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Resenha Cap XIV - O Que é Ciência do Chalmers

Por:   •  2/5/2022  •  Pesquisas Acadêmicas  •  921 Palavras (4 Páginas)  •  158 Visualizações

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Chalmers (1984) descreve o realismo como o movimento científico que pretende explicar ou descrever o que é o mundo realmente através de teorias. Por outro lado, o instrumentalismo, uma corrente alternativa, não descreve a realidade a partir das teorias científicas. As teorias são instrumentos que ajudam a relacionar um conjunto de coisas observáveis com outras.

O realismo carrega uma ideia de verdade, visto que pretende descrever teoricamente a realidade do que se passa no mundo. É a ciência, a responsável por dizer as verdades sobre o mundo. As teorias que descrevem corretamente algum aspecto do comportamento no mundo serão corretas, assim como as que descrevem erroneamente não serão. O realismo afirma que o mundo existe independente das compreensões sobre ele.

Para o instrumentalismo, as teorias científicas não são critérios de verdade, mas oferecem instrumentos mais ou menos úteis para conjugar abstrações.

A noção de que a ciência pode subsidiar entendimentos verdadeiros sobre a realidade tem sido pensada como um contraponto ao relativismo. Popper, por exemplo, usa a verdade dessa forma. A verdade é entendida como capaz de ser descrita objetivamente por enunciados científicos corretos.

O instrumentalismo enxerga a ciência como a produção de teorias que auxiliam no estabelecimento de relações entre algumas situações observáveis e outras. Por exemplo, a mecânica newtoniana não descreve relações empíricas exatas, mas cria instrumentos teóricos que capacitam o cientista para elaborar relações prováveis entre os fenômenos, quase como ficções engendradas pelos físicos. Chalmers (1984) chama de instrumentalistas ingênuos aqueles que radicalizam as posições contidas acima.

Por defenderem que as suas teorias condizem com o real, os realistas se encontram com maior facilidade numa posição menos defensiva que os instrumentalistas. Assim, os cientistas arregimentados nessa linha são mais audaciosos e produtivos, além de abrirem maiores possibilidades para o desenvolvimento (CHALMERS, 1984, p. 209).

Chalmers (1984) tem como premissa que a “teoria da verdade como correspondência” é a única que pode dar substrato firme para o realismo. Essa abordagem prega que uma frase é verdadeira se corresponde aos fatos. O autor afirma que a verdade considerada no cotidiano comum não é um sedimento suficiente para que se possa afirmar que, por isso, a ciência pode partir do critério da verdade.

Popper contribuiu com o debate quando introduziu a concepção de que a ciência busca uma verdade aproximada. As teorias do passado podem ser falseadas no presente e no futuro, de modo que a humanidade siga persistentemente a procura por se aproximar da verdade sobre o real. Essa busca pela aproximação da verdade Popper chamou de verossimilhança (CHALMERS, 1984, p. 218).

Chalmers (1984), por sua vez, comenta que o intento de Popper pela aproximação da verdade (verossimilhança) traz consigo um aparato que remonta ao instrumentalismo, afastando-o do realismo que antes lhe competia. Tal percepção da proposta teórica de Popper retira as suas aspirações realistas, bem como põe em crise a ambição de, por meio da ciência, explicar e descrever a realidade ao nível máximo possível.

Após criticar o instrumentalismo, sobretudo na sua linhagem ingênua, Chalmers (1984) aponta uma alternativa para além do realismo. O autor nomeia o realismo não representativo como essa via paralela. Nesse sentido, o mundo está constituído de tal forma que cabe à ciência estabelecer os limites da aplicabilidade das teorias na atualidade, bem como desenvolver teorias que se apliquem às situações mais diversas, num cenário de tamanha complexidade. O realismo não representativo é realista em dois quesitos: (a) o mundo físico é como é independente  daquilo que os seres humanos pensam sobre ele, sejam cientistas ou não; (b) sustenta a prerrogativa de que as teorias são aplicáveis ao mundo, sempre, sob quaisquer circunstâncias, sejam elas experimentais ou não. O realismo não representativo não é representativo porque não trabalha com a tese da verdade como correspondência com os fatos.

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