Descrição do Leite condensado
Por: Rafael Izidoro • 12/6/2015 • Relatório de pesquisa • 1.153 Palavras (5 Páginas) • 1.791 Visualizações
- Introdução
O Leite Condensado surgiu quando o norte-americano Gail Borden, tentando desidratar o leite comum, descobriu que, antes de transformar-se em leite em pó, o produto se tranformava em leite condensado.
A invenção de Borden, patenteada em 1856, só foi valorizada quando estourou a Guerra Civil Americana, quatro anos depois. Transportando leite em pó e leite condensado para as tropas - e depois colocando esses produtos no mercado - Gail Borden ficou rico.
- Composição do produto
Gordura | 8,0 a 8,5 % |
ESD | 19,5 a 20,0 % |
Açúcar | Mínimo 45,0 % |
Lactose (adicionada) | 0,016 % |
Umidade | 26,5 a 27,5 % |
- Fabricação
O leite condensado é um produto obtido a partir de leite previamente padronizado, adicionado de açúcar e evaporado, em equipamento a vácuo, até a obtenção do teor ideal de sólidos totais.
- Padronização do leite
O leite utilizado na produção do leite condensado deve ser padronizado para garantir uma relação constante (fator de referência = rf) entre a quantidade de gordura e ESD no produto final.
A relação Gb/ESD no leite padronizado deve ser igual a relação Gb/ESD no leite condensado.
Exemplo: rf Gb/ESD = 8,1/20,0 ➔ ➔ ➔ rf = 0,4050
Sendo assim, o leite padronizado precisa apresentar o mesmo fator rf. Neste caso precisamos ter, por exemplo, um leite padronizado com 3,39 % de Gb e 8,37 % de ESD (rf = 0,4050).
- Pasteurização do leite
A pasteurização do leite padronizado tem o objetivo de destruir enzimas, bactérias, mofos e leveduras. O açúcar não pode ser adicionado ao leite antes da destruição das enzimas, pois o mesmo desenvolve ação protetora sobre a lípase, prejudicando a qualidade do produto final. Para garantir a eliminação das Lipases, o leite deve ser pasteurizado, no mínimo, a 82 ºC/60 segundos.
A temperatura de pasteurização também exerce influência direta sobre a viscosidade do produto final, que é responsável pela sua estabilidade física durante o armazenamento (ver principais defeitos).
- Adição de açúcar
A quantidade de açúcar a ser adicionada ao leite já padronizado quanto a relação Gb/ESD, é determinada em função da quantidade de gordura existente neste leite. Sendo assim, podemos elaborar um “Fator Açúcar” (fa).
fa = % de açúcar/% de gordura no produto
fa = 45,0/8,1 ➔ ➔ ➔ fa = 5,55 , ou seja:
Para cada kg de gordura existente no leite, devemos adicionar 5,55 kg de açúcar.
6.1. Teor de açúcar em água (Aw)
O teor de açúcar na água do leite condensado (Aw) é um fator muito importante e deve estar entre 58,0 e 62,5% para manter a pressão osmótica no produto elevada, inibindo o crescimento microbiano. Teores de açúcar em água muito elevados tendem a cristalizar a lactose em núcleos muito grandes, gerando textura arenosa. Aw abaixo de 58,0 % permite desenvolvimento microbiano.
- Evaporação
Antes da evaporação, o leite açucarado precisa ser pasteurizado novamente para eliminar a contaminação microbiológica proveniente do açúcar.
A evaporação, ou concentração, ocorre em equipamento a vácuo, permitindo que o leite entre em ebulição a baixas temperaturas, evitando o seu escurecimento.
- Resfriamento e adição de Lactose
Após a evaporação, o leite condensado precisa ser resfriado rapidamente e receber a inoculação da lactose para induzir a formação de micro-cristais não perceptíveis ao paladar. A adição de lactose deve ser realizada com agitação constante e vigorosa, evitando a formação de “blocos de cristais” e intensificando a “micro-cristalização). O objetivo é obter um grande número de cristais de tamanho muito pequeno (ideal < 10 μ ; 1 μ = 1 milésimo de milímetro).
Enquanto quente, a cristalização é lenta, ocorrendo a formação de cristais grandes, daí a importância de resfriar de forma brusca o leite condensado.
- Envase
A embalagem do produto deve garantir condição hermética e ausência de ar no interior da embalagem, podendo ser realizado em embalagem cartonada Tetra Brik. Apesar do produto e envase não serem assépticos, todos os cuidados com a higiene e BPF devem ser adotadas para evitar uma possível contaminação do produto.
- Principais defeitos
- Leite Condensado Arenoso: presença de grânulos duros, visíveis a olho nu e perceptíveis na língua ou nos dentes. Suas principais causas são:
- Pasteurização a alta temperatura, preciptando sais solúveis de Cálcio;
- Utilização de açúcar acima das quantidades indicadas;
- Concentração excessiva do leite, causando a super-saturação das soluções de lactose e sacarose;
- Leite Condensado Sedimentado: Apresenta no fundo da embalagem uma camada de espessura variável, de consistência mole ou firme, constituída de cristais de lactose e sacarose. Influem na formação do defeito:
- Baixa viscosidade ou consistência rala do produto decorrente de concentração incompleta;
- Baixa temperatura no aquecimento do leite (pasteurização);
- Leite Condensado espesso ou geleificado: é um defeito verificado em leites guardados a altas temperaturas, onde ocorre o espessamento progressivo. Pode ser determinado por ação bacteriana e alterações físico-químicas. Principais causas:
- Pasteurização inadequada, permitindo o desenvolvimento microbiano;
- Baixa concentração de açúcar na água, diminuindo a pressão osmótica e permitindo o desenvolvimento microbiano;
- Temperatura de evaporação elevada (vácuo ruim);
- Teor elevado de ESD do leite no produto aumenta a tendência ao espessamento;
- Alto teor de sólidos no produto aumenta a geleificação;
- Presença de estabilizadores como citratos e fosfatos facilitam o espessamento;
- Leite condensado aglutinado: presença de pequenos blocos de aglutinação, moles ou duros, brancos ou amarelados, formados principalmente junto às soldas da embalagem.
- Leite fermentado: é o leite condensado com desenvolvimento de acidez e de cheiro e gosto anormal, podendo ser acompanhado da formação de gás.
- Leite com cheiro e gosto de ranço: é devido à ação hidrofílica da Lípase ou de micróbios lipolíticos sobre a gordura. Pode ser causado por falhas na pasteurização do leite (abaixo de 80,0 ºC) ou pela adição de açúcar ao leite antes da pasteurização.
- Leite condensado escuro: perda gradativa da coloração clara característica do produto. São causadores do defeito:
- Alta temperatura durante o pré-aquecimento;
- Produto que tenha sido reprocessado;
- Alta temperatura de armazenamento;
- Adição de redutores de acidez ao leite cru.
- Separação de gordura: ocorre em produto com pouca viscosidade e de baixa consistência, devido a aquecimento a baixas temperaturas e a desidratação imperfeita.
- Limpeza CIP – Clean In Place.
A limpeza CIP adequada, de todas as instalações e equipamentos utilizados na produção de leite condensado, é de suma importância para garantir a qualidade do produto final e evitar possíveis contaminações do produto. Deve-se ter atenção especial com a concentração e temperatura adequada das soluções de limpeza.
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