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Otimização de Metodologia para Quantificação de Rutina e Quercetina em Folhas e Frutos de Dimorphandra Mollis Benth (Fava D’anta)

Por:   •  10/5/2020  •  Monografia  •  6.796 Palavras (28 Páginas)  •  188 Visualizações

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil, país detentor de grande biodiversidade, possui cerca de 120.000 espécies vegetais, das quais somente cerca de 10% foram estudadas segundo os aspectos químicos e farmacológicos (KOROLKOVAS, 1988).

O conhecimento farmacoquímico e toxicológico dos vegetais brasileiros podem contribuir significativamente na melhoria da saúde da população, onde 40% buscam como a única fonte de recurso terapêutico os produtos naturais, principalmente, as plantas medicinais (DI STASI, 1996).

              Nesse contexto, o cerrado sendo um dos maiores biomas presentes no território brasileiro, é alvo de grande interesse pelas indústrias farmacêuticas, na tentativa de descoberta de novos medicamentos para o arsenal terapêutico (DA SILVA et al, 2006).

Já foram catalogadas cerca de 330 espécies de uso na medicina popular no Inventário da flora medicinal e aromática desse bioma, processando-se a coleta e caracterização química e molecular de espécies medicinais e aromáticas.

Infelizmente, a atual forma de expansão extrativista agrícola do Brasil tem desprezado o potencial de uso das espécies nativas do Cerrado, ainda que esse bioma constitua um enorme grupo de espécies que podem ser utilizadas de formas diversas, quer na indústria alimentícia, farmacêutica, quer como ornamentais (RIBEIRO & WALTER, 1998).

Os primeiros passos objetivando estabelecer critérios na escolha de espécies medicinais do Cerrado, são definir a prioridade da espécie, bem como a base em importância econômica e social, comercialização e erosão genética potencial (VIEIRA, 2004).

  Dentre as espécies com grande potencial para a indústria farmacêutica e carente de informações científicas catalogadas, está a Dimorphandra mollis.

Dimorphandra mollis Benth (Figura 1) conhecida também como fava-de-anta, barbatimão-falso, faveiro(a) e fava d’anta. É uma espécie arbórea, pioneira pela ampla adaptação aos terrenos secos e pobres do cerrado brasileiro (PIO CORRÊA, 1969). Ocorre nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, principalmente nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Mato Grosso.

[pic 1]

                  Figura 1: Dimorphandra mollis Benth.

 As duas espécies conhecidas de fava-d'anta são Dimorphandra gardneriana Tul. e D. mollis Benth. Ambas são árvores de médio porte da família Fabaceae (Subfamília Caesalpinioideae). Dentre as diferenças entre as espécies, destaca-se a ocorrência de folíolos glabros na face adaxial em D. gardneriana e pubescentes em ambas as faces em D. mollis (MARTINS, 2004).

Sua principal importância está no fruto, que são favas adocicadas, constituindo legume indeiscente (não possui espinhos) com cerca de 16 a 26 cm de comprimento. O seu uso medicinal está relacionado à presença nos frutos, no pericarpo e na polpa de rutina, um glicosídio flavônico, incluído no grupo dos bioflavonóides. Os principais produtos extraídos da fava-d'anta além da rutina (1), são a ramnose (2), a quercetina (3) e a isoquercetina (4).

[pic 2]                                (1)                                                                                                  (2)

[pic 3]

        (3)                                                                            (4)

Os compostos 1, 3 e 4 pertencem à classe dos flavonóides, um grupo de substâncias antioxidantes hidrossolúveis e lipossolúvies. Eles ocorrem em seu estado livre (sem a presença da ligação com açúcares) ou em sua forma glicosídica (YAO et al., 2004).

Os flavonóides são derivados fenólicos que compreendem um grande grupo de compostos químicos caracterizados por um esqueleto carbônico C6-C3-C6 (Figura 2) onde C6 são estruturas de anéis aromáticos (YAO et al., 2004).

[pic 4]

Figura 2: Representação do esqueleto carbônico C6-C3-C6.

        A natureza química e as atividades biológicas dos flavonóides dependem de sua classe estrutural, grau de hidroxilação, outras substituições e conjugações, além do grau de polimerização (SHAHIDI, 1997).

Os flavonóides agem nas plantas protegendo-as contra danos causados pela radiação UV em folhas jovens, inibidores enzimáticos e promovem resistências às plantas contra patógenos como fungos, insetos e bactérias (BANTHORPE & HARBONE, 1994).

Além disso, pesquisas realizadas nas últimas décadas revelaram o envolvimento dos flavonóides em propriedades farmacológicas importantes como antioxidantes (RICE-EVANS et al., 1995), vasodilatadoras (DUARTE et al., 1993), anti-inflamatórias (PATHAK et al., 1991), estimulante do sistema imunológico, anti-alérgicas, anti-virais, anti-bactericidas (MIDDLETON & KANDASWAMI, 1992) e anti-carcinogênicas e cardioprotetoras (MARTÍNEZ-FLÓREZ et al., 2002).

 A presença dos bioflavonóides rutina e quercetina nos frutos de Dimorphandra mollis potencializa esta espécie como fonte de medicação com propriedades vasoprotetoras, atuando sobre a resistência e permeabilidade capilar semelhante à vitamina P (ALONSO, 1998).

 Outra atividade atribuída a esta espécie trata-se da sua ação antiinflamatória, podendo também ser usada como agente terapêutico no tratamento de doenças que envolvem radicais livres (FILHO et al., 2001), pois podem inibir o processo de formação destes em vários estágios, por reagirem com o íon superóxido e radicais peroxílas lipídicos e por formarem um complexo com o ferro, que é um catalisador da formação de radicais de oxigênio ativos (YOKOZOWA et al., 1997).

Dessa forma, o desenvolvimento de fitoderivados a partir dessa espécie pode representar uma importante fonte de bioflavonóides, prevenindo doenças envolvendo capilares sangüíneos como as varizes e hemorróidas, como também para o uso em cosmético.

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