Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas
Por: Elias Henrique • 26/4/2017 • Trabalho acadêmico • 1.446 Palavras (6 Páginas) • 240 Visualizações
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Centro de Ciências da Saúde – Faculdade de Farmácia
Departamento de Análises Clínicas e Toxicológicas
Profa. Virgínia Martins Carvalho
Grupo: Adair Freitas DRE
Dandara Azevedo DRE 111026785
Estephane Coelho DRE 111341533
Rafaella Rodrigues DRE 110129946
Thainá Magalhães DRE 111026565
Referata do artigo: “Avaliação dos fatores de risco relacionados à exposição ao chumbo em crianças e adolescentes do Rio de Janeiro”
A incidência de exposição ambiental ao chumbo é um dos graves problemas atuais de saúde publica, sendo este metal encontrado no ar, poeira doméstica, lixo das ruas, água e alimentos. As crianças são mais vulneráveis a exposição que os adultos, já que possuem diferença em relação a processos cinéticos e metabolismo. Além disso, existem períodos críticos, como pré e pós-natal, onde estruturas ou funções específicas podem ser mais sensíveis a danos. Uma das razões dessa diferença de vulnerabilidade está na absorção. Enquanto os adultos absorvem de 5 a 15% da ingestão de chumbo e retêm menos que 5% do que foi absorvido, as crianças absorvem de 40 a 50% e retêm 32% do chumbo.
O valor de referência atual para crianças menores de seis anos é menor que 10µg/dL . Apesar disso, estudos mostraram que 75% das crianças que apresentaram concentração plasmática maior que 10µg/dL residiam em área urbana, o que se deve a atividades industriais que são frequentemente realizadas em locais próximos a residências, aumentando os níveis ambientais de chumbo. Isso mostra que o risco de contaminação é maior em países em desenvolvimento, já que estão em desenvolvimento industrial e econômico. Apesar do risco ser maior, não ocorre controle e avaliação das consequências dessa contaminação.
Levando em consideração a ausência de controle dos riscos e do fato que a toxicidade do chumbo não depende somente da vulnerabilidade, mas também da dose, da duração da exposição e do estado nutricional da criança, o objetivo do trabalho foi identificar as fontes de contaminação e os potenciais fatores de risco relacionados a exposição em crianças de zero a dezesseis anos, residentes da comunidade de Manguinhos, no Rio de Janeiro, Brasil.
No que tange ao status sociodemográfico, 64 crianças com idade média de 7 anos participaram do estudos. Aos responsáveis dessas crianças foi aplicado questionário, e os resulatdos obtidos indicaram que 55,3% das residências não possuem tratamento intradomiciliar de água e todas as residências apresentam encanamento de PVC. 67,4% das casas estão ligadas à rede geral de esgoto, contudo 32,6% de esgoto é jogado a céu aberto.. Também se verificou que 53% dos responsáveis possuem ensino fundamental incompleto e somente 13% têm concluiu o ensino médio. Já 90,8% das crianças frequentam a escola. Cerca de 68% dos responsáveis trabalham ou já trabalharam com em alguma atividade relacionada ao chumbo. Os resultados também indicaram que um número considerável de crianças ingerem materiais inadequados que favorecem uma maior exposição ao chumbo. Esse hábito é um comportamento associado à fase oral do desenvolvimento infantil. Dentre os matérias incluem-se : materiais de reboco, terra, areia, lápis, borracha e plásticos. Cerca de 40% das crianças tinham o hábito de levar as mãos à boca.
A área de estudo é localizada próximo à vias de trânsito rápido, de uma linha férrea, da Refinaria de Manguinhos, e da Estação de Transferência de Lixo. Diversos estabelecimentos industriais se localizam entorno da área estudada. Pouca área verde é encontrada.
As concentrações de chumbo encontrados nas matrizes ambientais não ultrapassaram os valores de referência preconizadas pela EPA e pela OMS,. Apenas as médias de amostras de poeira que excederam entorno de 20 vezes o valor preconizado pela OMS. Após obtenção dos valores obtidos nas matrizes ambientais, foram calculados Dose Potencial (DP), Fator de Risco Neurológico (FRN) e Fator de Risco Carcinogênico (FRC), por exposição ao chumbo através das vias oral e respiratória. O FRN para a poeira foi 549 vezes superior à dose de referência preconizada pela EPA17, com uma estimativa de 52,72% de certeza e o FRN total de ingestão, considerando o ingresso total de poeira, solo e água, foi 554 vezes superior à DRf, com 52,49% de certeza. Os FRN por inalação e ingestão pela água foram inferiores à DRf . Os FRC por inalação e ingestão pela água foram inferiores ao risco considerado como aceitável de um caso em um milhão de indivíduos da população (6,85 x 10-10 e 3,70 x 10-7, respectivamente). Todavia, o FRC total por ingestão foi cerca de quatro casos em 10.000, com 51,77% de certeza.
O valor médio de chumbo em sangue (Pb-S) encontrado na população foi de 5,5±2,34 μg/dLn=62). Cerca de 5% das crianças avaliadas, indicando uma exposição importante, e 40% (n=25) apresentaram valores de Pb-S acima de 6 .Com base em evidências de toxicidade do chumbo a níveis de Pb-S menores do que o limite recomendado pelo CDC de 10 g/dL , o ponto de corte deste estudo é de Pb-S de 6. A média de recuperação da atividade da enzima ácido delta-aminolevulínico desidratase (ALA-D%) foi de 40,3±8,9% e 56,7% das crianças apresentaram valores abaixo do índice biológico máximo permitido (40%). Os valores médios de ALA-D% dos grupos de crianças com Pb-S abaixo e acima do ponto de corte adotado (6 μg/dL) apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p=0,000; teste t-Student). Estes valores indicam que as crianças que ficaram acima do ponto de corte de Pb-S apresentam alteração no indicador de efeito ALA-D. Foi encontrada correlação positiva e significativa (r=0,400; p=0,000; n=58) entre ALA-D% e Pb-S, sem diagnóstico de colinearidade.
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