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Significado e Sentido no trabalho

Por:   •  27/10/2016  •  Resenha  •  1.405 Palavras (6 Páginas)  •  603 Visualizações

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Significado e sentido do trabalho

A presente resenha tem como principal objetivo discorrer sobre o significado e o sentido do trabalho, considerando sua história, importância e subjetividade. Para isso, será feita uma relação entre o livro, “O que é trabalho”, de Susana Albornoz, e dois artigos, com titulação, “Subjetividade, trabalho e ação”, de Christophe Dejours e “As mutações no mundo do trabalho na era da mundialização do capital”, de Ricardo Antunes e Giovanni Alves.

Referindo ao livro, a autora, primeiramente, destaca o significado da palavra trabalho, a qual se originou do latim tripalium, referindo a um instrumento utilizado na agricultura para bater o trigo e as espigas de milho. Porém, na maioria dos dicionários, encontra-se essa palavra registrada apenas como instrumento de tortura e sofrimento, o que acabou se tornando depois.

Além disso, ela destaca que em algumas línguas há diferença entre trabalho e labor, e que é possível achar o significado de ambas apenas na palavra trabalho, sustentando que este é a maneira na qual o homem age para sobreviver e se realizar, lhe dando reconhecimento social, esforço rotineiro e repetitivo, entretanto, sem liberdade. (ALBORNOZ, 1986)  

No decorrer do livro a autora discorre sobre o que o trabalho tem sido e o que ele está sendo. Argumenta que o trabalho extrativo é um esforço que complementa o trabalho da natureza, não havendo acumulação de riquezas. Na agricultura os homens se multiplicam, começam a ter noção de propriedade e o produto passa a ser excedente. Com isso, se tem o desenvolvimento do comércio, da manufatura, da burguesia, da tecnologia e se tem a aplicação da ciência a produção.  

Contudo, destaca a autora, que do século XIX em diante, ocorre um aumento demográfico, o qual a população se desloca desordenadamente do campo para a cidade, devido, em sua maioria, a inserção do trabalho industrial; há uma separação entre casa e trabalho, e a renda, o status e o poder passam a ter mais ênfase do que a preocupação em saber fazer bem determinado trabalho.

Segundo a autora é nesse instante da história do trabalho que o homem se encontra, onde se tem a produção em série, uma submissão ao capital, e a força do trabalho é dada como mercadoria. (ALBORNOZ, 1986)  

Em seguida, a autora expõe a ideia do significado e sentido do trabalho sob diversos pontos de vista em determinadas épocas. Na Grécia Antiga, o trabalho na lavoura possuía prestígio, o trabalho físico era visto como humilhante e a bíblia o apresentava como castigo. Na Reforma Protestante, Lutero tinha o trabalho como a base e a chave da vida e Calvino afirmava que era vontade de Deus que todos trabalhassem. Já no Renascentismo, o trabalho foi concebido como um estímulo para o desenvolvimento humano, tendo um significado intrínseco.

Sob o ponto de vista de alguns autores, a autora destaca Hegel, que afirma que, no que produz, o homem se reconhece e é reconhecido, possuindo a relação social em que se dá a sua produção; Fourier, que sustenta que trabalho e prazer não precisam estar separados como as duas faces de uma moeda e, por último, Marx, argumentando que a essência do homem está no trabalho, o que eles produzem é o que eles são, e que a sua natureza depende das condições materiais que determinam sua produtividade.

Por fim, a autora destaca o que o trabalho não é e o que ele ainda não é mas pode ser. Ela argumenta que é preciso refletir sobre algumas semelhanças e diferenças entre trabalho e emprego. Há algumas peculiaridade entre o trabalho assalariado, trabalho produtivo e improdutivo, trabalho doméstico e trabalho autônomo, todos com a sua respectiva importância. Contudo, ela sustenta que as pessoas trabalham antes para poder consumir do que para produzir.        

Dejours traz em seu artigo a ideia de que o trabalho é aquilo que implica o ato de trabalhar, como, gestos, saber-fazer, engajamento do corpo, a capacidade de refletir, de interpretar, o poder de sentir, pensar, inventar, dentre outros. (DEJOURS, 2004)

Além disso, sustenta que o ato de trabalhar constitui em preencher a lacuna entre o real e o prescrito, onde o primeiro se manifesta efetivamente sobre o sujeito estabelecendo uma relação de sofrimento, e o segundo trazendo a ideia de que existe uma parte importante do trabalho que não podemos analisar.

Ele relata que a psicodinâmica do trabalho é uma disciplina clínica que se dá na descrição e no conhecimento das relações entre trabalho e saúde mental, além disso, é uma disciplina teórica que procura inscrever os resultados da investigação clínica da relação com o trabalho em uma teoria do sujeito que engloba, a psicanálise e a teoria social. (DEJOURS, 2004)

Segundo o autor, o trabalho não é, como se acredita, limitado ao tempo físico em que o indivíduo passa no escritório ou na oficina. O mesmo ultrapassa qualquer limite dispensado ao tempo de trabalho e mobiliza a personalidade por completo.

Contudo, trabalhar, para a subjetividade, constitui em uma provação que a transforma, não sendo somente produzir, mas transformar a si mesmo, ocasião oferecida para a subjetividade para se realizar. (DEJOURS, 2004)

Devido a isso, o autor argumenta por fim, que o trabalho gera sofrimento, frustração, sentimento de injustiça e patologia. Se torna insalubre e contribui para a destruição da subjetividade, juntamente com as bases da saúde mental.

Ricardo Antunes e Giovanni Alves possuem, como um dos principais objetivos, destacar alguns significados e dimensões das mudanças que têm ocorrido no mundo trabalhista. Trazem a ideia de que a classe trabalhadora do século atual é mais fragmentada, heterogênea e mais diversificada.

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