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Virando a própria mesa

Por:   •  15/6/2015  •  Resenha  •  6.934 Palavras (28 Páginas)  •  345 Visualizações

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SEMLER, Ricardo. Virando a própria mesa: uma história de sucesso empresarial made in Brazil . Rio de Janeiro (RJ): Rocco, c2002. 231 p. (Administração e negócios (Rocco)). Este é o resumo da obra virando a própria mesa de Ricardo Semler, o livro aborda a história do empresário e fala desde o inicio da sua vida, sobre o que sonhava em ser o que ele buscava, e como os seus ideais foram modificando aos poucos, e ele assumiu juntamente com o seu pai a participação da empresa, esse livro para a sua época era muito visionário, já defendia as ideias que ainda hoje não conseguirmos implantar nas organizações atuais, aborda os tabus sejam eles das roupas, ou das pessoas que são insubstituíveis para a empresa, e ainda hoje não quebramos diversos paradigmas que o livro trás, e de como é a difícil realidade em relação as empresas que possuem visão paternalistas. [1]

Memórias de um velhinho de 28 anos

Ricardo Semler sempre foi diferente, quando ele nasceu era fácil reconhecê-lo na maternidade, pois era a criança que mais berrava, foi uma criança que aprontava bastante, uma vez um coleguinha dele queria muito um brinquedo, Ricardo disse que seu pai ia para a lua e que seu colega poderia ir junto, aquilo conformava o garoto, mas a professora se incomodava. O mesmo ocorreu quando Ricardo quis ter uma irmãzinha, mas sua ideia não coincidia com os planos de seus pais, ele comunicou a todos do jardim de infância que sua irmãzinha já estava a caminho.

Na adolescência foram anos de cabelo longo, rabos de cavalo e rock’ n’roll, certa vez, ele e seus amigos compraram uma bateria, mas não sabiam como montá-la, lembraram-se de um gibi em que o personagem montava uma bateria, então eles conseguiram montá-la, anos depois descobriram que o tal personagem era canhoto. Ele e um colega pulavam a cerca dos fundos da escola durante a última aula para ir para um clube onde havia uma piscina, tudo deu certo até que um dia o diretor estava os esperando.

Ricardo também fez atletismo durante um tempo, praticava 100 metros rasos, 400 metros rasos e salto em altura. Com 100 metros rasos ele aprendeu duas coisas: Primeira, a sensação de liberdade absoluta, segunda, quando alguém passa a frente e o vence e de que apenas dois décimos de segundo separam a glória da derrota. Uma vez, em uma corrida de 400 metros ele saiu rápido demais na largada e perdeu o fôlego no final, e foi perdendo os sentidos. “Hoje em dia, quando vejo empresários expandindo em enorme velocidade, lembro-me desse evento. Sair com grande velocidade e ser líder do páreo por 80% do percurso não é difícil, o difícil é ser um dos primeiros a chegar. Ou ao menos chegar.”

O salto em altura foi o esporte que ele praticou com mais seriedade. Durante 2 anos e meio ele treinava 2 horas diariamente depois da escola. No começo tinha dificuldade para passar de 1 metro e meio, depois de um ano passou para 1 metro e 70. Continuou treinando e cada centímetro, lembra-se da luta para passar do 1,79 para os 1,80. Demorou quase três semanas e virou uma questão de honra. “Hoje dou graças a Deus não ter colocado a mim mesmo a meta de 2 metros- não sei se algum dia teria atingido essa marca, mas isso teria consumido alguns preciosos anos de treino para uma pessoa que não tinha talento para atleta, e poderia ter resultado em grande frustação. Da mesma maneira que é preciso estabelecer objetivos e perseguí-los com obstinação, acho vital não se tornar obcecado. A linha divisória entre a ambição e o desequilíbrio doentio é muito tênue. Seguir objetivos exagerados ou desnecessários é a resposta para uma necessidade interna de se mostrar capaz perante os outros (e perante a si mesmo). Atividades e objetivos que acabam se tornando imperativos para a autoestima são muito perigosos. É essencial para a paz interior distinguir entre um e outro”.

Fim de um roqueiro: “Transferir a empresa para um herdeiro é o sonho de muito empresário, e meu pai não era exceção. E a minha fase de guitarrista de rock o preocupava.” Aos dezesseis anos, durante as férias, trabalhou no departamento de compras da empresa, para um roqueiro convicto, fazer tomada de preços das barras trefiladas não era encanto algum, ele também aproveitou o período para convencer o motorista da empresa a ensiná-lo a dirigir, e foi assim que sua autoescola aconteceu dentro de uma Mercedes. Só que caminhão, não mercedinho esporte. A fixação dele por música levou seu pai a quase vender sua parte na empresa aos sócios, por achar que Ricardo nunca se interessaria. Porém a fase de guitarrista acabou aos poucos.

A vontade de assumir a dianteira de qualquer coisa já vinha com ele há muito tempo, na época, ele ficava envergonhado, pois muitos diziam que ele fazia isso para aparecer, ou querer ser o bom. “Em parte devia ser verdade”. Durante esse temo ele foi presidente da classe por vários anos e na política estudantil, com sua caça aos votos, fez parte de sua formação. Escrevia o livro anual dos formados, jornalzinhos da escola, etc. No último ano da escola, as turmas do último ano podiam usar a lanchonete para vender refrigerantes, salgadinhos e chocolates no horário do almoço. Ricardo e um amigo assumiram a lanchonete, escolheram as pessoas que trabalhariam lá, chamaram a Coca-Cola e disseram que se não dessem um desconto e 30 dias para pagar comprariam só da Antarctica.

Assim foi também com a Kellog´s, Elma Chips, Mirabel e Nestlé. Colocavam a média que as outras turmas também colocavam na agência do banco da escola, e o resto numa maleta apenas deles, a outra turma tinha ido de ônibus para a Bahia no ano passado. Eles foram de avião para a Bahia, ficaram nos melhores hotéis e fizeram uma festa de formatura com muito champanhe para achar um jeito de gastar o dinheiro que havia sobrado. Depois de conhecer um dos melhores guitarristas do mundo e ir a alguns shows, ele descobriu que a ideia de ser apenas um guitarrista no meio da multidão não o agradava.

Facultando

“A primeira vista, o caminho a seguir era o da faculdade de Administração de empresas. Porém esse curso nunca me atraiu. Por outro lado, queria uma formação humanista, que ensinasse a pensar e não aplicar conhecimentos.” Fez direito e achou muitas respostas. Aprendeu a estruturar o pensamento. Não tinha qualquer interesse em ser advogado, e assim, passou raspando em cada um dos cinco anos. Ele assistiu a um programa de TV que marcou profundamente sua vida. Era uma entrevista com John Goddard, americano, 61 anos e tinha feito aos 15 anos uma lista de objetivos, com os quais ele queria cumprir durante a vida. Faltavam apenas 19, obviamente um homem extraordinário, desceu de paraquedas com 60 anos. Ele foi conhecer a Universidade de Harvard, e voltou de metrô, comprou uma moedinha a mais do cobrador, colocou-a na carteira e decidiu que a manteria lá para ser usada no dia em que fosse à primeira aula naquela universidade, buscou vários tipos de ajuda, e se candidatou a uma vaga, foi negada.

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