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ANTROPOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: UM ENCONTRO NOS ESTUDOS SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL

Por:   •  22/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  6.230 Palavras (25 Páginas)  •  696 Visualizações

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VI SEMEAD                ESTUDO DE CASO

                ADM. GERAL

ANTROPOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: UM ENCONTRO NOS ESTUDOS SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL

AUTORES:

  1. Luiza Cristina de Alencar Rodrigues

Mestranda em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR;

e-mail: luizacristina@edu.unifor.br

  1. José Lindoval Aragão Matos 

Mestrando em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR;

e-mail: lindoval@edu.unifor.br

  1. Ricardo Bezerra de Menezes

Mestrando em Administração de Empresas da Universidade de Fortaleza – UNIFOR;

e-mail: rbm@edu.unifor.br

  1. Francisco Correia de Oliveira

PhD em Administração de Empresas

Universidade de Fortaleza - UNIFOR.

e-mail: oliveira@unifor.br

e-mail 2: oliveira@secrel.com.br


ANTROPOLOGIA E ADMINISTRAÇÃO: UM ENCONTRO NOS ESTUDOS SOBRE CULTURA ORGANIZACIONAL

Resumo

A cultura organizacional tem sido tema recorrente nos trabalhos acadêmicos nos últimos anos, o que tem favorecido uma maior densidade teórica e metodológica às pesquisas nessa área, além de novas propostas conceituais, técnicas mais apuradas de intervenção organizacional e surgimento de categorias analíticas mais pertinentes ao universo empresarial. Dentro desse foco, o presente trabalho trata da questão da cultura organizacional ao analisar um programa de desenvolvimento de equipes. No caso estudado, imprime-se um diálogo entre a Administração e a Antropologia, ao propor a utilização da Etnografia para compreensão dos fenômenos organizacionais. O artigo resulta de uma pesquisa exploratória e descritiva, mediante a investigação da literatura específica e o estudo de caso. Tendo como eixo norteador a cultura organizacional e suas respectivas vertentes encontradas na bibliografia especializada, o artigo busca explorar as possibilidades e potencialidades dos métodos Etnográfico e Clínico, bem como seus pontos discrepantes.

Introdução

O empenho em avizinhar a Administração e a Antropologia, intensificou-se nos últimos vinte anos tendo como uma das razões principais a incorporação pela Administração de recursos metodológicos da Antropologia, como salienta Mascarenhas (2002), quando afirma que a  Administração e a Antropologia têm preocupações teóricas muito distintas. A Administração é uma disciplina essencialmente prática e seus temas de análise são, em sua maioria, relacionados a variáveis encontradas dentro de organizações e que influenciam seus objetivos e resultados.

Por outro lado, diferentemente da ação administrativa organizacional, a proposta antropológica não aponta para o uso instrumental ou intervencionista de suas descobertas. Entretanto, a aproximação dessas duas abordagens, conforme Mascarenhas (2002), muda o paradigma da organização como racional e repleta de fatos objetivos para a organização como um grupo, no qual significados são socialmente construídos, levando à utilização da abordagem interpretativa como uma maneira de compreender os fenômenos organizacionais.

Serva e Jaime Júnior (1995) defendem a postura antropológica nas pesquisas organizacionais, apontando vantagens em se ultrapassar o empréstimo de sua opção epistemológica e adotar os métodos tradicionalmente utilizados na disciplina, visando ao aprofundamento do conhecimento sobre o homem no trabalho em suas diversas dimensões. Os autores defendem a postura antropológica como uma maneira de se superar a objetividade cega, característica da administração, que faz confundi-la com a organização “racional” do trabalho.

Este estudo, além de aprofundar e propor novas perspectivas no encontro dessas duas vertentes,  amplia o contexto com a inclusão do método clínico referenciado nos estudos de Edgar Schein, o qual descortina uma outra forma de abordar e estudar os fenômenos organizacionais. Schein (1991) introduz críticas aos recursos metodológicos da Antropologia, ao argumentar que a cultura não pode ser pesquisada com descrições de suas características superficiais, já que não daria conta de seus aspectos holísticos e sistemáticos, ou por meio de questionários com suas premissas predefinidas e atitudes entendidas fora do contexto.

Nesse sentido, procura-se explorar as possibilidades e potencialidades dos dois métodos -   o etnográfico, originário da Antropologia Social e o clínico, proposto por Schein -,  apontando seus pontos discordantes e convergentes, quando o objetivo principal da investigação está centrado no estudo da cultura organizacional.

Na tentativa de encontrar sustentação para as argumentações entre os dois métodos, acrescenta-se a este estudo a metodologia de ação de consultoria aplicada a um programa de Desenvolvimento de Equipes de uma instituição financeira pública federal. A empresa, sediada no Estado do Ceará e volvida para o desenvolvimento regional, atua em toda a região Nordeste e no norte dos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.

O presente trabalho, de caráter exploratório e descritivo, combina os procedimentos técnicos estudo de caso, pesquisa documental e pesquisa bibliográfica.

Este artigo faz, inicialmente, um aporte teórico sobre cultura organizacional e sobre os métodos etnográfico e clínico; em seguida, fundamenta o estudo com um caso prático de Desenvolvimento de Equipes; os contrapontos entre os dois métodos de análise, firmados na experiência prática, é objetivo da seção subseqüente; por fim, incorporam-se as considerações concludentes do estudo e seus possíveis desdobramentos e contribuições e as referências bibliográficas que permitiram a fundamentação teórica requerida pela análise.

  1. Cultura Organizacional

O termo “cultura organizacional” tem-se mostrado popular, na tradição ocidental, entre teóricos e administradores desde a publicação de In search of excellence (PETERS e WATERMAN, 1982). O termo “cultura” tem suas raízes teoréticas dentro da antropologia social e foi inicialmente usado como uma forma holística de descrever as qualidades de um grupo humano que são passadas de uma geração para a próxima. Segundo descreveu Tylor (1971): “cultura ... tomada em seu amplo senso etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como um membro da sociedade.”

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