Centro de Letras e Artes Departamento de História e Teoria
Por: João Pedro Cardoso • 10/9/2019 • Trabalho acadêmico • 646 Palavras (3 Páginas) • 265 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
Centro de Letras e Artes
Departamento de História e Teoria
Teoria da Arquitetura I - Turma B / 2018.1
Professora Maria Cristina Cabral
Gabrielle Rodrigues e João Pedro Cardoso
MEMORIAL
Rio de Janeiro - RJ
2018
Analogicamente, a ideia é o paradoxo de um beija flor, que paira no ar, desacelera enquanto está na verdade no ápice de seu movimento e nessa relação de paz e caos ao mesmo tempo, ambos se beneficiam, flor e pássaro.
Localizado na tijuca, na esquina da Rua Alzira Brandão com a Rua Heitor Beltrão, o terreno do projeto está no meio de um grande fluxo que ocorre devido ao ponto final de ônibus, localizado na esquina e a sua possível conexão com o metrô localizado ao lado, além das inúmeras linhas de ônibus que que passam em frente. Desse modo, esse fluxo afeta ao mesmo tempo em que é afetado pelo projeto, que é inserido em meio a essa circulação intensa e visa ser não uma barreira que a impeça mas que a faça acontecer de maneira mais harmoniosa. Sendo um obstáculo físico, o projeto busca desacelerar esse fluxo, podendo gerar uma eventual pausa e criando assim um novo lugar que se relaciona mutualisticamente com o contexto.
O conceito de presença na compreensão da arquitetura, retirado do livro “Rio metropolitano: Guia para uma arquitetura” (2013), é ponto de partida para o projeto. Para que um edifício possa de fato ser compreendido é necessário que seja experienciado. A grande atividade comercial e o fluxo no eixo Praça Saens Pena x Estácio, são diretrizes e devem portanto ser analisadas, preferencialmente com a presença no local ou através de diagramas, como alternativa. A partir desta necessidade, é criado no livro um índice de desempenho metropolitano (IDM), cujo resultado é um diagrama baseado em cinco critérios, hibridez programática, conectividade de fluxos, abertura estrutural, artificialidade do sítio e anatomia da imagem.
Ao projetar para a cidade do Rio de Janeiro é preciso entender sua complexa condição de cidade metropolitana para que esta possa ser trabalhada e potencializada a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos seus habitantes. Devido a sua dualidade programática (habitar e trabalhar), a relação de mutualismo harmônico estabelecida com seu contexto é potencializada, gerando e organizando mais movimento para esse lugar enquanto se beneficia de suas características metropolitanas. A ideia de desacelerar é trabalhada então junta aos critérios retirados do livro para que a inserção do edifício no terreno seja feita visando atingir a qualidade de edifício metropolitano.
O partido arquitetônico foi definido a partir da análise sensorial feita no local. A implantação foi estabelecida ao fundo do terreno em contraposição a esquina, assumindo e reforçando o fluxo pré existente e ao mesmo tempo cria dois amplos espaços livres, um privado e menor atrás do edifício e outro coletivo e maior a frente, sendo este o principal responsável pelo desacelerar do fluxo. Para chegar ao mesmo, o pátio principal foi ligeiramente rebaixado tendo acesso por rampas poucos degraus que reduzem a velocidade do pedestre. Assim como o projeto paisagístico reorganiza os fluxos, os canteiros e mobiliários direcionam enquanto entretém , induzindo a pausa. Em meio ao fluxo reforçado foi criado um eixo comercial no térreo. As varandas salientadas na fachada expõe uma ambiência de desacelerar residencial, de estar. Além disso, juntamente com as varandas, os painéis tipo camarão em madeira compõe a fachada de forma alternada com o concreto aparente, que possui um ritmo de começo e recomeço que enfatizam a dualidade de pausa em meio ao movimento. Durante a noite, a iluminação reforça os elementos do pátio principal deixando os caminhos ainda mais destacados, ao mesmo tempo que estimula a presença de pessoas e consequentemente a segurança do local.
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