Economia Brasileira
Por: Crisangela21 • 22/4/2015 • Projeto de pesquisa • 2.775 Palavras (12 Páginas) • 212 Visualizações
KARL MARX E A ANÁLISE DA SOCIEDADE CAPITALISTA
1. INTRODUÇÃO
Nos séculos XVII e XVIII, ao mesmo tempo em que a burguesia desenvolve o capitalismo comercial e vai abalando o antigo sistema dominado pelo poder absolutista dos reis e pelos privilégios da nobreza, e promove as primeiras revoluções burguesas para passar a dominar o poder político dos estados nacionais, ela também vai se enriquecendo com o desenvolvimento do capitalismo, primeiramente comercial, depois industrial.
No século XIX, a Revolução Industrial iniciada no século XVIII na Inglaterra se expande para outros países europeus e também para os Estados Unidos. O capitalismo industrial faz surgir também uma outra classe, o proletariado, ou seja, a classe trabalhadora assalariada (operários). Classe essa explorada ao extremo no seu trabalho, praticamente sem proteção de leis trabalhistas, obrigada a trabalhar de 12h a 16h por dia em ambientes insalubres e por um salário muitas vezes insuficiente para lhe garantir os meios de sobrevivência básicos como alimentação, habitação e vestuário.
Dessa forma, na medida em que o capitalismo se desenvolve, se aprofunda também a desigualdade social e a pobreza no seio da classe trabalhadora. Isso cria as condições para o surgimento das revoltas operárias e das críticas às injustiças do sistema capitalista. É nesse contexto do século XIX que ganha importância o pensamento de Karl Marx (1818-1883), aquele que é considerado o pensador mais crítico da sociedade capitalista.
Marx faz uma análise sócio-econômica do capitalista e vai buscar compreender o desenvolvimento das contradições desse sistema. Considera a luta de classes entre burguesia e proletariado na sociedade capitalista o fato mais importante dessa sociedade, uma contradição que revela a natureza essencial dessa sociedade, permitindo prever o seu desenvolvimento histórico futuro.
Marx é considerado por muitos o maior intérprete do capitalismo, aquele que melhor decifrou a natureza dessa sociedade, ou seja, suas características essenciais. E é justamente por ter produzido obras que desvendam a essência do capitalismo que suas reflexões e teorias ainda nos são úteis, utilizadas inclusive para se entender as transformações em curso na atualidade, como, por exemplo, o fenômeno da globalização e as crises econômicas.
Marx é, ao mesmo tempo, cientista, prognosticador e homem de ação.
- Cientista – Busca uma explicação sócio-econômica científica da sociedade capitalista. Formula então uma teoria sobre o capitalismo e sobre a sua influência sobre os homens.
- Prognosticador – Marx também formula uma teoria sobre o desenvolvimento futuro do capitalismo. Para isso utiliza-se de uma perspectiva evolucionista da histórica, segunda a qual as sociedades marchariam para uma sociedade ideal, o comunismo, passando, antes, pelo capitalismo. Para Marx, o progresso do capitalismo criaria condições para a sua própria destruição. Assim, a sociedade capitalista seria, no futuro, substituída por uma sociedade mais evoluída que o capitalismo, ou seja, o comunismo, uma sociedade promotora da igualdade sócio-econômica entre os homens. Apesar de se constituir num dos maiores críticos do capitalismo e prever a sua destruição, Marx, entretanto, não nega a importância histórica dessa sociedade, enxergando-a como uma etapa importante na evolução da humanidade rumo à sociedade ideal, ou seja, o comunismo. Nesse sentido, o comunismo só poderia surgir após o desenvolvimento do capitalismo, do seu seio, se constituindo, assim, na sua evolução natural.
- Homem de ação – Marx considera o homem (ou as classes) o sujeito da história (e não apenas o seu mero espectador). Então prega a necessidade da ação humana para que a evolução rumo ao comunismo se realize. Para Marx, assim como a burguesia havia sido a classe revolucionária que sepultou o antigo modo de produção feudal e estabeleceu o modo de produção capitalista, a classe operária seria então o sujeito histórico que promoveria o fim da sociedade capitalista e o surgimento da sociedade comunista. Assim, essa classe explorada no capitalismo seria a classe revolucionária da última etapa da evolução histórica da humanidade, ou seja, a transição do capitalismo para o comunismo.
2. O CONCEITO DE “CLASSE SOCIAL”
Marx defini classe social como um grupo de pessoas que compartilham uma mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção (máquinas, ferramentas, matéria prima, energia etc).
Logicamente Marx tem consciência que as sociedades geralmente são constituídas de vários grupos sociais, mas a ele interessa especificamente apenas duas classes fundamentais: os possuidores dos meios de produção e os não possuidores dos meios de produção. Para Marx, essas duas classes sociais são antagônicas e permaneceram em constante conflito, ou seja, estabeleceram uma luta de classes, uma luta de interesses que em alguns momentos emerge em conflitos mais escancarados, como no caso das mobilizações coletivas e revoltas.
Veja os exemplos da divisão entre classes sociais fundamentais ao longo da história:
- na Antiguidade - escravos X patrícios.
- na Idade Média - servos X senhores feudais (nobres).
- na Sociedade Capitalista - trabalhadores livres X capitalistas (burguesia).
3. O CONCEITO DE “MAIS-VALIA”
Com a expansão do capitalismo ao longo dos séculos XVIII e XIX, à medida que a comercialização de produtos fabricados se desenvolvia, os capitalistas comerciantes foram além da mera compra e venda do que outros produziam e passaram a adquirir a propriedade e o controle dos meios de produção, tais como ferramentas, máquinas, matéria prima, energia e utensílios utilizados na produção de uma fábrica ou fazenda. Segundo Marx, esse fato deu ao capitalismo poder para extrair uma nova forma de lucro: a mais-valia. (JOHNSON, 1997)
A extração da mais-valia se realiza da seguinte forma: “Uma vez que os trabalhadores não possuem nem controlam os meios de produção, eles dependem dos patrões, que compram seu tempo em troca de salários. Os empregadores exploram essa dependência pagando aos trabalhadores apenas uma parte do valor do que eles produzem e conservam o resto – a mais-valia – para si mesmos sob a forma de lucro.” (JOHNSON, 1997, p.137)
Assim, a mais-valia pode ser definida como o trabalho excedente não pago, que o capitalista expropria do trabalhador. Essa apropriação do trabalho alheio
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