Trabalho Final - A Divisão do Trabalho Social
Por: Nathália Toszek • 25/4/2023 • Trabalho acadêmico • 1.268 Palavras (6 Páginas) • 71 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ[pic 1]
Nathália Gabriela de Souza Toszek (GRR20206101)
TRABALHO FINAL
CURITIBA
2022
Nathália Gabriela de Souza Toszek (GRR20206101)
TRABALHO FINAL
Fichamento apresentado ao curso de Bacharel Administração da Universidade Federal do Paraná.
Professor: Cauê Gomes Flor
CURITIBA
2022
Segundo Émile Durkheim, a divisão do trabalho social decorre de um fenômeno social que agrupa os seguintes fatores: volume, densidade material e densidade moral. Onde o volume pode ser considerado como o número de indivíduos que integram uma sociedade. A densidade material se refere ao número de indivíduos em relação ao espaço, ou território, onde vivem, e a densidade moral representa o grau de intensidade das interações sociais.
A ideia principal de Durkheim, é investigar o fenômeno do suicídio sob uma perspectiva sociológica, partindo da hipótese de que a sociedade determina a triste decisão da pessoa de dar fim a sua existência. Com efeito, o olhar sociológico de Durkheim se direciona não para a ação isolada deste ou daquele indivíduo, mas para a média de suicídios no interior de uma sociedade determinada.
É muito difícil não relacionar o livro O Suicídio (1897) de Durkheim com sua obra anterior A Divisão do Trabalho Social (1893), visto que, para chegar ao entendimento do suicídio como um fenômeno social de múltiplas determinações, foi optado por investigar a relação com o trabalho. Segundo Botega (2006) não há como negar a relação entre a saúde do trabalhador com o suicídio, assim como Marx já havia definido antes como trabalho alienado no sistema capitalista
“O trabalho é exterior ao trabalhador, não pertence a sua essência, que ele não afirma-se, antes se nega, no seu trabalho não se sente bem, mas desgraçado; não desenvolve qualquer livre energia física ou espiritual, antes mortifica o seu físico e arruína seu espirito. O seu trabalho não é, portanto, voluntário, mas coagido, trabalho forçado. Ele não é, portanto, a satisfação de uma necessidade, mas é apenas um meio para satisfazer as necessidades externas a ele” (MARX, 2015, p. 308 – 309).
E sob este entendimento, o suicídio não pode mais ser mais interpretado como algo isolado, mas sim como um ato coletivo produzido socialmente que se concreta na vida privada do indivíduo que o cometera.
Acredita- se que é possível determinar tipos sociais de suicídio em função de determinadas correlações estatísticas. Com efeito, denomina três tipos de suicídio que são: egoísta, altruísta e o anômico. (Aron, 2002).
Èmile Durkheim denomina de suicídio egoísta aquele tipo de suicídio resultante de uma integração social muito frágil. Isso porque a sociedade não pode se desintegrar sem que, na mesma medida, o indivíduo seja desengajado da vida social e, por conseguinte, que seus próprios fins se tornem preponderantes sobre os fins comuns. A causa do egoísmo, portanto, só pode ser uma: a falta de integração. Nesse caso, o indivíduo que tira sua própria vida o faz exatamente por não ver-se vinculado às instituições ou aos grupos que permeiam a vida social.
O suicídio altruísta é aquele em que o indivíduo se mata devido a imperativos sociais, sem pensar em fazer valer seu direito à vida. Um dos exemplos são os suicídios no exército. Durkheim ainda relaciona o suicídio altruísta com que é realizado em muitas sociedades tradicionais, onde, por exemplo, onde algumas mulheres aceitam queimar seus corpos junto com o de seus maridos, ou então um comandante de um navio que decide afundar junto com sua embarcação. Considerando que esse tipo de suicídio seja mais comum nas sociedades pré-modernas ou tradicionais, nas quais o individualismo ainda é pouco desenvolvido e a consciência coletiva seja influente, Durkheim faz questão de destacar que as antigas formas de vínculo social não desapareceram completamente. Assim, até mesmo nas sociedades modernas ou complexas é possível avistar grupos em que os laços coletivos são fortemente definidos.
E por último, o suicídio anômico é aquele que ocorre quando há ausência de regras na sociedade, gerando o caos, fazendo com que a normalidade social não seja mantida. O termo anomia significa “ausência de normas” e tal situação, normalmente, resulta do enfraquecimento dos laços reguladores. Esse tipo de suicídio geralmente se dá em momentos de crises, como por exemplo a Crise de 1929, também conhecida como a Grande Depressão, onde a quebra da bolsa de valores de Nova York levou os Estados Unidos a sua maior crise financeira de sua história, resultando em um aumento exorbitante nas taxas de suicídios, nessas situações há uma completa desregulação das regras “normais” da sociedade, certos indivíduos ficam em uma situação inferior à que ocupavam anteriormente. Assim, há uma perda brusca de riquezas e poder, fazendo com que os índices desse tipo de suicídio aumentem.
Em sua tipologia, Durkheim procura demonstrar que cada um desses tipos de suicídio corresponde aproximadamente a tipos de ordem psicológica ou de ordem morfológica. Assim, o suicídio anômico ocorre pela decepção produzida pelo estilo de vida moderna, o suicídio egoísta se manifesta por um estado de apatia e pela ausência de vinculação à vida social, o suicídio altruísta, pela energia e pela paixão (STEINER, 2016).
Pode-se dizer que para Durkheim, embora os suicídios sejam um acontecimento individual, possuem causas que são quase que exclusivamente sociais. Há fenômenos sociais específicos que comandam os fenômenos individuais; o exemplo mais notável são as correntes sociais que levam os indivíduos à morte, embora cada um deles pense que está obedecendo a si mesmo, quando na realidade é joguete das forças coletivas. (Aron, 2002)
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