Qualificações Técnicas Para a Quarta Revolução Industrial no Brasil
Por: Taynara Martins • 12/12/2022 • Trabalho acadêmico • 9.529 Palavras (39 Páginas) • 119 Visualizações
Indústria 4.0:
Qualificações técnicas para a Quarta Revolução Industrial no Brasil
RESUMO
A criação e a aplicação de novas tecnologias nos processos produtivos vêm mudando a forma de trabalho adotado pelas organizações manufatureiras, provocando a necessidade de novas competências de qualificação da mão de obra. Esta pesquisa buscou levantar como as qualificações técnicas demandadas pela Indústria 4.0 são abordadas pelos cursos de pós-graduação lato sensu no Brasil, em áreas como Administração de Empresa, Engenharia de Produção e Tecnologia da Informação. Para isto, analisou-se o conteúdo de 24 cursos de pós-graduação e 56 anúncios de emprego relativos à Indústria 4.0. Os resultados apontam uma grande importância do Big Data e dos sistemas integrados por parte das empresas e, se juntando a eles, a Internet das Coisas por parte dos cursos de pós-graduação.
Palavras-chave: Indústria 4.0. Trabalho. Tecnologias da indústria 4.0. Educação.
Industry 4.0:
Technical qualifications for the Fourth Industrial Revolution in Brazil
ABSTRACT
The creation and application of new technologies in production processes have been changing the way of work adopted by manufacturing organizations, provoking the need for new skills to qualify the workforce. This research sought to find out how the technical qualifications demanded by Industry 4.0 are addressed by lato sensu postgraduate courses in Brazil, in areas such as Business Administration, Production Engineering and Information Technology. For this, the content of 24 postgraduate courses and 56 job advertisements related to Industry 4.0 was analyzed. The results point to a great importance of Big Data and integrated systems by companies and, joining them, the Internet of Things by postgraduate courses.
Keywords: Industry 4.0; job; Industry 4.0 technologies; education.
1 INTRODUÇÃO
O termo Indústria 4.0 surgiu em 2011 na Feira de Hannover, com o propósito de destacar a maior flexibilidade, produtividade e qualidade na fabricação de produtos customizados e com tempo de entrega reduzido (ZHONG et al., 2017). Para a viabilizar as operações com tais características, seriam necessários sistemas integrados que combinassem significativa capacidade computacional e física habilitados a interagir com seres humanos, nomeados como sistemas ciberfísicos (CPS) (MO; WAGLE; ZUBA, 2014). Com base nesses sistemas, também nomeados como sistemas de produção inteligente, diferentes países empregam métodos e ferramentas das áreas de administração e engenharia para impulsionar inovações tecnológicas e, assim, desenvolver aspectos da chamada Indústria 4.0 (VERMULM, 2018).
No caso brasileiro, dois fatores podem ser observados e relacionados como importantes na lentidão da implementação da Indústria 4.0. Primeiro, seu parque industrial conta com características próprias, como a industrialização inacabada e as adaptações às diversas administrações (SARDO; FUNCK; BACH, 2021). E segundo, a escassez de mão de obra especializada, que demanda o desenvolvimento de novas competências (TESSARINI; SALTORATO, 2018). Nesse sentido, os avanços tecnológicos relacionados à Indústria 4.0 ressaltam a existência de uma lacuna entre as competências da mão de obra atualmente disponível no país, e criam um cenário em que ao mesmo tempo atividades desaparecerão e outras serão criadas, especialmente relacionadas às linhas de produção (BUHR, 2015; PEJIC-BACH et al., 2020).
Para lidar com as mudanças no perfil da mão de obra necessária ao mercado de trabalho da Indústria 4.0, as Instituições de Ensino Superior (IES), tanto públicas quanto privadas, desenvolveram ações para melhor qualificar o estudante, por meio do aprimoramento dos cursos de pós-graduação lato sensu (FONSECA; FONSECA, 2016). Essa ação ocorre dada a característica dos cursos de pós-graduação lato sensu, de direcionar o ensino do aluno, buscando aprofundar e aperfeiçoar sua formação profissional (SAVIANI, 2000). Para investigar essas mudanças, o presente trabalho teve por objetivo levantar e verificar como as qualificações técnicas demandadas pela Indústria 4.0 são abordadas pelos cursos de pós-graduação lato sensu no Brasil. Para tanto, foi empregada a técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2016) em dois momentos. Primeiro para identificar as características das vagas de emprego que demandam conhecimentos sobre Indústria 4.0, nas áreas de Administração, Engenharia da Produção e Tecnologia da Informação nas organizações industriais com planta no território brasileiro. E segundo, para identificar as temáticas abordadas nos cursos de pós-graduação lato sensu ofertados no país.
Entre os principais resultados levantados, são apontados avanços para as organizações que desejam implementar esse tipo de sistema, especialmente em relação à complexidade de conhecimentos exigidos e possíveis treinamentos para as áreas de recursos humanos. Nas seções a seguir, apresenta-se uma breve discussão sobre a crescente importância da indústria 4.0 e seu impacto na educação e no trabalho mostrando que já existe preocupação na literatura sobre a adaptação adequada das qualificações necessárias para a gestão das operações de manufatura. Em seguida, a metodologia de pesquisa utilizada na coleta e análise de dados é apresentada, seguida da apresentação e discussão dos resultados obtidos. O trabalho encerra com algumas considerações finais, que incluem possíveis estudos futuros e as limitações da pesquisa aqui realizada.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Quarta Revolução Industrial
A Quarta Revolução Industrial, também conhecida como Indústria 4.0, Manufatura Inteligente, Internet Industrial ou Indústria Integrada, passou a ser um tema muito discutido atualmente porque pode causar grandes impactos nas indústrias ao transformar o modo como os produtos são projetados, fabricados, entregues e pagos (HOFMANN; RÜSCH, 2017). A repercussão desse tema evidencia a evolução da tecnologia dos processos produtivos, que passam de sistemas embarcados para os sistemas ciberfísicos, e resultam em mudanças nas cadeias de produção e nos modelos de negócios (MACDOUGALL, 2018).
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