Resenha Organização e Poder
Por: Orchid7 • 2/12/2016 • Resenha • 937 Palavras (4 Páginas) • 1.223 Visualizações
A presente resenha pretende relacionar os capítulos “Organização, Burocracia e Autonomia” e “A Organização Nascente” do livro Organização e Poder de 1986, escrito por Fernando C. Prestes Motta, com o trabalho de Robert K. Merton: “Estrutura Burocrática e Personalidade” integrante do livro Sociologia da Burocracia, organizado e traduzido por Edmundo Campos em 1980.
No capítulo Organização, Burocracia e Autonomia, discute-se que as utilizações de técnicas podem influenciar negativamente no desenvolvimento de uma teoria organizacional reflexiva. Além disso, ao considerar a tradição científica, entende-se que tal teoria é uma ideologia, sendo assim necessário percebê-la enquanto ideologia do poder ou contra o poder.
A teoria não é a realidade, mas “nossa teoria de realidade” (Motta, pag. 19), assim deve-se prestar atenção nas teorias sociais e organizacionais dominantes onde os fatos sociais e organizacionais são simples matérias primas para investigação. Os setores sociais comprometidos com a transformação devem recusar tal produção científica e construir uma teoria reflexiva que mude o que foi estabelecido: é preciso romper o poder imposto burocraticamente.
Uma burocracia intensa se estabelece no capitalismo monopolista de Estado, em que gestores, burocratas, tecnocratas, tecnoburocratas e burgueses de Estado são apenas outros nomes para o fenômeno. A burocracia acontece em nome de uma técnica e dos interesses de uma sociedade que não pode representar, apenas dominar. Desde a mais tenra idade, as formas de pensar tecnoburocráticas (burocracia no mais alto nível tecnológico) são inculcadas, seja adequada à submissão ou a dominação, ocorrendo assim a imposição de disciplina ao trabalhador com o objetivo de regular a luta de classes.
Para buscar uma realidade diferente da descrita, seria necessária uma nova organização a partir de teorias que atendessem aspectos populares, contra o sistema dominador e para isso, as empresas, as escolas e o Estado têm um papel fundamental. Entretanto enquanto tais aparelhos sociais continuarem burocráticos será difícil atingir tal objetivo, pois o que se percebe são organizações voltadas para afirmação de uma ordem social dominadora ancoradas em formas de cooperação e tecnologias burocráticas-capitalistas.
No capítulo “A Organização Nascente”, Motta analisa as tecnologias burocráticas-capitalistas tendo em vista a empresa, o Estado e a escola. Observa-se os aspectos: Burocracia e Despotismo (a burocracia se fundamenta em regras gerais, impessoais e abrangentes resultando em uma conduta organizada que rejeita o novo e o inesperado, o que é característico de governos totalitários); Burocracia e Centralização Política (não havia justificativa de sua realização ou função, pois não existia para servir à sociedade, mas sim ao soberano); Burocracia e Absolutismo (Substituição dos notáveis da gestão por administradores. A execução passa a ser separada da decisão.); Burocracia e Personalidade (o burocrata passa a ver a organização como dotada de vida própria.); Burocratização e Educação (estudantes são as principais vítimas da burocratização, pois a escola passa a avaliar a partir de exames e modelos pré-estabelecidos, assim o bom aluno é aquele com bom julgamento professoral); Burocracia e Produção (predomínio de uma função administrativa dominante que diz respeito à conexão existente entre os agentes da produção, o processo produtivo e as forças produtivas); Burocracia e Cooperação Simples ( existência de uma burocracia patrimonial: o Estado é o único proprietário da terra, assim essa burocracia controla as comunidades, extrai os impostos e faz intervenções. Distingue-se muito da burocracia capitalista); Burocracia e Cooperação da Manufatura (onde deve se procurar a gênese da burocracia capitalista. Certas burocracias de pessoal atuais são herdeiras desse modelo.
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