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Centro de Educação e Ciências Humanas Departamento de Psicologia

Por:   •  16/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  15.249 Palavras (61 Páginas)  •  257 Visualizações

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Universidade Federal de São Carlos

Centro de Educação e Ciências Humanas

Departamento de Psicologia

Visão de membros de uma incubadora de cooperativas populares sobre indicadores de autogestão em empreendimentos solidários

Orientadora: Ana Lucia Cortegoso

Co-orientadora: Patricia Waltz Schelini

Discente: Igor Salomão Monteiro

SÃO CARLOS

2009


Universidade Federal de São Carlos

Centro de Educação e Ciências Humanas

Departamento de Psicologia

Visão de membros de uma incubadora de cooperativas populares sobre indicadores de autogestão em empreendimentos solidários

Monografia apresentada como exigência final da disciplina de Pesquisa em Psicologia 8.

Orientadora: Ana Lucia Cortegoso

Co-orientadora: Patricia Waltz Schelini

Aluno: Igor Salomão Monteiro

SÃO CARLOS

2009


RESUMO

Este trabalhou buscou investigar a visão de membros de uma incubadora de cooperativas populares sobre indicadores de autogestão em empreendimentos solidários e identificar o grau de facilidade de atingir níveis desejáveis para autogestão. Participaram do estudo nove membros de uma incubadora de uma cidade de porte médio do interior do estado de São Paulo, que foram submetidos a uma entrevista semi-estruturada e preencheram a uma escala contendo 25 itens. Os dados foram organizados em tabelas e figuras, conforme a marcação dos participantes aos itens da escala que variava entre os valores de 0 a 5. Os resultados apontaram, de maneira geral, para diferenças significativas entre docentes, técnicos e graduados quanto ao grau de facilidade de atingir níveis desejáveis de autogestão, contudo houve concordâncias em alguns indicadores para as categorias quanto à ocorrência dos indicadores propostos pela escala.

Palavras-chave: autogestão; incubação; economia solidária; indicadores

Sumário

Introdução .....................................................................................................................1

Método .........................................................................................................................20

Resultados ....................................................................................................................22

Discussão .....................................................................................................................33

Referências Bibliográficas ...........................................................................................37

Anexos .....................................................................................................................39-43

Autogestão: panorama histórico e evolução do termo

Convenciona-se como marco do movimento cooperativista, a experiência de 27 tecelões e uma tecelã em Rochdale, cidade industrial inglesa próxima a Manchester, quando organizaram um armazém cooperativo, cujo impacto foi decisivo para a fundação da chamada “economia social”. Trata-se da formação da Society of Equitable Pioneers, que definiu os princípios básicos do cooperativismo. (www.fase.org.br)

Dada a situação ameaçadora da perda de trabalho no contexto da Revolução Industrial, os trabalhadores ingleses combatiam a exploração na questão de compra de alimentos e roupas do comércio local, traçando objetivos econômicos claros e criando uma sociedade que atuaria no mercado, tendo o homem – e não o lucro – como principal finalidade. O que inicialmente era apenas um armazém, idealizado para oferecer a seus associados alimentos, roupas e outros serviços de ordem econômico-social, transformou-se na semente do movimento cooperativista. A sociedade de Rochdale se expandiu rapidamente e, em 1850, abriu uma cooperativa de produção industrial, um moinho, e, em 1854, uma tecelagem e fiação. (LIMA, 2005)

As cooperativas de consumo multiplicaram-se pela Europa de forma tão intensa que em 1881 já existiam cerca de mil sociedades e 550 mil cooperantes. O cooperativismo evoluiu, disseminando uma nova maneira de pensar o homem, o trabalho e o desenvolvimento social e inserindo também valores mais solidários e participativos, tais como: ajuda mútua, igualdade de direitos e deveres e cooperação entre os trabalhadores. (www.centraldoassociativismo.com.br)

Em 1895, em Genebra, foi criada a Aliança Cooperativa Internacional que ratificou os princípios de Rochdale, como a adesão voluntária e livre de seus membros, a gestão democrática, a participação econômica dos membros na criação e controle do capital, educação e formação dos sócios e intercooperação no sistema cooperativista. Desde o início, entretanto, surgiram denúncias de falsas cooperativas, como artimanhas de empresários para pagarem menores salários. (LIMA, 2005)

Alguns outros movimentos cooperativistas se destacaram ao longo da história e um dos exemplos é o kibutz em Israel, que pode ser descrito como uma sociedade voluntária, fundamentada na comunhão integral dos aspectos da produção, do consumo e da educação. Em certa medida, o movimento kibutziano superou o cooperativismo inicial de Rochdale, podendo ser classificado como uma “cooperativa integral”, em que tudo é compartilhado por todos, seguindo a orientação original: a cada um segundo as suas necessidades, de cada um segundo suas possibilidades. Os princípios que se seguem estão presentes em um kibutz: trabalho próprio, produção coletiva, distribuição comunal do fruto do trabalho, abolição da propriedade privada, gestão democrática e responsabilidade mútua (BULGARELLI, 1966). Além desses princípios, não havia dinheiro num kibutz, no entanto era vendida sua produção e eram comprados todos os produtos de que seus membros precisavam (SINGER, 2003).

Outra forma aparentemente autogestionária ocorreu no início da chamada Revolução Russa, expressa nas organizações dos trabalhadores russos. Porém, com o passar do tempo e a necessidade de resultados rápidos, a Revolução adquiriu caráter totalitário, cabendo ao Estado o planejamento econômico e social e a responsabilidade de dirigir as formas possíveis de organização dos trabalhadores. Desta maneira, a Revolução Russa passou a seguir a concepção de socialismo como continuador do capitalismo (SINGER, 2000). No contexto desta revolução, Lênin propõe ao Comitê central do partido em março de 1918 que o sistema taylorista seja implantado em toda a Rússia. O taylorismo, que representaria um imenso progresso da ciência, passou a ser introduzido na Rússia sob o comando do Partido Bolchevique. Apesar disso, o sistema taylorista se baseia em premissas “estranhas” à autogestão, dentre elas a de que um grupo (mais preparado) planeja o trabalho e outro grupo executa este trabalho sob supervisão cerrada. (CANÇADO, 2007)

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