AS NOÇÕES VANTAGENS COMPARATIVAS FINAL
Por: amandinha_ferias • 6/6/2019 • Relatório de pesquisa • 1.501 Palavras (7 Páginas) • 327 Visualizações
A escassez se refere à um problema econômico básico: a lacuna entre recursos limitados – ou seja, escassos – e desejos teoricamente ilimitados. Esta situação exige que as pessoas tomem decisões sobre como alocar seus recursos de maneira eficiente, a fim de satisfazer suas necessidades básicas e o máximo possível de desejos.
Qualquer bem de consumo que tenha um custo não-zero é escasso até certo ponto, mas na prática, o que importa é a escassez relativa. Por isso a vantagem comparativa é tão importante e pode ser entendida com o exemplo de que cada país deve se especializar na produção de determinado produto, no qual ele é relativamente melhor, ou que consiga reduzir custos para exportá-lo. Em contrapartida, esse mesmo país deve importar mercadorias as quais não possui produção ou que o custo de fabricação é mais elevado. Esse método de comércio auxilia no crescimento econômico dos países.
Com isso a produção de bens se mantém estável e em número elevado, já que se não houvesse essa interdependência entre os países, o número de bens manufaturados seria menor, e provavelmente faltariam produtos para a população.
Dentro do contexto histórico, pode-se destacar um exemplo de vantagem comparativa no campo da economia política internacional: o Tratado de Methuen – também conhecido como o Tratado de Panos e Vinhos. Esse tratado, fruto da reinserção portuguesa no comércio internacional e da progressão inglesa, foi firmado em 27 de dezembro de 1703, levando o nome do embaixador inglês John Methuen responsável por intermediar o acordo. Tinha como objetivo abrir os respectivos mercados entre os países da seguinte forma: Portugal exportaria vinho para a Inglaterra, a impostos mais baixos que os demais países, e, em contrapartida, Inglaterra exportaria tecidos à Portugal. Tal acordo se deve ao fato de que Portugal era mais eficiente na produção de vinhos, enquanto a Inglaterra, mesmo que em desvantagem, apresentava um bom desempenho na produção têxtil.
Ao longo do tempo, devido a sua particularidade, este acordo despertou enorme interesse na história das relações comerciais, sendo utilizado como base de estudo em diversas áreas da ciência, em especial, a Economia. David Ricardo, teórico da Economia Clássica, a partir da crítica à teoria de Adam Smith de vantagens absolutas, utilizou-se dessa relação comercial para tentar mostrar que mesmo quando um país não apresenta vantagem absoluta, em comparação a outro, na produção de um bem, ele continua sendo importante para o comércio internacional, pois ainda é capaz de produzi-lo, mesmo que com menos eficiência.
O estudo se baseia na quantidade de horas de trabalho na produção de uma unidade de cada produto (Tecido e Vinho), dos países Portugal e Inglaterra, como demonstrado no quadro a seguir:
BENS: TECIDO E VINHO | ||||
Custo (horas de trabalho necessárias para produzir uma unidade) | Produtividade (produção por hora de trabalho) | |||
Países | Tecido | Vinho | X | Y |
Inglaterra | 100 | 120 | 1/100 | 1/120 |
Portugal | 90 | 80 | 1/90 | 1/80 |
É importante explicitar que, apesar da importância do tratado para a história mundial, ele não se concretizou da mesma forma que na pesquisa de David Ricardo, já que Portugal teve grande desvantagem no acordo (taxas cobradas ao vinho português representavam 2/3 daquelas sobre os vinhos franceses).
De acordo com o modelo Ricardiano, através de cálculos matemáticos utilizando os dados acima e comparando os custos relativos de produção de cada bem, pode-se concluir que Portugal tem uma vantagem comparativa na produção de Vinho, enquanto a Inglaterra tem uma vantagem comparativa na produção de Tecido; ou seja, Portugal é relativamente mais eficiente na produção de vinho e a Inglaterra é relativamente mais eficiente na produção de Tecido.
Tais diferenças nos custos relativos ocorrem devido à tecnologia de produção de cada país, assim como na Teoria da Vantagem Absoluta de Adam Smith. O que difere, porém, o modelo Ricardiano de tal teoria é que, apesar de ser menos desenvolvido, Portugal tem aparente maior eficiência na produção de ambos os bens. Portanto, de acordo com Smith, o comércio entre os países não existiria, pois Portugal seria autossuficiente na produção de ambos os bens, sem haver interesse na troca de produtos com a Inglaterra. Porém, por meio dos cálculos e da teoria de David Ricardo, podemos perceber que como os custos relativos dos produtos são diferentes, os países são incentivados à troca. Sendo assim, cada país deve se especializar na produção do bem para o qual possui maior vantagem – ou menor desvantagem – relativa. Ou seja, Portugal focaria na produção de Vinho, devido a sua relativa maior eficiência, e o mesmo para a Inglaterra na produção de Tecido, já que possui menor desvantagem relativa nesse bem.
Como consequência, o comércio mundial se beneficiaria dessa troca, pois 30 horas de trabalho seriam poupadas para a produção das mesmas unidades de bens, como visto nos quadros abaixo:
Gasto de horas trabalho sem comércio:
Gasto de horas trabalho com livre troca:
BENS | ||||
Países | Tecido | Vinho | TOTAL | |
Inglaterra | 100 | 120 | 220 | |
Portugal | 90 | 80 | 170 | |
TOTAL | 190 | 200 | 390 | |
BENS | ||||
Países | Tecido | Vinho | TOTAL | |
Inglaterra | 200 | - | 200 | |
Portugal | - | 160 | 160 | |
TOTAL | 200 | 160 | 360 |
Com o passar dos anos, mais especificamente no século XXI a vantagem comparativa ainda pode ser facilmente encontrada ao analisar o comercio internacional. Países em desenvolvimento se uniram na busca de uma estruturação de uma ordem mundial multipolar, buscando maior espaço nas grandes decisões mundiais. Neste contexto, a aproximação econômica entre Brasil e China reflete o aumento da importância desses países no cenário mundial.
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