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A AÇÃO E ESTRUTURA VISTAS PELA ÓTICA DO INSTITUCIONALISMO

Por:   •  16/6/2018  •  Artigo  •  3.681 Palavras (15 Páginas)  •  332 Visualizações

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A AÇÃO E ESTRUTURA VISTAS PELA ÓTICA DO INSTITUCIONALISMO E PELA ESTRUTURAÇÃO.

Autor: André Sarmento Spalenza

1. RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo mostrar os conceitos de ação e estrutura, vistos pela ótica da estruturação e do institucionalismo. O trabalho parte do que é visto em Whittington (1992) em que a teoria institucional utiliza elementos da estruturação, mas não de forma completa, gerando diferenças entre estas abordagens. Como resultado principal observa-se: ambas as teorias enxergam a estrutura e a ação se influenciando, porém, a estruturação vê a capacidade de mudança ocorrendo em níveis individuais e a institucional somente em níveis coletivos. Conclui-se que as teorias possuem similaridades, como a dualidade da estrutura, mas também diferenças, como o modo que ocorre a mudança. Ambas as abordagens possuem lacunas, como a não consideração dos elementos institucionais pela estruturação e o determinismo, considerado pela institucionalização, porém, que em conjunto, estas teorias se completam.

2. INTRODUÇÃO

Desde os anos de 1980 a abordagem do sociólogo Anthony Giddens ganha destaque nos estudos de gestão sendo utilizada como base para trabalhos que tratam, principalmente, sobre a ação da gestão (WHITTINGTON, 1992). Os estudos acerca da estruturação, vistos em Giddens (2003) exerceram grande influencia para a concepção de teorias, como a da institucionalização, em que, DiMaggio e Powel (1983), ao tratar sobre o tema, utilizam ideias trazidas por Giddens (2003), principalmente no que tange a ocorrência da ação (WHITTINGTON, 1992).

Sobre o trabalho de Giddens (2003), Albino et al.(2010) e também Bobsin e Hoppen (2014) apontam que este consiste em uma síntese sobre o que se discute em relação ação e a estrutura. Albino et al. (2010) consideram a teoria da estruturação como sendo uma alternativa intermediária entre as teorias interpretativistas, que consideram a ação do sujeito, em caráter subjetivo, em detrimento da estrutura, e as funcionalistas, que consideram a estrutura em detrimento da ação do sujeito. Giddens (2003) traz uma abordagem, considerada intermediaria, por entender a estrutura e a ação influenciando-se continuamente (ALBINO et al., 2010).

O institucionalismo, aqui tratados principalmente pela visão de DiMaggio e Powel (1983), foi influenciado pela estruturação de Giddens (WHITTINGTON, 1992), em que esta vertente entende a estrutura como mutuamente constituída, em que interagem agentes e estrutura em uma ideia de reciprocidade (DiMAGGIO; POWEL, 1983). Whittington (1992) enfatiza, porém, que o que é proposto na teoria da estruturação (GIDDENS, 2003) foi incorporado de forma incompleta pelos institucionalistas, que mesmo entendendo a estrutura e a ação como mutuamente constitutivas, dão ênfase as pressões ambientais e como elas operam nas organizações, levando-as ao isomorfismo, de forma quase que determinística.

A teoria Institucional considera que as organizações, se sujeitas a um mesmo conjunto de condições ambientais, tendem, na busca pela legitimidade, a se assemelhar (MEYER; ROWAN, 1977). Tal processo de homogeneização ocorre, como apontam DiMaggio e Powel (1983) quase que de forma determinística, em que o ambiente traça as condições e as organizações que não se enquadram não estão aptas a atuarem no mercado, deixando somente as organizações melhor adaptadas.

Levando em consideração o modo que Giddens (2003) considera a ação e estrutura e como os institucionalistas veem essa relação, surge a questão:  Quais são as diferenças no modo em que as ações e estruturas são tratadas pela estruturação (GIDDENS, 2003) e pela institucionalização (DiMAGGIO; POWEL,1983)? Para responder a questão o trabalho realiza um apanhado sobre a teoria da estruturação (GIDDENS, 2003) e como ela trata a ação e a estrutura, depois realiza um apanhado acerca de como a abordagem institucional trata estes mesmos aspectos, para depois fazer uma comparação entre as duas abordagens. Como apontado por Whithington (1992) a abordagem institucional é formada por vários autores, que possuem visões diferentes. O presente trabalho, porém, trata o institucionalismo trabalhado, principalmente, pela ótica de DiMaggio e Powel (1983).

4. A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO DE GIDDENS

Segundo Peixoto (2014), a teoria da estruturação busca identificar como ocorre o fluxo da vida social. Giddens e Pierson (2000) apontam que o campo social é formado por atividades realizadas cotidianamente, que produzem e reproduzem instituições mais amplas. Giddens (2003) aponta que as ações, mesmo não sendo criadas por determinado ator, são constantemente recriadas por ele, em um esquema de ação humana que se retroalimenta. Os agentes reproduzem condições sociais que fazem com que as atividades sejam possíveis e analisam estas condições, de forma reflexiva, as reproduzindo e modificando (GIDDENS, 2003).  Para Giddens (2003) a reprodução das práticas leva à racionalização que, por sua vez, infere na monitoração reflexiva da ação que gera consequências impremeditadas, requerendo uma nova interferência do agente.

Para Giddens (2003) as realizações das ações não são apenas um conjunto de atos. Os atos são racionais, socialmente aprendidos e influenciados, porém constantemente modificados pelos agentes. Os agentes reproduzem as atividades racionalizadas, porém, de forma reflexiva, o que implica considerar todos os agentes competentes para refletir sobre sua ação e ser capaz de modifica-la (GIDDENS, 2003). Para se entender as ações e como elas são modificadas, é necessário entender a consciência humana, que pode ser discursiva ou prática, sendo que a consciência discursiva é a que é adquirida ao longo da vida em sociedade, e a prática, que é a discursiva quando executada. As consciências, no entanto, não são delimitadas, há uma linha tênue, que, em certos momentos coexistem (GIDDENS, 2003).

Giddens (2003) coloca que, independente da forma que a ação acontece, se foi intencional ou não, é gerado um resultado consequente ao ato. Giddens (2003) diz que os resultados diferentes são gerados por atos diferentes, o que implica em dizer que não importa a intenção da ação, mas o que ocorreu. Para Giddens (2003), a execução de uma ação pode ser através da pretensão do agente ou simplesmente através de uma ação não pretendida. O resultado gerado, independente da intensão ou não, é chamado por Giddens (2003) de agência, que significa o que realmente é realizado, não importando se havia a intenção de se realizar aquele ato ou não.  

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