RESPONSABILIDADE SOCIAL E O CAPITALISMO
Por: Mariana Francischini • 9/11/2020 • Resenha • 1.646 Palavras (7 Páginas) • 244 Visualizações
RESPONSABILIDADE SOCIAL E O CAPITALISMO
Laissy Alves – 11411ADM224
Nos dias de hoje fala-se muito sobre ser “socialmente responsável” e para se manter competitivo as organizações devem trabalhar com estratégicas para continuar sobrevivendo nesse âmbito com tantas mudanças globais. Junto com as mudanças empresariais as pessoas estão cada vez mais interessadas no assunto de responsabilidade social. As organizações passam uma imagem socialmente responsável, vêm empreendendo ações sociais e incluem programas de voluntariado empresarial e de proteção ao meio-ambiente, além da instituição de códigos de ética que visam regulamentar a conduta de seus membros para se manterem com competitividade.
A palavra sustentabilidade também está muito presente no âmbito empresarial. As empresas se dizem sustentável e que são socialmente responsáveis. A maioria dos estudos afirma que sustentabilidade é composta de três dimensões que se relacionam: econômica, ambiental e social.
A dimensão econômica inclui não só a economia formal, mas também as atividades informais que proveem serviços para os indivíduos e grupos e aumentam, assim, a renda monetária e o padrão de vida dos indivíduos. A dimensão ambiental ou ecológica estimula empresas a considerarem o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente, na forma de utilização dos recursos naturais, e contribui para a integração da administração ambiental na rotina de trabalho e por último a dimensão social consiste no aspecto social relacionado às qualidades dos seres humanos, como suas habilidades, dedicação e experiências, abrangendo tanto o ambiente interno e externo da empresa.
A sociedade tem preocupações ecológicas, de segurança, de proteção e defesa do consumidor, de qualidade dos produtos, que não existiam de forma tão pronunciada nas últimas décadas e isso tem pressionado as organizações e administradores em geral a incorporarem esses valores em seus procedimentos administrativos e operacionais. De acordo com Donaire (1999) citado por Priscila Claro, Danny Claro e Robson Amâncio (2008) as empresas devem ter responsabilidade socioambiental e, assumindo essa postura, acabam ganhando melhor imagem institucional, o que pode resultar em mais consumidores, mais vendas, melhores empregados, melhores fornecedores, mais fácil acesso ao mercado de capitais, entre outras coisas. Sendo assim, a maximização do lucro deve ser vista em um contexto de longo prazo.
As organizações com responsabilidade social corporativa assumem uma forma de conduzir os negócios de tal maneira que a torna parceira pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários.
As empresas que assumem uma postura socialmente responsável, não se restringi a sua função econômica, passa a orientar-se pela função ética da responsabilidade social corporativa. Deste modo, o mecanismo de apropriação dos excedentes econômicos não beneficia de maneira exclusiva acionistas e proprietários, mas se estende aos demais stakeholders.
Os stakeholder em uma organização é, por definição, qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pela realização dos objetivos dessa empresa. Stakeholder inclui aqueles indivíduos, grupos e outras organizações que têm interesse nas ações de uma empresa e que têm habilidade para influenciá-la. Ao negligenciarem esses grupos, algumas empresas já foram devastadas ou destruídas.
O direcionamento das organizações para uma nova postura em relação ao social se deve à competitividade típica do regime capitalista, que vem sendo reforçada recentemente pelo fenômeno da globalização. A sobrevivência da empresa depende da vantagem comparativa que ela consiga obter em relação a seus concorrentes, para o que, a legitimidade, a boa imagem corporativa e a maior visibilidade no mercado decorrentes da adoção de programas de responsabilidade social corporativa são essenciais.
De acordo com o que foi abordado no artigo escrito por Gianna Soares (2004), percebe-se que as empresas utilizam frequentemente os três discursos para mascarar o real problema que as próprias organizações criam por conta do capitalismo. Além disso, as organizações através de estratégias de marketing, criam vantagem competitiva para produzirem mais e venderem mais, o que pode ser ruim para os envolvidos diretamente com a empresa, como os funcionários, pois os mesmos reforçam o comprometimento com as organizações no qual trabalham e não percebem quão mal as empresas fazem para eles.
No mesmo artigo é apresentado três discursos do qual as organizações utilizam para divulgar seus princípios, sendo o Discurso Explícito, no qual é divulgado amplamente para toda as partes envolvidas as ações que a empresa realiza para a sociedade. Outro discurso é o Pronunciado Reservado, que se caracteriza por ser mais “reservado”, pouco divulgado, para um público mais específico e o Não-Dito, que se refere a um discurso com objetivo de transformar o interesse particular da organização em algo aceito coletivamente a algo que não seja legítimo de maneira implícita. Percebe-se que as empresas utilizam frequentemente os três discursos para mascarar o real problema que as próprias organizações criam por conta do capitalismo.
Considerando-se que o que predomina no sistema capitalista é a lógica da acumulação, constata-se que na sociedade atual os valores oriundos do capitalismo, como competição e lucro, se sobrepõem aos valores políticos e aos que dizem respeito à vida psíquica dos indivíduos.
Como citado no artigo (SOARES, 2004) “Deste modo, em nome da guerra econômica que impera na atualidade, “admite-se atropelar certos princípios, o fim justificaria os meios”. Esses fins, entretanto, são sempre definidos em termos econômicos, a partir de um cálculo custo-benefício que despreza as variáveis humanas e sociais.
Segundo (FARIA; MENEGHETTI, 2001) citado por Soares (2004) “Todo discurso esconde uma rede simbólica de dominação ideológica e de poder” de forma que a leitura dos discursos realizados ao amparo de um referencial teórico crítico, permite trazer a tona o “outro sentido” da responsabilidade social corporativa, revelando um discurso cobertura que tem por objetivo transformar o interesse particular da organização em uma razão coletivamente aceita conferindo legitimidade ao que não é necessariamente legítimo.
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