AS MEMÓRIAS E REFLEXÕES DO ESTÁGIO
Por: Laila26 • 29/1/2023 • Trabalho acadêmico • 2.239 Palavras (9 Páginas) • 75 Visualizações
MEMÓRIAS E REFLEXÕES DO ESTÁGIO I - OBSERVAÇÃO
INTRODUÇÃO
O presente memorial é parte integrante do conteúdo exigido para a conclusão da disciplina de Estágio I do curso de Licenciatura em Química. Esse instrumento pedagógico tem como finalidade apresentar as vivências e experiências do processo de tornar-se professor por meio do estágio, evidenciando diversas etapas particulares de cada indivíduo, como sua história pessoal e na educação, seu processo de escolha e vivências no curso superior, suas observações durante o estágio, bem como o registro de outras atividades que colaboram para uma análise crítica e reflexiva do seu processo educativo. Andrade Júnior (2022, p. 7) discute que o memorial formativo “sugere um retorno ao passado que se deseja revisitar. E no ato de se fazer voltar à tona uma experiência passada, o educador tem a oportunidade de ressignificar suas experiências.” Dessa forma, para além de um relatório padrão, o memorial formativo abre espaço para a construção e reflexão da prática profissional, uma vez que há um resgate de experiências passadas que podem ser ressignificadas e, com isso, promove possíveis mudanças.
Diante disso, é necessário compreender o que é o estágio e sua importância dentro dos cursos de licenciatura. Pimenta e Lima (2010) trazem uma discussão sobre o estágio desconstruindo a ideia desse conceito ser algo relativo à prática docente, visto que muitos entendem o estágio como uma “parte prática” do curso, e colocando-o como uma atividade teórica, que condiciona a prática docente e que é capaz de realizar a aproximação de uma realidade. Nesse sentido, o estágio tem uma característica de promover o conhecimento e a discussão de um contexto no qual a prática docente está inserida, tornando-se não necessariamente uma atividade prática, já que outros aspectos são envolvidos durante esse processo, inclusive a pesquisa, leitura e observação. Lima e Pimenta (2006, p. 17) apontam que o estágio promove uma atividade de reflexão critica a respeito do das condições em que o ensino acontece, uma vez que durante esse processo haverá problematização de práticas, ações e pesquisas relacionadas que colaboram com a educação e a formação docente.
Dentre os tipos de estágios existentes, o de observação, presente nos cursos de licenciatura, possui grande importância e propiciam experiências inovadoras que proporcionam uma formação mais reflexiva do docente, uma vez que a observação da prática permite a análise de diversas ações ocorridas durante o processo educacional. Além disso, a observação não se limita ao ambiente da sala de aula, onde professores e alunos estão inseridos e são analisados, mas envolve também observações sobre a estrutura física da escola, a direção, a coordenação, os funcionários e os documentos que regem aquela instituição. Nessa perspectiva, o licenciando adquire um conhecimento maior sobre todo o contexto em que determinada sala de aula está inserida. Broietti e Barreto (2011) evidenciam que o estágio de observação permite que a vivência de conflitos, situações reais do cotidiano da sala de aula, e, dessa forma, contribui para um momento reflexivo a respeito da situação e até mesmo na promoção de ideias e soluções para tal situação. Percebe-se, portanto, que o estágio de observação é uma etapa fundamental na formação docente e o processo de escrita e relatos faz parte e colabora com uma análise mais profunda das experiências.
(RE)CONTANDO A MINHA HISTÓRIA
Nasci na cidade de São Raimundo Nonato, no estado do Piauí, mas vivi os três primeiros anos da minha vida na zona rural de uma cidade vizinha, Coronel José Dias, cidade natal dos meus pais e onde meus avós residem. Sou a mais nova de três filhos. Quando eu tinha quatro anos de idade, minha família mudou definitivamente para São Raimundo Nonato, por decisão do meu pai, motivado pela melhoria na nossa qualidade de vida e educação, já que o acesso às escolas da zona rural era extremamente difícil. Antes mesmo de entrar na escola de fato lembro-me do incentivo dos meus pais no que diz respeito à minha e a educação dos meus irmãos, creio que por ser algo que eles infelizmente não tiveram acesso de maneira tão fácil.
Aos cinco anos iniciei a pré-escola em uma instituição pública municipal, a mesma que meus irmãos estudavam e que passei os próximos nove anos do ensino fundamental. Dessa primeira experiência tenho poucas lembranças, a não ser o primeiro dia de aula, que eu me recusei a entrar na sala, pois eu era muito apegada a minha mãe e não queria ficar sozinha com pessoas que não conhecia. Lembro-me da minha primeira professora que se chamava Elizandra (recordo-me do nome, porque voltei a ter aulas com ela anos depois) e que, com certeza, foi fundamental na minha alfabetização. Um dos momentos mais interessantes que guardo na memória foi quando essa professora nos apresentou alguns livros infantis e nos contou diversas histórias, momento que se repetiu ao longo do ano letivo. Lembro exatamente do meu livro favorito dentre os que ela havia nos mostrado, ele era azul e contava uma história sobre alguns animais que estavam fazendo uma “festa” na floresta, tinha muitas ilustrações e nele era possível modificar as roupas que os animais vestiam, levantando ou abaixando um papelzinho que vinha colado em cada folha. Ficava encantada com isso e talvez esse momento tenha sido o pontapé inicial que me fez gostar da leitura.
De modo geral, apesar de ter momentos bons, tenho lembranças de não gostar tanto do ambiente escolar no início da minha trajetória como estudante. Lembro inclusive de algumas vezes que fingi estar doente para poder voltar para casa, na 1ª ou na 2ª série do fundamental. Porém, essa fase não durou tanto tempo, seja por exigência dos meus pais ou como reflexo do meu próprio crescimento, acabei construindo uma relação muito boa com os estudos. Recordo-me de me dedicar bastante, sempre fazer as atividade e conquistar notas excelentes nas provas que me proporcionaram, inclusive, a obtenção de alguns prêmios durante o ensino fundamental, que, segundo a direção, tinham o objetivo de reconhecer o meu empenho e me incentivar ainda mais. Apesar disso, ainda naquela época, eu tinha conhecimento que a minha educação não era tão boa e se limitava, muitas vezes, à memorização. Lembro bem dos conteúdos que eu tinha certeza que realmente havia compreendido e dos que eu sabia que só havia memorizado e logo se perderiam. Eu gostava muito de matemática, ciências e língua portuguesa (minha disciplina favorita na época), e sempre me recordo de muitos conceitos que aprendi no fundamental.
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