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Resenha do Capítulo “Lógicas de polarização urbanas: O olhar a partir de baixo”

Por:   •  13/3/2017  •  Resenha  •  1.127 Palavras (5 Páginas)  •  380 Visualizações

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O capítulo, por fazer parte do epílogo da obra, faz um remate, recapitulando e resumindo a análise do artigo em questão. Como resumo geral, coloca que ele trata das novas formas de desigualdade urbana e marginalidade e por meio de quais modalidades elas se espalham pelas sociedades avançadas do capitalismo ocidental. Aprofundando, coloca como esse processo pode alimentar a polarização “a partir de baixo”, isto é, multiplicar as posições sociais inferiores e limitar as populações das camadas médias e superiores.

Como modo de resumir a discussão do artigo, o desdobra em duas principais etapas. A primeira seria a caracterização do “novo regime de marginalidade urbana”, predominante nas últimas três décadas e com impacto posterior ao momento atual, já que seu advento está vinculado aos setores mais avançados da economia. Dessa forma, o autor se refere ao impacto como “marginalidade avançada”, se caracterizando, portanto, como um precursor do futuro. A partir de uma análise das distintivas propriedades desse regime de marginalidade urbana, é possível entender o que é a “nova pobreza” e, assim, perceber que se faz necessária uma inovação nas soluções para o problema, uma vez que, o “aumento do crescimento econômico” e a “extensa esfera do trabalho assalariado” já não se mostram mais como resultados significantes. A segunda etapa seria um questionamento do autor sobre estarmos testemunhando, ou não, uma “convergência épica de regimes de pobreza urbana através do Atlântico”, isto é, a pobreza no continente europeu seria igual a do continente americano? Diferentemente das matérias jornalísticas superficiais e dos pronunciamentos acadêmicos apressados colocados pelo autor, ele não concorda com tal convergência. Coloca que, embora a transformação seja estruturada por forças comuns, as consequências para o ambiente urbano seguem dinâmicas espaciais e sociais diferentes nos dois continentes. Equiparar essas dinâmicas diversificadas e centralizá-las em um único conceito sobre pobreza é, de acordo com Wacquant, pouco esclarecedor e analiticamente infrutífero. A partir dessa análise, o autor faz um apelo ao colocar que, mesmo quando as origens estruturais da polarização urbana são similares nas diferentes sociedades, não se deve deixar que o “combinado de desigualdade” e a “crescente hegemonia das concepções norte-americanas”

escondam as diferentes formas que a sociedade produz, organiza e reage a essa polarização urbana.

Recapitulado o artigo de maneira geral, o autor explora a marginalidade avançada e seus efeitos no ambiente urbano, trazendo o conceito de “modernização da miséria”, oriunda da reestruturação global do capitalismo, da nova divisão social do trabalho, de novos fluxos financeiros e revolucionárias tecnologias de informação. Contrapondo com o regime antigo de desigualdade e marginalidade urbana, Wacquant coloca a nova pobreza como não mais residual e cíclica, típica de comunidades proletárias e geograficamente difusa. Essa não é mais considerada remediável por meio de uma expansão do mercado, já que está desconectada das tendências macroeconômicas e, em longo prazo, se encontra inserida em uma concepção de viés mais sociológico. Destaca as diferentes nomenclaturas que a nova marginalidade recebe, sendo rotulada diferentemente em diversos países, porem encarada praticamente da mesma forma.

Em seguida, o autor estipula as quatro lógicas estruturais que abastecem tal marginalidade urbana, dando sentido ao título do capítulo em questão. A primeira é a “dinâmica macrossocial”, na qual explora a dualização ocupacional e o ressurgimento da desigualdade social. Nessa primeira lógica, coloca a marginalidade urbana como não resultante de um atraso ou decadência econômica, e sim fruto do “surgimento da desigualdade no contexto do avanço econômico global”. Dessa maneira, introduz a característica mais enigmática da nova marginalidade: sua difusão na era mais robusta em crescimento econômico. Concluiu que tal crescimento privilegia membros particulares e se caracteriza, portanto, como inconstante, por não beneficiar a todos os participantes e, paradoxalmente, incentivar a marginalidade urbana. A segunda lógica é a “dinâmica econômica” ao tratar da dessocialização do trabalho assalariado. Wacquant coloca que a transformação quantitativa e qualitativa da esfera do trabalho é responsável pela nova marginalidade urbana. Isto é, ao eliminar-se milhares de trabalhos de baixa qualificação em vista a substitui-los pela automação (transformação quantitativa) e ao degradar as condições básicas de emprego (transformação qualitativa), ambas as condições acabam por alimentar o processo de polarização a partir de baixo.

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