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RESENHA DO LIVRO MUITO ALÉM DA ECONOMIA VERDE, DE RICARDO ABRAMOVAY

Por:   •  6/12/2017  •  Resenha  •  1.202 Palavras (5 Páginas)  •  1.061 Visualizações

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ESTER FERNANDES VALLECCHI RIBEIRO

RESENHA DO LIVRO MUITO ALÉM DA ECONOMIA VERDE, DE RICARDO ABRAMOVAY

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERDADE DE SÃO PAULO - MBA EM GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUS SÓLIDOS

DISCIPLINA: SUSTENTABILIDADE E A GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

PROFESSORA SYLMARA LOPES FRANCELINO GONÇALVES DIAS

SÃO PAULO

OUTUBRO/ 2017

RESENHA DO LIVRO MUITO ALÉM DA ECONOMIA VERDE, DE RICARDO ABRAMOVAY

Lançado em 2012, o livro Muito Além da Economia Verde, de Ricardo Abramovay, aborda as questões relacionadas ao excessivo consumo e consequentes riscos de esgotamento dos recursos do planeta.

Abramovay carrega o leitor de dados estatísticos, mostrando a evolução que tivemos a partir da Revolução Industrial, em diversos aspectos. É inegável o quanto a ciência e a tecnologia proporcionou a melhoria da qualidade de vida da maioria da população no mundo todo. Embora ainda haja enormes desigualdades e um número bastante considerável de pessoas que passam fome e vivem abaixo da linha da miséria, em proporção, este número é expressivamente menor que nos séculos anteriores e tende a diminuir cada vez mais. Em parte, podemos dizer que o excessivo consumo das classes mais abastadas, contribui para a diminuição dos custos marginais e facilita o acesso das classes menos privilegiadas a produtos diversos, sejam os básicos, como alimentação, sejam produtos sofisticados como aparelhos de celular e eletrodomésticos.  Assim, à primeira vista, parece uma enorme vantagem vivermos em um mundo com uma superprodução de diversos bens e serviços que satisfazem nossas necessidades e até nossos luxos. No entanto, nesta lógica de se produzir sempre mais para consumir mais, as questões ambientais foram frequentemente deixadas de lado e já estamos sentindo as consequências disso.

Diz-se popularmente que a primeira lei da economia é a escassez. Entender que recursos são escassos é fundamental para alocá-los de modo que atendam ao maior número de pessoas possível e não se esgotem. No entanto, essa não vem sendo uma preocupação proeminente quando se trata dos recursos naturais e da preservação do meio ambiente. Abramovay nos mostra também uma série de dados que comprovam o quanto estamos degradando o meio ambiente e estimativas do quanto as próximas gerações terão suas necessidades comprometidas se mantivermos nossos atuais níveis de consumo.

Quando pensamos em recursos, aqui, não falamos apenas daqueles que o meio ambiente efetivamente nos proporciona para a produção, como o petróleo, a água e o solo. Para se encaixar nas teorias econômicas, podemos entender como recursos a qualidade do ar, por exemplo, essencial para o bem-estar dos seres humanos.

O livro mostra cenários preocupantes e não chega a propor soluções para esse problema. Ele mostra tendências atuais que podem contribuir com a preservação do meio ambiente, mas ao mesmo tempo, reforça o quanto ainda são restritas e incipientes.

Abramovay destaca o funcionamento do capitalismo e o compara com o escorpião da popular fábula em que o bicho pica o sapo que acabara de lhe ajudar, porque picar é seu instinto, sua natureza. Seria possível o capitalismo frear sua natureza de produzir para lucrar cada vez mais e mais em nome da sustentabilidade? Seria, apenas, a partir do poder do Estado, muitas vezes corrompido pelos próprios agentes do capitalismo, capaz de impor restrições  para evitar a excessiva poluição e exploração dos recursos naturais? Ao mesmo tempo que reforça o caráter predatório do capitalismo, Abramovay mostra iniciativas que começam a melhorar a ecoeficiência das empresas e que são totalmente compatíveis com o capitalismo.

As certificações ambientais são um ótimo exemplo de como ações sustentáveis podem ser precificadas e, assim, fazerem parte dos mecanismos capitalistas. O capitalismo não é um sistema econômico planejado para solucionar os problemas: nasceu de uma ordem espontânea, a partir das relações de trocas entre indivíduos que buscam suprir suas necessidades. Quando os indivíduos começam a entender como necessidade a preservação do meio ambiente, seja para seu próprio bem-estar ou para seus descendentes, as ações sustentáveis passam a agregar valor aos produtos e serviços.

O livro cita exemplos de certificações ambientais e acordos multilaterais que fizeram com que muitas empresas firmassem compromissos que vão muito além das exigências legais. Essa é uma prova de que, não necessariamente, as iniciativas de preservação dos recursos naturais passam pelo poder do Estado. No entanto, a questão exige a união de forças de diversos agentes, já que mesmo a somatória dos diversos exemplos citados está ainda bem longe de garantir que as próximas gerações, tenham recursos suficientes para o atendimento das necessidades de toda a população mundial.

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