Extrato Fluido do Leite da Castanha de Caju
Por: cahrolzinha • 5/8/2016 • Projeto de pesquisa • 2.296 Palavras (10 Páginas) • 549 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA QUÍMICA
GRUPO DE QUÍMICA DE ÓLEOS ESSENCIAIS E ALIMENTOS
BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA EM DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E INOVAÇÃO
EDITAL FAPEMA Nº 15/2014
PROGRAMA – BITI/FAPEMA
PROCESSAMENTO, PRODUÇÃO E CONSERVAÇÃO DO EXTRATO FLUIDO (LEITE) DE CASTANHA DE CAJU
(Anacardium occidentale L.)
Prof. Dr. Victor Elias Mouchrek Filho – Coordenador
São Luís - MA
2014
1. INTRODUÇÃO
O caju (Anacardium occidentale L.) pertence à família anacardiaceae, constituída por árvores e arbustos tropicais e subtropicais que apresentam ramos sempre providos de canais resiníferos e folhas alternadas, composta por mais de 60 gêneros e 400 espécies. A palavra caju provém do idioma tupi e significa segundo alguns tupinólogos, fruto amarelo.
Muito antes do descobrimento do Brasil o caju era alimento básico das populações autóctones, conforme atestam os relatos dos primeiros colonizadores que, ao chegarem ao Brasil, verificaram a grande utilização que lhe davam, tanto ao estado “in natura” como em rudimentares formas de processamento. Reconhecendo sua importância, incorporaram e aperfeiçoaram seu uso de tal maneira que o cajueiro, o pedúnculo e a castanha passaram a integrar a cultura e a vida dos nordestinos, principalmente dos habitantes de zonas praieiras. Considerando a crescente comercialização de seus principais produtos como a amêndoa e o liquido contido no mesocarpo da castanha, é indiscutível a importância que o caju representa para nossa região, com uma atividade econômica e social de grande expressão garantindo renda e gerando divisas.
1.1. Aspectos gerais sobre a Castanha de caju
O cajueiro é uma planta nativa dos campos e dunas da costa norte do país, hoje espalhada por toda a América Tropical e Antilhas e até subespontânea em várias zonas da África e da Ásia. Atinge, nos bons terrenos, até 20 metros de altura com o diâmetro da copa proporcional. No entanto, nas areias litorâneas e nas terras secas e arenosas do sertão torna-se árvore baixa, de tronco atarracado, tortuoso, esgalhado a partir da base, com ramos longos, sinuosos, formando copa ampla e irregular. O fruto, a castanha, é um aquênio reniforme cujo peso pode variar de 3 a 32 gramas o que permite a classificação em: castanha miúda, pequena, média, grande e gigante. (LIMA, 1988).
1.1.1 Uso das diversas partes da planta
As diversas partes do cajueiro podem ser utilizadas para vários fins, sendo a castanha (fruto) e o pedúnculo (falso fruto) as partes economicamente mais importantes. A utilização das partes componentes do cajueiro são as seguintes:
Raiz – As raízes do cajueiro passam por aperientes ou purgativas, conforme o modo de preparação e a dose. Aquelas de espessura mediana, ainda flexíveis, são utilizadas pelos vendedores de peixe e de caju como suporte para suas mercadorias.
Folhas – Segundo MACHADO (1944), as folhas novas servem para curtume, devido ao seu alto teor de tanino (3,8% em média), assim como para dar resistência aos fios e redes de pesca. Este mesmo autor observou que a infusão recente de folhas novas, ainda vermelhas, na proporção de 20% de folhas, controlou eficientemente, em uso local, o escorbuto infantil e que o uso de duchas vaginais de infusão de folhas ou cascas frescas produzem melhora rápida em mulheres portadoras de ginecopatias comuns.
Casca do tronco e ramos – As cascas são adstringentes, ricas em tanino e próprias para o curtume. O chá das cascas evita o mau hálito, combate hemorragias, diarréias e ulceras. Seu extrato é diurético e diminui ou cessa a perda de sangue pela urina. Serve, também, de remédio contra asma.
Pedúnculo – o pedicelo (ou pedúnculo) floral hipertrofiado, hipocarpo ou pseudofruto de cajueiro é uma importante fonte de alimento no nordeste do Brasil, quer seja consumido “in natura” ou em forma processada. Não se pode precisar desde quando o pedúnculo e demais produtos do cajueiro são utilizados pelo homem, pois ao chegarem ao Brasil, os colonizadores já o encontraram como componente básico da alimentação indígena. Os cajus maduros, a par da excelência de seu sabor, são recomendados pelo valor alimentar e propriedades medicamentosas. O caju é entre as frutas comestíveis cultivadas uma das que apresenta maior teor de vitamina C.
Castanha – a castanha, o fruto verdadeiro do cajueiro, é um aquênio reniforme constituído basicamente de três partes: a casca a película e a amêndoa. A casca ou pericarpo é formada pelo conjunto epicarpo, mesocarpo e endocarpo, enquanto a película e a amêndoa forma uma semente propriamente dita do cajueiro.
1.1.2 A castanha de caju
Segundo PAIVA et al. (1996), a castanha de caju corresponde a 10% do caju. É constituída de três partes: (Figura 1)
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Figura 1. Partes que constituem a castanha de caju.
a) a casca, representando 65 a 70% do peso da castanha, constituído por um epicarpo coriáceo, atravessado por um mesocarpo esponjoso, cujos alvéolos são preenchidos por um liquido cáustico e inflamável (LCC- liquido da casca da castanha). O LCC entra na composição da casca não proporção de 32 a 37% de seu peso. È composto por uma mistura de cerca de 10% de um difenol, o cardol, e 90% de ácido anacárdico. O LCC possui inúmeras aplicações industriais, cujas patentes chegam a mais de duzentas, destaca-se entre elas o seu emprego como matéria prima na confecção de resinas fenólicas e pós de fricção para industria automotiva, que absorve mais de 90% do volume de LCC comercializado no mercado mundial.
b) película, ou tegumento da amêndoa representando cerca de 3% da castanha, rico em tanino que é muito aproveitado na indústria de curtumes e também empregado como matéria prima na extração de pigmentos utilizados na fabricação de tintas. Seus teores de proteínas e de carboidratos permitem aproveitá-la na composição de rações para aves e bovinos
c) amêndoa, formada por dois cotilédones de cor marfim. A amêndoa, parte comestível da castanha representa em termos médios, cerca de 30% do seu peso. No entanto, no processo mecanizado de industrialização da castanha, o rendimento segundo SOARES (1986) é de 23,55%, sendo 11,78% de amêndoas inteiras e 11,77% de amêndoas quebradas. O diferencial decorre, principalmente, da perda de umidade que as amêndoas sofrem no processo industrial.
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