A Obrigatoriedade do Relato Integrado nas Empresas Brasileiras

Obrigatoriedade do relato integrado nas empresas

De ante de um mundo globalizado, onde há escassez de recursos naturais, tragédias ambientais, questões de meio ambiente e sociais, a sociedade e no mundo corporativo passaram a questionar o valor da empresa e o que ela pode oferecer no futuro, ou seja, a empresa visa somente o lucro ou se importa com os fatores ao seu redor. Dessa forma, muito tem se discutido sobre os aspectos que trazem esse desempenho às organizações, relatórios que descrevem apenas dados financeiros e aqueles que estão relacionados aos dados ambientais e sociais.

Com tais problemas decorrentes de alinhamento de dados e fatos nos relatórios surgiu, em 2010, o relato integrado, sob a iniciativa do International Integraded Reporting Council (IIRC). O relatório envolve a divulgação anual de informações sobre seis capitais principais para as empresas terem um desenvolvimento e crescimento sustentável: financeiro; humano; intelectual; manufaturado; natural; e social e de relacionamento. Ou seja, muitas organizações têm adotado o relato integrado visando transmitir de forma clara uma comunicação ao mercado sobre os aspectos financeiros, sociais e ambientais referentes as suas atividades com objetivo de atender a atual necessidade dos seus usuários e passar uma maior legitimidade e credibilidade as suas ações.

Assim sendo, de acordo com a Decisão Normativa TCU nº 170/2018, todos os órgãos e entidades da administração direta e indireta devem preparar e apresentar seus relatórios integrados. A principal tendência é a de que o relato integrado, por oferecer informações mais relevantes para decisões futuras, transforme acionistas temporários em investidores, criando um relacionamento duradouro com a empresa, como tratado pelo IIRC (2014), na qual afirmam que empresas que adotam o relato integrado registram melhores resultados e possuem mais acionistas de longo prazo.

Nessa perspectiva, um relatório integrado é um relatório organizacional de divulgação pública, o qual contém informações financeiras e não financeiras. O conceito do relato integrado é baseado em apresentar como a empresa cria valor para a sociedade, mostrando quais são as suas estratégias, sua gestão, sua performance e suas decisões futuras. O ponto central é a busca de conceber uma estrutura conceitual a qual espera-se das organizações que divulguem, em intervalos regulares de tempo, suas estratégias, operações, resultados e impactos naturais integrados aos seus aspectos sociais, ambientais e financeiros, a fim de que o acionista conheça o modelo de negócio para tomada de decisões corretas.

Um estudo divulgado pela KPMG sobre relatórios corporativos aponta que entre as 250 maiores empresas do mundo, 93% publicam relatórios de natureza corporativa, os relatos integrados. A tendência é tão significativa que a própria KPMG afirma que as companhias que não divulgam o relatório deveriam “perguntar a si mesmas se é benéfico continuar remando contra a maré” (KPMG, 2013). Outro estudo feito pela Revista de Contabilidade da UFBA, Salvador-Bahia, sobre as empresas participantes do programa piloto no brasil, constataram que tais organizações que adotaram o modelo do relato integrado para divulgar suas informações tiveram melhores resultados e maiores lucros. Desse modo, o relato integrado tem cumprido seu papel econômico e social nas empresas, tal como sua função de focar na capacidade que uma entidade tem de gerar valor ao longo do tempo, identificando riscos e oportunidades que permitem os vários grupos de interesses avaliarem acerca da continuidade das organizações.