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O Conselho Monetário Nacional (CMN) Estabelece a Meta de Inflação Anual

Por:   •  1/3/2016  •  Artigo  •  1.573 Palavras (7 Páginas)  •  349 Visualizações

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O Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelece a meta de inflação anual. Para atingi-la, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) fixa a taxa Selic (na verdade, ele estabelece um alvo, uma meta para a taxa Selic). Cabe ao Departamento de Operações do Mercado Aberto (DEMAB) fazer com que a Selic fique próxima do patamar idealizado pelo COPOM. Para isso, o DEMAB compra e vende títulos públicos federais emitidos pelo Tesouro Nacional (foto acima), que são utilizados (e portanto negociados) pelos bancos. Os bancos desejam esses títulos, entre outras razões, para lastrear suas operações de curtíssimo prazo: empréstimos que bancos fazem uns aos outros com prazo de 1 dia (overnight). Dito por outro modo: Selic é a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, ou overnight, que possuem lastro em títulos públicos federais.

Os títulos são negociados publicamente, num mercado que por isso se chama mercado aberto (open market – aberto ao ‘público’).

Importante: o DEMAB não age diretamente sobre a taxa Selic; ele controla a oferta de moeda (= altera a base monetária) e, por via indireta, acaba afetando a taxa Selic (taxa básica de juros = juros primários da economia). No gráfico “taxa de juros” X “demanda por moeda”, ele desloca a “curva” da base monetária para a esquerda ou para a direita.

Se o COPOM fixou a meta da Selic em 10% (porque acha que isso é suficiente para manter a inflação sob controle, à luz da meta que o CMN estabeleceu anteriormente) e o DEMAB verifica que, num determinado dia, a Selic está caindo (ela é fruto da ‘lei’ da oferta e da demanda por títulos públicos, nada mais!), terá que intervir no mercado de títulos para assegurar que a Selic suba e volte ao patamar dos 10%. Esta é a sua missão...

Alguns raciocínios que nos ajudam:

  • Se o DEMAB compra títulos públicos ele aumenta o suprimento de moeda (afinal, em troca dos títulos comprados ele dará dinheiro) e a taxa Selic cairá.
  • Se o DEMAB vende títulos públicos ele reduz o suprimento de moeda (ele põe títulos no mercado, recebe dinheiro dos compradores e esteriliza esse dinheiro) e a taxa Selic subirá.

  • Se o DEMAB deseja aumentar a taxa Selic, ele vende títulos públicos até que a Selic atinja o patamar desejado (no nosso exemplo, 10%).
  • Se o DEMAB quer diminuir a Selic, irá comprar títulos públicos até que a Selic chegue ao patamar desejado.
  • Se a demanda por $, à taxa Selic corrente (lembrar do gráfico taxa de juros versus dinheiro demandado: aumenta a taxa, reduz-se a demanda por dinheiro), excede a base monetária disponível, a Selic vai subir, a menos que o BC aumente a base monetária (como aumenta? ‘criando’ dinheiro, literalmente).
  • Se a oferta de dinheiro, à atual taxa Selic, excede a demanda por dinheiro, a Selic cairá, a menos que o BC reduza a oferta de dinheiro.
  • Se o DEMAB inunda o mercado com títulos públicos, o valor dos mesmos tenderá a cair (tudo o que é abundante perde valor...). Consequência da queda do valor dos títulos: aumento da taxa de juros.

Fundamental: o título público tem um valor de face (ex.: R$ 100) e uma data de maturação (ex: 1 ano). Se alguém me oferece o título por R$ 100, é claro que não irei comprá-lo: vou dar R$ 100 hoje e receber R$ 100 daqui a 1 ano? Se alguém me oferece esse título por R$ 91, talvez eu aceite: vou ganhar R$ 9 daqui a um ano, o que significa praticamente 10% de juros ao ano. Se alguém me oferecer o título por R$ 50, é claro que compro: 100% de juros em um ano, com risco quase nulo? (quem me deve é o governo!).

A partir do momento em que o título é emitido (o BC tem um estoque ‘infindável’ de títulos e pode ‘criar’ dinheiro eletronicamente – ou seja, não lhe faltam nem títulos, nem dinheiro –se precisar dele para comprar títulos), a questão é de oferta e demanda: quanto o mercado está disposto a pagar por ele?

Há um fato contraintuitivo* que jamais podemos esquecer: preços mais altos de títulos significam taxas de juros mais baixas. Dá para compreender. Se um título de R$ 100 é negociado a R$ 50 hoje (preço baixo), a taxa de juros é de 100% (taxa alta). Ao revés, se esse mesmo título é negociado a R$ 91,00 (preço alto), a taxa de juros é de 10% (taxa baixa).

Vamos agora desenvolver alguns raciocínios:

# O DEMAB verifica que a Selic está caindo e quer fazê-la subir a 10%. Ele vai vender títulos públicos. Com isso, o suprimento de moeda no mercado diminui (para comprar os títulos do BC, o mercado lhe entrega moeda que será esterilizada). Se a oferta de alguma coisa (no caso, suprimento de dinheiro) diminui, seu preço tende a subir, certo? Como a Selic é o ‘preço do $’, ficando mais escasso o dinheiro, esse ‘preço’ (juros) sobe.

Mas esperem aí: como o BC estimula o mercado a comprar os seus títulos (ninguém é obrigado a fazê-lo)? Oferecendo-os por um preço mais baixo (R$ 50, por exemplo). Pronto: preço de títulos mais baixo significa taxa de juros mais alta*.

# O DEMAB verifica que a Selic está subindo e quer fazê-la cair a 10%. Ele vai comprar títulos públicos. Com isso, o suprimento de moeda no mercado aumenta (em troca dos títulos, o BC dará dinheiro aos vendedores e esse dinheiro entrará no mercado). Como é mesmo que o BC estimula o mercado a vender-lhe títulos? Mostrando disposição de pagar preço alto (sabe aquele papel de R$ 100? Parece que o BC está disposto a pagar R$ 99,00 por ele, um ano antes do vencimento!). Se o preço do título está alto (R$ 99), os juros são baixos (apenas 1%).

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