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Análise Teórica do Modelo de Gestão das Empresas Familiares: Um olhar para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME’s) em Moçambique (2002

Por:   •  19/7/2016  •  Monografia  •  16.048 Palavras (65 Páginas)  •  910 Visualizações

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 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

No presente capítulo que compreende a introdução do trabalho, faz-se a alusão do trabalho da sua totalidade que se resume na apresentação do projecto.

No novo contexto amplamente globalizado e competitivo, os pequenos negócios se destacam como os responsáveis pelo aumento da economia e desenvolvimento em nível local, regional e nacional. Esses negócios são conhecidos como micro, pequenas e médias empresas. O reconhecimento da importância que as micro, pequenas e médias empresas (PME’s)1 têm na economia é muito recente, datando da década de 60 (LALL, 2000) e, justificando um estudo mais aprofundado pela sua crescente importância no Produto Interno Bruto (PIB), nas exportações e, principalmente, no emprego. E este peso é crescente nas economias dos países em vias de desenvolvimento.

1 Os termos, PME e MPME (micro, pequena e média empresa) são utilizados com mesmo significado.

As PME’s correspondem a maioria esmagadora em todas as economias, e a sua análise corresponde a análise do desenvolvimento do sector privado. A maioria destas empresas possuem um cunho familiar e, o número destas empresas familiares vêm crescendo nos últimos anos, porque, dentre outras coisas, a atitude em relação ao trabalho está mudando, uma vez que as pessoas estão buscando, através da abertura de um negócio próprio, ter maior independência profissional e possuir mais controle sobre suas próprias vidas e seus trabalhos.

A diminuição dos empregos formais/tradicionais é um factor que tem como causa, por exemplo, as inovações tecnológicas, os novos processos produtivos, os sistemas de gestão. Portanto, uma óbvia alternativa para quem se encontra desempregado é abrir seu próprio negócio, sendo esta uma das soluções para minimizar a questão do desemprego. E, com a abertura destes negócios próprios, surgem as empresas familiares como forma predominante no sistema econômico de vários países.

O presente trabalho apresenta-se estruturado em cinco capítulos, em que o primeiro procurará lançar a problemática, definirá os objectivos, a relevância do tema e, o Capítulo II refere-se a sua metodologia, ou seja, este fornecerá a direcção da pesquisa. Mais adiante, no Capitulo III, far-se-á o enquadramento teórico, com foco 2

em conceitos sobre as PME’s, a sua participação na economia e as suas características. Já no Capítulo IV descrever-se-á a empresa familiar, no que concerne ao seu contexto histórico e a apresentação das suas principais características, composição e modelo de gestão familiar, como a cultura organizacional, as relações humanas e a definição de cargos, funções e planos de carreira. No Capítulo V trataremos de analisar e interpretar os dados, verificando as condições e as limitações de uma empresa familiar conseguir manter-se na primeira geração, chegar à segunda e dar continuidade em seus negócios até a terceira geração, sendo abordadas as possibilidades de chegar-se a uma quarta ou quinta geração no seu processo sucessório e, terminando com a verificação das hipóteses. Por último temos as conclusões, recomendações e, a respectiva bibliografia consultada.

1.1. Delimitação do Tema

Segundo MARCONI & LAKATOS (2001) tema “é o assunto que se deseja provar. Este pode surgir duma dificuldade sentida pelo autor, por uma curiosidade científica ou ainda por desafios encarados na leitura de outros trabalhos.”

O presente trabalho de fim de curso tem como tema: Análise Teórica do Modelo de Gestão das Empresas Familiares: Um olhar para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (PME’s) em Moçambique.

É importante frisar que no tema supra apresentado, o período em estudo foi a partir de 2002, com a realização do 1º Censo das Empresas de Moçambique pós-Independente, tendo o autor cingindo-se até o ano de 2012, onde os dados foram analisados de forma cruzada, permitindo fazer-se uma análise mais abrangente sobre a importância e desafios das PME’s na vertente de empresas familiares e do seu funcionamento diante da influência dos valores familiares associados aos valores empresariais no processo de gestão.

1.2. Problemática

Em Moçambique, tal como no resto do Mundo, as PME’s encontram-se presentes em todos os sectores da indústria e dos serviços e constituem a maioria do tecido empresarial moçambicano e, de acordo com o Censo de Empresas (CEMPRE, 2004), do total das empresas existentes no país, 98,6% eram PME’s (destas, 79,9% eram microempresas), contribuindo com cerca de 41% do volume bruto de negócios, e 3

absorvendo 42,9% da força laboral do país. No seio do sector privado, as PME’s tem uma contribuição fundamental na medida em que geram empregos, proporcionam a competitividade, diversificam as actividades, estimulam a inovação e a criatividade e mobilizam recursos sociais e económicos para o sector produtivo. Actualmente existem no país cerca de 28.474 PME’s registadas na base dos dados do último Censo de Empresas, com cerca de 129.225 trabalhadores. O comércio é o sector dominante, seguida pela indústria de hotelaria e de processamento. O comércio representa 57,4%, ou seja 16,357 empresas, do número total no sector das PME’s como um todo. O sector do alojamento constitui 20,2% (5.793) e a manufactura totaliza 9,9% (2.828). A agricultura representa apenas 2,17% (MIC, 2008: 3-6).

Segundo a tabela abaixo, discriminando em grandes empresas e PME’s, verifica-se que, do total das empresas, as PME’s representavam 98,6% com 80% da força de trabalho e 41,5% do volume de negócios.

Tabela 1: Nº de empresas, pessoas ao serviço e volume de negócios em 2002 (10^6).

Tamanho Total de Empresas % Pessoas ao serviço % Volume de Negócios % Grandes Empresas 396 1.4% 60,149 20.0% 38,842,454 58.5% PME's 28,474 98.6% 240,996 80.0% 27,601,800 41.5% Total 28,870 100.0% 301,145 100.0% 66,444,254 100.0% Fonte: INE (CEMPRE, 2004)

Logicamente que, em termos de valor acrescentado (na geração de rendimento ou no contributo ao PIB), as grandes empresas têm um contributo desproporcional, comparativamente ao número de empresas (pelo volume de negócios, as PME’s perfazem 41,5%).

De 2002 até 2006, as PME’s apresentam-se com um peso médio anual de 98,8% (em termos de número de empresas), com uma taxa média anual de crescimento de 16,1%2, comparado com 6,6% das grandes empresas3. Portanto, no caso específico de Moçambique, o processo de crescimento, acumulação de capital e

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