Voltando a Marx e à Queda da Taxa de Lucro
Por: Marinara Rubenich • 23/8/2016 • Seminário • 1.072 Palavras (5 Páginas) • 446 Visualizações
Voltando a Marx e à Queda da Taxa de Lucro
Para Marx a “burguesia produz sua própria cova”, através do, anteriormente mencionado “princípio da acumulação infinita”.
Podemos considerar isso através da lei dinâmica β = s/g no caso particular em que a taxa de crescimento é nula, ou ao menos muito próxima de zero.
Se a taxa g é baixa e se aproxima de zero, a relação capital / renda de longo prazo, β = s/g, tende ao infinito. E, com uma relação capital / renda β infinitamente elevada, o rendimento do capital r deve necessariamente se reduzir mais e mais até chegar perto de zero, o que fará com que a participação do capital α = r × β devore a totalidade da renda nacional.
Uma solução dada por ele seria o crescimento permanente da produtividade e da população que permite equilibrar a adição contínua de novas unidades de capital, como exprime a lei β = s/g.
Além das duas “Cambridges”
Entre o fim do século XIX e o início do século XX algumas estimativas como estoque, renda e produção docapital eram mais numerosas do que as outras, o que posteriormente gerou inúmeras controvérsias e desentendimentos.
Nos anos 30 e 40 era usada a equação g = s/β pois os economistas Harrod e Domar consideravam β fixa e dependente da tecnologia disponível, de modo que g era determinado apenas pela poupança.
Exemplo:
s = 10%
β = 5 (un. de capital p/ cada produto)
g = 2%
Vale ressaltar que, segundo eles, g deveria ser igual a taxa de crescimento da população, como isso não ocorria ou se tinha excesso de capital e/ou excesso de desemprego.
Apenas em 1956 Solow ajustou a equação β = s/g, pois, no no longo prazo, a relação capital / renda se ajusta à taxa de poupança e ao crescimento estrutural da economia. Foi aí que iniciou-se o “debate das duas Cambridges”, Samuelson e Solow defendiam a função de produção com fatores substituíveis e outros economistas como Robinson, Kaldor e Passinetti discordavam.
Entre 70 e 80 o modelo “neoclássico” de Solow se impôs como uma lei de longo prazo, definitivamente.
A controvérsia se tornou enorme graças à falta de informações que os economistas dispunham, principalmente devido às guerras que criaram uma forte descontinuidade da análise conceitual e do quadro estatístico das estimativas de capital impedindo, por um tempo, uma perspectiva de longo prazo sobre essa questão.
O retorno do capital no regime de crescimento baixo
Apenas após o fim do século XX e do início do século XXI que passamos a dispor de dados estatísticos permitindo a análise adequada da dinâmica de longo prazo da relação capital / renda e da divisão capital-trabalho.
O crescimento fraco e o crescimento demogáfico nulo e às vezes negativo nos conduz a saber qual o retono do capital. Tende a haver novamente enormes estoques de capital nas empresas das sociedades de crescimento baixo e se reflete na lei β = s/g.
Na Europa, a relarelação capital / renda já voltou, no início do século XXI, aos
níveis da ordem de cinco a seis anos de renda nacional, pouco abaixo dos observados nos séculos XVIII e XIX até a véspera da Primeira Guerra Mundial.
No mundo essa relação pode ser ainda maior ao longo do século XXI. Se a taxa de poupança se mantiver em torno de 10% e se a taxa de crescimento se estabilizar em 1,5% no longuíssimo prazo o estoque mundial de capital atingirá seis a sete anos de renda. E, se o crescimento cair a 1%, o estoque de capital poderá chegar a dez anos de renda.
Não necessariamente a alta previsível da relação capital / renda não necessariamente trará uma queda sensível do rendimento do capital, pois a elasticidade de substituição entre capital e trabalho é maio do que 1 a longo prazo (L/C Lucro sobre o Capital em estoque).
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