa agua venha a ser utilizada na irrigação, criação de gado ou até mesmo no abastecimento público, a população poderá ser afetada. Além disso a contaminação no homem pode ocorrer pelo simples contato direto com os elementos químicos através de toque ou inalação. As substâncias toxicas encontradas nesse tipo de lixo podem provocar distúrbios no sistema nervoso, problemas pulmonares e renais e outras doenças, podendo, inclusive, afetar o cérebro e causar câncer. Diante desses perigos, fica claro que é necessário cada vez mais se preocupar com a destinação correta do lixo eletrônico.

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