Avaliação dos processos de gestão do conhecimento no segmento financeiro do EMB, em particular nos bancos de atacado e de investimento

1. Introdução

A expansão do processo de internacionalização de Empresas Multinacionais Brasileiras (EMB) é razoavelmente recente. Segundo estudo elaborado pela revista Fortune, em 2005 havia apenas três companhias brasileiras entre as 500 maiores empresas do mundo (Petrobrás, Banco do Brasil e Bradesco), ao passo que em 2012 oito empresas brasileiras (Petrobras, Banco do Brasil, Bradesco, Vale, JBS, Itausa, Ultrapar e Grupo Pão de Açúcar) chegaram ao mesmo patamar (GUYON 2005, MURPHY 2012). Segundo a revista Forbes, que publica a lista das 2000 maiores empresas mundiais, a ascensão das multinacionais brasileiras é ainda mais destacada: se em 2003 apenas três empresas brasileiras estavam entre as 2000 maiores empresas globais, em 2012 31 empresas brasileiras que participavam do seleto grupo de maiores empresas globais (REIFMAN 2003, DECARLO 2013). Como consequência do crescimento recente das EMB, se faz necessário analisar suas fontes de vantagens competitivas.

Segundo Nonaka (1991), em uma economia onde a única certeza é a incerteza, apenas o conhecimento é fonte segura de vantagem competitiva. Como consequência, uma potencial vantagem estratégica que uma organização em processo de internacionalização pode possuir, em relação aos seus competidores, é a sua Gestão do Conhecimento (GC). Deste modo, é importante analisar criticamente qual é a presente situação da GC em empresas multinacionais brasileiras. O objetivo deste artigo é avaliar os processos de gestão de conhecimento em EMBs do segmento financeiro, mais especificamente em bancos de atacado e de investimento.

O artigo está estruturado em sete itens. O item 2 apresenta a metodologia utilizada. O item 3 discute as fundamentações teóricas sobre gestão do conhecimento e internacionalização de empresas. Em seguida, o item 4 detalha a execução do estudo de caso e os resultados obtidos. O item 5 apresenta as considerações finais ao passo que o tem 6 sugere recomendações para trabalhos futuros. Por fim, o item 7 apresenta as referências bibliográficas.

2. Metodologia

Inicialmente realizou-se levantamento de informações sobre EMBs do segmento bancário com o objetivo de identificar aquelas instituições que apresentassem algum tipo de prática de gestão do conhecimento. Em seguida realizou-se pesquisa bibliográfica e estudo detalhado com as informações sobre GC e internacionalização disponíveis de várias fontes: websites de relação com investidores, apresentações para investidores, relatórios financeiros, associações de classe, dados da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento, da Febraban – Federação Brasileira de Bancos – e da ANBID – Associação Nacional de Bancos de Investimentos. Em função da quantidade e qualidade das informações disponíveis, optou-se por concentrar o estudo em bancos de atacados e de investimentos. Em seguida, procedeu-se à busca e identificação dos executivos responsáveis pelas áreas de GC destes bancos. Foram agendadas entrevistas telefônicas para a realização de entrevistas semiestruturadas com o apoio de um questionário desenvolvido especificamente para este trabalho (Anexo I); quando necessário, utilizou-se troca de comunicação eletrônica para a clarificação de dúvidas. Por fim foram consolidadas as informações quatro instituições